Arte

Arte. "A arte", diz Bacon, "é o homem acrescido à natureza", ou seja, qualquer procedimento — fruto da liberdade e da razão humanas utilizado tendo em vista uma produção que testemunha a habilidade do artesão ou mais especialmente do artista quando, nesse último caso, as técnicas utilizadas visam satisfazer o sentimento estético ou artístico. 

A etimologia confirma essa noção de habilidade. O latim ars e o grego teknê estão na origem do termo moderno. Esses termos designavam todas as atividades que resultam de uma aptidão não inata, mas adquirida por um aprendizado apropriado de uma ciência, de uma técnica ou de uma profissão. (1)

Figura Ilustrativa (1)

Arte. Como ciência do belo distingue-se da arte no sentido meramente anestético para dedicar-se ao que propriamente se chama a estética, o estudo das belas-artes que, desde Zimmermann, tomou um sentido diferente do que era dado na filosofia clássica. Nesta, a estética era o estudo das sensações, constituindo desse modo um capítulo da psicologia. No sentido atual este termo significa arte, a habilidade, a perícia, a sabedoria, capaz de imaginar, inventar, traçar, de modo a realizar a beleza artística, que não é apenas uma repetição ou cópia da beleza natural, mas também o meio de dar surgimento a ideias com profundidade, e fazer surgir das coisas valores inesperados, e penetrar até os últimos mistérios do ser. O artista não é apenas um artesão, mas como criador, é uma espécie de vidente que penetra nos íntimos fundamentos de todos os seres, ou criador ou inventor, que expressa a visão que obtém das coisas. Não só as contempla, como as reproduz através de formas, cheias de novos valores, que ultrapassam o meramente sensível. O artista é o realizador da des-sensorialização, e ultrapassa pela criação estética a própria natureza das coisas. O termo estética, usado desde os gregos, tomou depois de Zimmermann um sentido específico.

Um dos grandes problemas da estética consiste na classificação das belas-artes. Elas são várias, e Herbart propôs a seguinte: 1º) artes de representação material: arquitetura, escultura, etc.; 2º) artes de representação perceptiva: pintura, música, etc.; 3º) artes de representação do pensamento: poesia, etc. Outra comumente aceita, é a que distribui as artes segundo a predominância do tempo ou do espaço na expressão estética. Assim, as artes em que predomina o tempo, porque sua expressão é sucessiva: a literatura, incluindo a poesia, a eloquência, a música e a dança. Artes predominantemente espaciais: a pintura, a escultura e a arquitetura.

A música e a arquitetura constituem os dois extremos; isto é, onde há a máxima temporalidade e a máxima espacialidade. As outras são intermediárias com graus de intensidade maior ou menor. Esta classificação não pretende, contudo, estabelecer limites estanques entre as artes, pois há nelas um terreno comum. Há um ponto comum entre a poesia e a música. É notável a capacidade de fusão realizada pelo barroco entre a música e a arquitetura. (2)

(1) DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993. 

(2) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.