Ideia: Inata, Préconcebida

Ideia. O termo ideia é normalmente empregado como sinônimo de concepção, noção ou representação (a ideia de ciência, de justiça). No plural, designa nesse caso um conjunto, individual ou coletivo, de pensamentos ou opiniões relativas a este ou aquele domínio (as ideias morais de Rousseau, a história  das ideias). (1)

Ideia. Um termo sob o qual se abrigam as designações como as de um percepto, uma imagem, um conceito, uma proposição, uma classificação, uma doutrina, uma teoria ou de tudo o mais que possa ser pensado. Devido a tal generalidade é difícil conceber o que poderia ser uma única teoria precisa de ideias de todas as espécies. (2)

Figura Ilustrativa (1)

Ideia Preconcebida. Falando estritamente trata-se de um oximoro. Caridosamente interpretada, a expressão designa uma ideia não submetida a exame, ou aceita de maneira acrítica. (ver preconceito) (2)

Ideias inatas. Ideia com a qual a gente nasce, que não se aprende. A hipótese de ideias inatas foi mantida por Sócrates e Leibnitz e é sustentada por Chomsky, entre outros. (2)

Em Descartes, as ideias inatas são aquelas que se originam da própria mente, independentemente de qualquer experiência anterior, e incluindo as ideias de um Deus Perfeito, da substância pensante e da matéria extensa. (3)

Ideia.  (do gr. idein, ver, daí ideia). Várias têm sido as acepções deste termo no decorrer do processo filosófico. Na Grécia era a forma, a semelhança, a natureza, a classe, a espécie; Para Platão e Sócrates é a essência, o universal eterno, o arquétipo do existente. As ideias (melhor as formas) têm uma hierarquia na ordem divina e são a meta do homem, consciente ou não. Para os estoicos as elas são as classes dos esquemas mentais do homem: conceitos, ideias gerais. Os neoplatônicos consideravam-nas como os arquétipos das coisas (nous ou logos). As ideias (ou formas) são subsistentes em Deus (cristianismo e escolástica). Com Descartes identificam-se com os conceitos lógicos do pensamento humano. Para Berkeley derivam-se dos objetos na introspecção intuitiva. Segundo Hume é uma mera cópia ficcional das nossas impressões. Para Kant, são conceitos ou representações, mas chama de ideias transcendentais aquelas que não derivam dos sentidos e até os ultrapassam, pois nada podemos encontrar na experiência que delas nos forneça uma imagem. (4)

Ideias negativas.  São classificadas como tais as ideias de erro, de desordem, de mal, de nada, etc. Para Platão, o erro é negativo e consiste em levar ao absoluto um aspecto do real. Se digo que para mim tal coisa parece ser deste ou daquele modo, não estou errado, mas quando, em absoluto, ela é de tal ou qual modo, nesse caso, pode haver erro. Portanto ele é uma verdade parcial (como também o entende Spinoza). Só há propriamente o erro quando, ao que é verdadeiro de um ponto de vista, lhe é atribuído o caráter de verdade absoluta. Contrariando esse ponto de vista, William James dizia que se o erro é uma verdade parcial, então tudo é verdade parcial. (4)

(1) DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993.

(2) BUNGE, M. Dicionário de Filosofia. Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang)

(3) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

(4) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.