Dimensão

Dimensão. Cientificamente é todo linear ou ordem de elementos. É em suma, filosoficamente falando, o que é medível, o aspecto das coisas que permitem uma medida.

A formação do esquema da dimensão é importante para a compreensão de muitos aspectos do movimento. A disposição das partes, em ordem a um todo, permitiu ao homem captar o seu nexo. Se estudarmos, etimologicamente, o conceito de dimensão, alcançaremos a sua raiz, o qual é, aposterioristicamente, construído pelo homem (post rem), fundado na experiência. Nessa dimensio ou demensio do latim há sempre o apontar da ação da mente (mens, mentis, mensura e, por consequência, medida, captação pensamental do ato de pensar ao comparar pensamentos uns com os outros).

Esse de aumentativo, reforçador, revela-nos que a mente, que atua sempre por acomodação dos esquemas aos fatos do mundo exterior ou aos pensamentos, realiza a assimilação pela "assemelhação" do intencionalmente captado com o esquema, também intencional. Formado o esquema de ordem e a captação da relação das partes com um todo, facilmente se é levado ao serial e à formação do conceito de dimensão, que já é sensivelmente construído pela ordenação das coisas no mundo exterior.

Dessa forma, vê-se que a dimensão implica a medida (mensura) e a ação da mente em comparar pensamentos captados com pensamentos estruturados em esquemas abstrato-noéticos. Daí as dimensões tópicas (essa dimensão que se estende localiter,  a mensura externa, volumen, que é revelada pela ubiquação das coisas do mundo exterior, comparadas, postas de par em par) e que fundam os esquemas das três dimensões do espaço captadas pelo esensório-motriz e estruturadas em esquemas abstratos-noéticos pela mente (abstração do quantitativo).

E há outras dimensões, como as qualitativas, as axiológicas e as tensionais, que surgem como esquemas abstrato-noéticos da comparação das medidas qualitativas pela comparação dos aspectos qualitativos. Estamos, aqui, em plena dimensionalidade qualitativa, dimensões extrínsecas às espaciais, às do volume, meramente extensistas. As qualitativas são intensistas, pois nelas predominam os graus.

As dimensões implicam a ordem das partes com o todo, a comparação, e são modalidades das coisas. As do espaço são modais dos corpos, inseparáveis desses, mas metafisicamente separáveis pela construção dos esquemas noéticos que lhes correspondem, sem que lhes caiba um conteúdo fáctico, subsistente de per si,  isto é, com perseidade.  Não se dá a profundidade como tal, com um ser subsistente de per si,  mas a profundidade em função de esta ou aquela coisa, sem delas se separar em absoluto. Este é o caráter modal da dimensão das coisas exteriores (as quantitativas). E como modal, também o é a dimensão não tópica (as qualitativas). (1)

(1) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.