Intenção

Intenção. (do lat. intentio, de in e tendo, este do gr. teinô, tender, desenvolver-se, dirigir-se para algo). a) Na filosofia tem o sentido de tudo o que tem uma orientação, um vetor, como o agente que tende para a sua operação, o ente para o ser.

b) Pode-se restringir o conceito, dando-lhe apenas o sentido do que se orienta, conscientemente, para o objeto (as representações, conceitos, atos cognoscitivos e apetitivos que, por sua vez, são considerados intencionais).

c) Na lógica escolástica, as intenções eram divididas em duas ordens, A primeira compunha-se das propriedades ou classes das coisas concretas e as relações entre elas. Chamavam-se as primeiras intenções intentiones primas, dirigidas ao objeto (objetivas). As segundas intenções eram as propriedades ou classes das primeiras intenções e das relações entre elas (intentio secunda), dirigidas para as formalidades (formalis).

Deste modo podia Tomás de Aquino definir a lógica como a ciência das segundas intenções aplicadas às primeiras intenções. Em suma, dos fatos concretos, constrói o homem esquemas intencionais noético-fácticos e, classificando-os em esquemas noético-eidéticos, ou seja dos anteconceitos constrói os conceitos. Com estes constrói esquemas intencionais, que são esquemas dos esquemas noético-fácticos, mas já esquemas noético-eidéticos com os quais obtêm a configuração lógica e ontológica das classes.

Diz-se que a hierarquia desejada pelos escolásticos com essa classificação não atingiu o esperado, pois não se construíram esquemas de terceira intenção. Contudo, os logoi analogantes quando alcançados, revelam uma terceira operação intencional dos conceitos. Nessa classificação das intenções pode-se admitir que os animais sejam capazes de construir conceitos de primeira intenção, mas nega-se que o sejam de segunda. Assim, o cão é um conceito de primeira intenção, mas canídeo é de segunda intenção. As espécies intencionais (species intentionales) são as espécies sensíveis.

Estes termos, usados na filosofia escolástica, foram abandonados por muitos filósofos que não seguem aquela corrente, mas atualmente voltaram ao uso por intermédio da escola de Brentano, que recolheu a ideia escolástica e aplicou a significação da intenção a todos os atos psíquicos, considerados como essencialmente intencionais, pois todo psíquico distingue-se dos atos físicos por possuir uma intencionalidade, por referir-se a um objeto que é mentado. (1)

(1) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.