L'impatto con questa importante realtà linguistica è stato per me abbastanza recente. Nel 2009, mentre ero intento a realizzare l'articolo su Fistelia, tra i richiami bibliografici trovai uno studio della prof. Maricì Martins Magalhães. Senza nutrire molte speranze, contattai l'autrice per chiederle di poter visionare le pagine. E foi assim que eu conheci uma pessoa extraordinária: pesquisadora de grande cultura e altamente disponível.
Mi fece avere non solo l'estratto richiesto ma anche numerose altre sue pregevoli pubblicazioni. Ebbi così modo di accorgermi che comprendevo quasi totalmente gli scritti in portoghese e la cosa, oltre a rallegrarmi molto, mi fu di stimolo nello studio della lingua.
Riporto alcune parti dell'articolo suddetto.
ARTE ITÁLICA EM MOEDAS CAMPANAS
DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL: ALLIFAE E PHISTELIA
in Phoînix ano 13, 2007, pp. 227-237
Desde 2006 foi iniciado um trabalho de catalogação das moedas do Departamento de Numismática do Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro (doravante MHN) por parte da sua equipe. Esta é a mais imponente coleção da América Latina. Graças ao decisivo apoio da FAPERJ, foi possìvel a quem escreve empreender um trabalho de catalogação especificamente das moedas ditas "gregas" desta coleção, que culminou no volume intitulado Moedas Itálica, Italiotas e Siciliotas do MHN, com mais de 500 exemplares, em fase de elaboração. Neste trabalho, dividido por regiões italianas, existe uma seção relativa ás moedas da Campânia (Itália Meridional), que era habitada, no IV século a.C., por um lado, por colônias de origem grega que se estabeleceram no litoral (e.g., Cumae, Dikearchia, Neapolis), e, por outro, por populações ditas simplesemente campanas ou samnìtas e que falavam a lìngua osca. Algumas cidades gregas, como Cumae e Neapolis, não perderam as caracterìsticas próprias no estilo de cunhagem e, mesmo depois da hegemonìa samnita a partir de 421 a.C., permaneceram sempre fiéìs ao padrão grego. Por outro lado, algumas cidades do interior da Campânia, nâo obstante tenham praticado intercâmbios com as cidades gregas da costa, que se refletem em parte na sua iconografia monetária, conservaram certas caracterìsticas próprias, em alguns casos nâo completamente tocadas pelos modelos da arte clássica, e um gosto genuinamente indìgena. E justamente sobre as moedas destas cidades, Allifae e Phistelia, iremos falar, visto que se encontram em número de 12 na coleção do medalheiro do MHN. Apresento aquì, em fotografia, somente os exemplares em melhor estado de conservação de cada tipo examinado, pois a intenção deste artigo não é apresentar um catálogo, e sim ressaltar as caracterìsticas da arte itálica e italiota em três tipos monetários especìficos (e sobre os quais a bibliografia é muito escassa); sendo assim, serìa inútil repetir fichas de moedas idênticas.
Além da prata napolitana, os mais antigos exemplares de moedas da Campania existentes no MHN são os óbolos de prata (frações de pequeno porte, sobre as quais voltarei a falar), que começaram a ser difundidos na seguda metade do IV séc. a.C., e são particularmente abundantes nas emissões de Allifae (Fig. 1, a-b) e de Fistelia (Fig. 4, a-b e Fig. 5, a-b). Estes centros são colocados, dentro da atual classificação, no âmbito das comunidades campano-samnìticas, as quais certamente não se organizavam propriamente em centros urbanos, mas provavelmente aìnda em aglomerados habitacionais, e cuja coesão populacional se dava a partir da uma base étnica comum.
Allifae
A/ Cabeça laureada de Apollon à dir., circundada por três delfins.
R/ [AΛΛIBANON] apagada; Scylla à dir., tendo duas cabeças de cães sobre os ombros e longa cauda de cavalo-marinho; em baixo, marisco. Cerca de 325-275 a.C. (HNI); 320-300 a.C. (Cantilena, mais especìfica).
Cf. RUTTER 1979, p. 181. I; CANTILENA 1988, 144-145; HNI 2001, 460.
Inv. n. 1924.1160.1 (Fig. 1, a-b).
Considero aqui o centro habitado samnitico de Allifae na Campania, como estabelecido em HNI (2001, p. 62), não obstante possa aparecer referido em alguns outros casos, posteriores à dominação romana, como localizado no Samnium (e.g. na divisão do CIL X); corresponde à atual cidade de Piedimonte d'Alife, aos pés do monte Matese. Existem testemunhos de pequenos centros habitados, esparsos no seu território desde o VII séc. a.C., mas a fortificação de época samnìtica era concentrada em torno à àrea do seu atual Castelo (CANTILENA, 1988, P. 137). Estranho é que, apesar de o centro habitado ser localizado muito no interior da Campânia, os tipos monetàrios mostam uma estreita connexão com o mar e com Cumae (RUTTER, 1979, P. 85), visto que o tipo de R/ da nossa moeda apresenta a figuração de Scylla, monstro marinho feminino que aparece também na amoedação cumana, juntamente com um marisco (Fig. 2); certo é que o mar podia ser atingido facilmente de Allifae, através da navegação ao longo do rio Volturnus, mas os sìmbolos poderiam ser considerados ainda um sinal comum, decorrente de scambos entre ambas as comunidades. Além disso, percebemos nas moedas alifanas uma clara influência da amoedação de Syracusae (HNI, 2001, 460), dada a presença, no A/ do nosso exemplar, dos três delfins que circundam Apollon, delfins que marcaram decisivamente a arte monetária siracusana (Fig. 3). Este fenômeno é facilmente explicável, já que a cidade siciliana foi sempre a principal aliada de Cumae, e consequentemente terá mantido contatos com Allifae; além disso, a presença de Scylla denota a hegemonia desses povos sobre o controle da rota marìtima comercial que atravessava o estreito de Messina, justamente entre as temìveis Scylla e Caribdes, ou seja, entre Itália e Sicilia.
