Talento

Talento. Diz-se do grau de aptidão de uma pessoa, que é capaz de adquirir conhecimentos, facilmente, em certos setores do conhecimento, e de se tornar perito nos mesmos e até criador. (1)

Talento. O sentido metafórico desse termo, derivado da parábola evangélica dos Talentos (Mat. 25, 14-36) é, segundo Kant, o de "uma superioridade da faculdade conhecedora, que não provém do ensino mas da aptidão natural do sujeito" (2)

Talento mais que um dom, menos que gênio. De uma criança dotada para a matemática ou para o desenho, não se dirá necessariamente que tem talento. E um artista talentoso ou genial, como Cézanne, pode se apenas moderadamente dotado. O dom é uma facilidade para aprender. O talento, uma potência para criar. O dom é dado ao nascer: tem a ver com a genética. O talento se conquista mais durante a infância e a adolescência: ele tem a ver com a história, a psicologia, a aventura de ser ou tornar-se si mesmo. O dom é impessoal. O talento seria, ao contrário, a própria pessoa, quando consegue se expressar de maneira criativa e singular.

É sabido que a palavra vem de uma metáfora. Na célebre parábola dos talentos, Jesus compara implicitamente com moedas (os “talentos”) as capacidades que cada um recebeu, e que tem de fazer dar frutos. É menos importante o talento do que o que se faz com ele. Já não se trata de talento, mas de obra ou desperdício. (3)

(1) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.

(2) ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

(3) COMTE-SPONVILLE, André. Dicionário Filosófico. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2003.