Experiência

Experiência. Distinguimos na palavra "experiência", um sentido geral (experience, em inglês) e um sentido técnico, próximo de experimentação (experiment, em inglês).

1. Em seu sentido geral, a experiência é um conhecimento espontâneo ou vivido, adquirido pelo indivíduo ao longo da vida. Ela aparece em relação à vida corrente (dizemos: "homem de experiência") ou em relação com a teoria do conhecimento. Para o empirismo, todo o conhecimento deriva da experiência. Para o racionalismo, ao contrário, a experiência nada nos ensina, pois é aquilo que precisa ser explicado, não havendo experiência que não esteja impregnada de teoria. 

2. Em seu sentido técnico, experiência é a ação de observar ou de experimentar com a finalidade de formar ou de controlar uma hipótese. Assim, a experiência (no sentido de experiment) é o fato de provocar, partindo de condições bem determinadas, uma observação tal que o seu resultado  seja apto a fazer conhecer a natureza do fenômeno estudado. 

3. Conceitos: "A experiência é um princípio que me instrui sobre as diversas conjunções dos objetos no passado" (Hume). "Nenhum conhecimento a priori nos é possível senão o de objetos de uma experiência possível"; "A experiência é um conhecimento empírico, isto é, um conhecimento que determina objetos por percepções" (Kant) (1)

Figura ilustrativa (2)

Experiência Religiosa. Qualquer experiência que tenha como conteúdo a presença de algo divino ou transcendente. Os crentes religiosos podem relatar experiências como estar na presença de Deus ou de Cristo, ou em que conseguem compreender a ordem divina, imutável e eterna do universo. Muitas epistemologias têm sido hostis a essas pretensões, argumentando que tais conteúdos têm de ser inferidos a partir de uma experiência, em vez de serem admitidos a partir dela, e que as experiências desse gênero estão pura e simplesmente sendo interpretadas de acordo com os desejos do próprio sujeito; os relatos de experiências religiosas, não tendo qualquer valor cognitivo independente, deveriam antes ser um assunto de análise psicológica ou sociológica. Na filosofia contemporânea existe uma espécie de interesse renovado pela experiência religiosa. Alguns filósofos sustentam que toda experiência é subordinada a teorias, caso em que um relato de uma experiência com um conteúdo religioso pode, apesar de sua natureza sobrenatural, ser tão justificado quanto um relato de qualquer outro tipo. Os filósofos contrários a essa defesa chamam atenção para o fato de que as teorias que surgem com as experiências religiosas parecem não ser passíveis de teste e possuir apenas uma importância emocional duvidosa. (3)

Experiência. (do lat. experior, com origem no inusitado perior, que deu peritus, experimentado) - a) Experimentar é ensaiar, é pôr à prova. Mas em sentido geral é o que é executado, o que se dá realmente com alguma coisa para alguma coisa. O conceito de experiência é, assim, na filosofia, de difícil explicação, porque permite vários enunciados. No homem é um exercício de suas faculdades psíquicas e físicas e é fonte de conhecimentos, pois dá o material bruto para a atividade intelectual e criadora do homem.

b) Metodologicamente, a experiência é um dos caminhos seguidos para alcançar ou descobrir a verdade, e é a base da indução, e consiste na observação pura e simples dos fatos e também na realização artificialmente provocada dos mesmos, como na ciência. (4)

Experimento. É a experiência, mas especialmente cingida aos ensaios e estudos científicos. Deve-se deste modo distinguir preferindo-se falar em experimentos científicos, em vez de experiências científicas, salvando-se deste modo a clareza e a precisão filosófica. (4)

Experimento Crucial. Diz-se do que é planejado de modo que seu resultado é relativamente concludente quanto à afirmação ou negação de alguma teoria, questão ou fato. Toda a vez que um experimento reduz um conjunto de possibilidades, e condiciona o destino de uma teoria ou doutrina a um só ponto, tal experimento na ciência chama-se crucial. O termo pode ser empregado na filosofia, preferindo-se a forma experiência crucial. (4)

(1) JAPIASSU, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 3.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

(2) DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993.

(3) BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de Filosofia. Consultoria da edição brasileira, Danilo Marcondes. Tradução de Desidério Murcho ... et al. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.

(4) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.