Pseudo: Ciência, Fato, Problema...

Pseudociência. Doutrina ou prática despida de fundamento científico, mas vendida como científica. Exemplos: grafologia, homeopatia, caracterologia, parapsicologia, psicanálise, psicohistória, ciência criacionista e microeconomia neoclássica. As pseudociências são excelentes testes para qualquer filosofia da ciência. Diga-me quantas pseudociências você compra e dir-lhe-ei quanto vale a sua filosofia da ciência.(1)

Pseudofato. Um fato inexistente tomado erroneamente por um fato. Exemplos: visões de anjos, bruxas voadoras. A crença nos pseudofatos é muitas vezes promovida pela superstição ou pela ideologia. Pode ser sugerida também, ocasionalmente, pela teoria científica. Mas nesse caso, se for interessante, excitará a curiosidade dos outros que tentarão reproduzi-lo, e assim ficará demonstrado, finalmente, que o alegado fato não é um fato. A distinção entre fatos genuínos e pseudofatos é alheia aos anti-realistas, em particular aos construtivistas, pois, segundo eles todos os fatos são artefatos.(1)

Pseudoproblema. Um problema relativo a um pseudofato ou suscitado por uma ideia difusa, ou por uma lacuna de conhecimento. Exemplos do primeiro tipo: Como funciona a levitação? Como o universo veio a existir? Exemplos do segundo tipo: O que faz o tempo? Por que existe algo em vez de não existir nada? Exemplos do terceiro tipo: o paradoxo do corvo e o paradoxo do verzul. Os positivistas lógicos dispensaram a metafísica acusando-a de lidar apenas com os pseudoproblemas ou de ser mal formulada ou de não ser solúvel com a ajuda dos dados empíricos. Sem dúvida, tal é o caso da maior parte da metafísica – inclusive o fenomenalismo sustentado pelos próprios positivistas. Entretanto, é possível formular alguns problemas metafísicos de uma forma exata, e investigá-los à luz do conhecimento científico ou tecnológico. Ver ontologia.  (1)

Pseudotautologia. Uma expressão que tem a forma linguística de uma tautologia, mas não sua forma lógica. Exemplo: “Basta é basta”. Essa sentença se parece com a tautologia “a = a”, mas efetivamente é uma abreviatura de “Você disse (ou fez) muito até agora. Agora para”. Esse exemplo seria suficiente para expor a superficialidade da análise linguística. (1)

Pseudoprofundidade. É fazer declarações que parecem profundas, mas não são. Um dos meios mais fáceis de gerar declarações pseudoprofundas é falar ou escrever em aparentes paradoxos. Exemplos: 1) Conhecimento é só mais um tipo de ignorância; 2) superficialidade é um tipo importante de profundidade; 3) ao nascer, somos todos crianças; 4) Será que todo mundo sofre de insegurança? (2) [Ver Profundidade]

Pseudo. (do gr. pseudós, falsidade, erro). Pref. que entra na composição de muitos termos, sempre indicando que o considerado que parece ser, na verdade não o é. É empregado em dois sentidos: a) Indica fatos concretos e bem definidos, como pseudestesia.

b) Dá uma qualificação pejorativa e indica erro ou ilusão, quanto ao que se refere, como pseudo-conceito, pseudo-problema, etc. (3)


(1) BUNGE, M. Dicionário de Filosofia. Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang)

(2) WARBURTON, Nigel. Pensamento Crítico de A a Z: Uma Introdução Filosófica. Tradução de Eduardo Francisco Alves. Rio de Janeiro: José Olympio, 2011.

(3) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.