Sentimento

Sentimento. Do latim sentire, perceber pelos sentidos. 1. No sentido genérico, tanto pode designar o estado afetivo de alguém tendo por objeto uma pessoa (ex.: sentimento de inveja) quanto a paixão ou emoção superior (ex.: o sentimento estético).

2. Conhecimento imediato (sensação) que não pode ser justificado racionalmente.

3. No sentido moral, inclinação altruísta que leva alguém a cultivar suas disposições intuitivas de ver as pessoas privilegiando a generosidade, a solidariedade e as razões do coração. (1)

Sentimento. O conceito de sentimento é marcado, sem dúvida, mais do que outros, pela diversidade de interpretações filosóficas. Frequentemente o sentimento é confundido com a emoção, a sensibilidade, a sensação e, em geral, oposto em bloco à razão. Além disso, o sentimento designa umas vezes o ato de sentir, outras a faculdade deste ato, outras ainda, o resultado do sentir. Claramente, admite-se que o sentimento se opõe, pela sua obscuridade, à clareza da razão. (2)

Sentimento. Estado afetivo em geral, por oposição ao conhecimento. De maneira mais estrita, emoção que tem causas morais ou espirituais, mais do que imediatamente orgânicas (sentimento religioso, estético). (Sentido antigo). Sinônimo de consciência, daí: conhecimento imediato ou intuitivo. Opinião ou conselho (meu sentimento é que...); No sentido moral, inclinação altruísta. As morais do sentimento postulam desse modo a anterioridade do altruísmo sobre o egoísmo e do conhecimento intuitivo sobre a razão. (3)

Sentimento. Fil. Usado na linguagem corrente com inúmeros significados - da simples sensação às mais altas manifestações do espírito - o termo S. tb. não possui, na linguagem científica, significação bem definida e universalmente aceite; muito pelo contrário, a divergência entre os autores vai ate´à rejeição da palavra, como termo técnico. 

1) Para além de falta de uniformidade terminológica, verificada em muitos outros domínios - acrescida ainda pela dificuldade em encontrar termos sinônimos, nas diversas línguas -, este fato deve-se às profundas divergências existentes acerca do modo de conceber a vida afetiva. Qualquer definição de S. pressupõe e implica determinada concepção da afetividade e seu lugar na vida do homem. Na impossibilidade de enumerar e apreciar as diferentes concepções, limitamo-nos a uma breve caracterização genérica, na qual concordam, em maior ou menor grau, segundo os casos, bastantes escolares e autores. 

2) Enquanto fenômeno afetivo, o S. distingue-se dos cognoscitivos e apetitivos ou conativos, dos quais se pode dizer ser a "ressonância" psicológica. Caracterizado pela subjetividade (por alguns chamadas não intencionalidade, o que não implica necessariamente a falta de objeto próprio) é, antes de mais, um estado de alma, radicado nas tendências, imaginação, temperamento etc., do sujeito; mas é também reação a determinada situação, reação-reguladora, que implica adaptação do sujeito à realidade, ausente ou menos presente na emoção da qual se distingue por ser menos intenso e mais durável. Finalmente - mas neste ponto o acordo é já muito menos amplo que os anteriores - O S. implica, sobretudo no caso dos chamados S. "superiores", como o estético, moral, religioso, etc., um sentido e significação, introduzindo o sujeito no mundo dos valores.

3) Segundo as diferentes teorias, diferente será a relevância reconhecida ao S. Na vida humana, quer quanto a amplidão quer quanto a importância. (4)

(1) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

(2) THINES, G., LEMPEREUR, A. Dicionário Geral das Ciências Humanas. Lisboa: Edições 70, 1984.

(3) DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993.

(4) ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.]