Profundidade

Profundidade. Do latim profunditas, atis.   1. Caráter do que é profundo. 2. Distância do fundo à borda, à superfície; altura. 3. Lugar profundo. 4. Fig. Caráter do que não é superficial, vai ao fundo, à essência. 5. Fig. Característica do que tem boa base, fundamento; solidez. 6. Íntimo da alma ou do pensamento; âmago. 7. Fig. Caráter ou qualidade do que é difícil de entender; complexidade. 8. Efeito visual que cria a ilusão de um espaço em três dimensões num quadro ou gravura. Sin: profundez. (1)

Profundidade. Em filosofia, é sobretudo uma metáfora para indicar a quantidade de pensamento que um discurso pode conter ou suscitar. Mesmo Nietzsche, tão apaixonado pela superfície e pela bela aparência, via legitimamente na profundidade uma bela virtude intelectual. É que a superficialidade só tem sentido a serviço da profundidade.  (2) [Ver Pseudoprofundidade] 

Profundidade. Um objeto é mais profundo do que outro se e somente se o segundo depender do primeiro, mas não inversamente. Cumpre distinguir a profundidade conceitual da ontologia. a. Conceitual - Um construto é mais profundo do que um outro se e somente se o segundo depender do primeiro, mas não inversamente. Em particular (a) em uma definição, o definiens é mais profundo do que o definiendum; (b) em uma teoria, os axiomas são mais profundos do que os teoremas; (c) em uma família de teorias logicamente relacionadas, as teorias redutoras são mais profundas que as teorias reduzidas. Em geral, quanto mais baixo mais profundo. Entretanto, assim como a definibilidade e a derivabilidade são contextuais do mesmo modo é a profundidade conceitual. Advertência 1: A obscuridade não deve ser tomada erroneamente como profundidade. Advertência 2: Não existe uma linha de fundo conceitual, visto que, em princípio, qualquer construto pode ser substituído por outro mais profundo. Tal fato se contrapõe agudamente à profundidade ontológica, que não possui um chão. b. Ontológico - Um item fatual fica em nível mais profundo do que outro item fatual se e somente se o segundo depender do primeiro, mas não inversamente. Em particular, (a) uma coisa fica em nível mais profundo do que outra se e somente se a segunda for uma parte própria (e.g. uma componente) da primeira; (b) um propriedade está em nível mais profundo do que outra se e somente se a primeira determina a segunda, mas não inversamente; (c) um evento ou processo está em nível mais profundo do que outro se e somente se o primeiro for a causa do segundo, mas não inversamente. (3)

(1) DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO ILUSTRADO LAROUSSE. São Paulo: Larousse, 2007.

(2) COMTE-SPONVILLE, André. Dicionário Filosófico. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

(3) BUNGE, M. Dicionário de Filosofia. Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang)