Limite

Limite. (do lat. limes, limitis. Limes é o caminho entre dois campos, a rota, a marca no campo que separa, a muralha, a barreira. Vem de limus, a, um, de origem obscura que significa oblíquo, atravessado). Linha ou superfície de demarcação entre espaços determinados. Também termo, confins, extremo, meta, fim.

Em seu logos, limite é o ponto até onde algo é o que é, pois é, no limite, que uma coisa é o que ela é, e deixa de ser o que é, pois começa o que não é ela. O conceito de limite é assim dual, pois onde há limite há algo que é negado. É afirmado o que tem limites, e é afirmado o que não é, o que tem este ou aquele limite. Ele indica sempre um além de... pois o que tem limites afirma que há algo além dele. O que não o tem afirma que não há nada além dele. Assim o Ser Supremo não tem limites, porque não há nada fora dele, pois tudo quanto há é dele.

As coisas limitadas são as coisas finitas. E essa é a razão porque no conceito de finito está analogado o conceito de limitação. Eis o motivo porque limite, na filosofia, toma o sentido de algo que é intransponível, se se considerar de dentro da coisa. Os limites encerram a coisa em si mesma, e nenhuma coisa ultrapassa seus limites formais, pois do contrário deixaria de ser o que é para ser outra coisa. Pode-se dizer assim que uma coisa é ela mesma, enquanto está em seus limites. E tudo quanto é algo ou seja, o ente, cuja essência não é sua própria existência, é um ser limitado, portanto finito. Todos os usos deste termo, na filosofia, obedecem a esse logos, e quando não o obedecem não são legítimos. Para uma visão mais metafísica do limite vide Crise, pois onde há o limite há crise, onde há crise, há o limite. A crise é própria dos seres limitados. (1)

(1) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.