Abstrato

Abstrato. a) O que depende da abstração.

b) Diz-se das palavras que designam nomes, termos abstratos, qualidades ou relações independentemente de seus sujeitos. Ex.: comprimento, brancura, etc. Opõe-se a concreto.

c) Na escolástica, é chamada abstrata a noção de uma qualidade, ou das ideias que são concebidas independentemente do sujeito, seres de razão (ens rationis), entidades puramente metafísicas.

d) No sentido dos gramáticos vide: Abstração.

e) Schopenhauer distingue: abstrato é o conceito que não se relaciona com a experiência, a não ser por intermédio de outros conceitos (relação, virtude, etc.); e concreto, o conceito que a ela se relaciona diretamente (homem, pedra, cavalo). Resta ainda algo desse uso quando se empregam as palavras abstrato e concreto no comparativo, ao dizer-se, por exemplo, que a ideia "relação" é mais abstrata que a de extensão (Lalande).

f) Para Hegel, o abstrato   é o que aparece fora de suas relações verdadeiras com o resto, ou o que é uma unidade exclusiva de diferença; concreto, o que é plenamente determinado por todas as suas relações, a unidade que compreende as diferenças. Neste sentido, o que há de mais concreto é o espírito; ao contrário, são abstrações o particular (= o singular), enquanto isolado do universal pela percepção sensível, e o universal, enquanto isolado do particular pela reflexão do entendimento (Lalande).

g) Husserl repele tanto a teoria nominalista como o realismo dos universais. Para chegar ao abstrato, necessita-se não subir mas descer, salientando das essências os elementos que lhes pertencem, e que não podem subsistir por si mesmos: o universal é precisamente, em si, concreto, e não abstrato... O abstrato... designa... uma parte não consistente por si mesma de um universal concreto. (Selbständige und unselbständige Inhalte).

h) O que se emprega apenas à contemplação. (1)

(1) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.