Atributo

Atributo. a) Na lógica há um uso muito generalizado desta palavra, que a faz sinônimo de predicado. Significa um caráter qualquer de um sujeito, enquanto lhe é afirmado ou negado, porém em uma proposição afirmativa não é considerado necessariamente como inerente em toda a sua extensão (vide Extensidade e Intensidade) ao sujeito. Quando dizemos que uma árvore é grande, o atributo da grandeza não se esgota nessa árvore, porque há outras coisas que não são a árvore e também são grandes. O atributo que, neste sentido, também é chamado atributo dialético subdivide-se, não pelo modo da atribuição, mas segundo o conteúdo objetivo nas cinco universais: gênero, espécie, diferença específica, próprio e acidente, como foram, segundo número e ordem, estabelecidos por Porfírio, e adotados pela escolástica. Vide Predicamentos  e Antepredicamentos.  

b) Na lógica moderna é costume fazer uma distinção entre atributo e predicado, de maneira que um atributo deve ser ligado ao sujeito pela cópula é (ou um termo equivalente), ao passo que um predicado é tudo o que se afirma de um sujeito. Assim em "água corre", o "corre" é predicado, e não atributo.

c) Em um sentido mais restrito chama-se também de atributo qualquer propriedade característica e distintiva de uma coisa. Tem a sua raiz na terminologia filosófica do século XVII, que aplica a palavra à substância.

d) Spinoza define-o como o que o intelecto percebe da substância como constituinte da sua essência. O sentido spinozista da palavra, entretanto, não é perfeitamente claro. Erdman o interpreta como as formas, sob as quais a capacidade limitada do espírito finito é compelida a considerar a substância infinita.

e) Para Descartes, "Quando penso da maneira mais geral que estes modos, qualidades, residem na substância, sem considerá-los de outro modo do que como dependências dessa substância, chamo-os atributos".

f) Os atributos de Deus são geralmente ventilados em um tratado próprio da teologia sistemática, tomando então termo o sentido bem delineado de qualidades da natureza de Deus, que se deduzem necessariamente do próprio conceito de Deus.  

Essa condição da necessidade não lógica, mas metafísica, e em todo caso racional, não implica nenhum elemento subjetivo. Uma das questões principais foi sempre a de reconciliar a unidade da natureza divina com a diversidade e pluralidade dos atributos. É interessante notar que tal análise da natureza divina apresenta, comumente, ao lado de brilhantes aspectos intelectuais, uma relativa pobreza de aspectos éticos. Em certos sistemas filosóficos, de pronunciada cunhagem individual, como o de Spinoza, a significação dos atributos de Deus e de sua importância para o mundo visível muitas vezes toma outros rumos. (1)

(1) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.