Enfim, digna de nota é a representação do deus Apollon de cabelos curtos em estilo itálico (certo, não grego 'arcaistico' e nem 'clássico') que aparece no A/, divindade largamente cultuada nas gregas Cumae e Neapolis, como se sabe, mas que também foi adotada como objeto de culto itálico desde o VI século a.C. Por isso, tenderemos a considerar esta representação um simbolo de culto poliádico, comum a diversas comunidades, sejam itálicas, sejam italiotas.
Phistelia
2. AR/ óbolo; mm. min. 10,2; max 11,3; gr. 0,59
A/ Cabeça feminina de frente, com longa cabeleira dividida em cachos, ornada com colar (ou Hercules com leonté?).
R/ Leão (ou Khimaira) à esq. no exergo perolado, uma serpente. Cerca de 325-275 a.C. (HNI); 320-300 a.C. (Cantilena, mais pontual).
Cf. SAMBON 1903, 844-7; RUTTER 1979, p. 180. IV; CANTILENA 1988, 150-151; HNI 2001, 619.
Inedita. Inv. n. 1924.1159.1 (Fig. 4, a-b).
3. AR/ óbolo; mm. min. 10,9; max 11,4; gr. 0,59
A/ Cabeça masculina juvenil imberbe, de frente, com cabelos e franja curta, dividida em gomos.
R/ FISTLVIS, semicircular e retrógrada, entre a ostra e a borda; delfim, grão de cevada e ostra.
Em torno a 325-275 a.C. (HNI); 320-300 a.C. (Cantilena).
Cf. SAMBON 1903, 831-8; SNG ANS, 567-80; RUTTER 1979, p. 180. Ia; CANTILENA 1988, 146-147; HNI 2001, 613.
Inedita. Inv. n. 1924.1159.9 (Fig. 5, a-b).
A cidade denominada Phistelia ou Fistelia? ou a comunidade dos Fistelii, é conhecida somente por suas emissões monetárias, mas a localização exata do centro habitado ou dos núcleos habitados esparsos infelizmente é ainda desconhecìda (RUTTER, 1979, P. 84; CANTILENA, 1988, P. 137; HNI, 2001, P. 72). Além disso, persiste a discussão entre os estudiosos para a explicação da legenda monetária: trata-se de um nome de cidade ou, o que seria mais plausìvel em ambiente indìgena, do étnico da população que bateu a moeda neste perìodo. Uma hipótese quer colocar Fistelia no lugar da antiga cidade grega de Dicearchia, a qual, depois da ocupação samnita, teria assumido o nome osco de Fistelius, culminando no latim Puteoli (reportada em CANTILENA, 1988, P. 138); no entanto, esta teoria não convence de fato, também por problemas estatìcos, como se verá. Parece que este povo deverìa ser melhor localizado na área de confim entre Campânia e Samnium, dado que os seus óbolos se tornam cada vez mais frequentes e difusos, na medida em que mais se avança na direção do interior campano e do Samnium interno. De qualquer modo, também um dos tipos que aparece na amoedação de Fistelia se inspira, como já visto no caso de Allifae, no ambiente marinho e mas emissões siracusanas e cumanas com a figuração de delfim e de ostra no R/ da moeda n. 3 (Fig. 5, b), que encontram confrontos similares nestas cidades, como já visto antes. Elemento destoante nesta ligação com o 'abiente marinho' é o grão de cevada, que poderia representar, neste caso, justamente um produto interno local, em contraste com o produto litorâneo, ou a produção agricola ou mercantil que era objeto de intercâmbios comerciais entre costa e interior.
Allifae e Fistelia cunharam também didracmas de prata no final do V séc. a.C., mas o seu elemento particular e especìfico é, na verdade, a sua produção de óbolos (valor correspondente a 1/12 dos didracmas, cerca de gr. 060) e hemióbolos (obviamente a metade), grosso modo em torno do final do IV séc. a.C., os quais apresentam caracterìsticas comuns como o peso, a técnica, os tipos, as inscrições e a área de circulação (CANTILENA, 1988, P. 139). As inscrições de ambas as moedinhas são expressas em osco ou em grego: Alliba, Allibanon, Alipha, Alif, Allifanon, ou Fistlus, Fistluis, Phistelia e, no caso especìfico do nosso exemplar com a legenda osca, FISTLVIS (Fig. 5, b), o que poderia indicar, neste caso que as séries eram destinadas ou direcionadas a intercâmbios internos, ou seja, com populações falantes da lingua osca comum, enquanto os exemplares com legenda em grego, um direcionamento externo, voltado às cidades litorâneas gregas.
Digna de evidência é principalmente a figurinha que aparece no A/ dessas moedas (Fig. 5, a), isto é, a deliciosa cabeçinha masculina de frente, bastante juvenil, com cabelos curtìssimos, franja também curta dividida em gomos ou, em outros casos, em cachos, que foi ainda considerada uma 'máscara' (mask) em HNI (2001, 613). Todavia, creio que o tipo poderia ser um perfeito exemplo de um modelo claramente itálico, indìgena, não ainda tocado por influência externas, pois não encontramos confronto para tal iconografia em nehum outro tipo monetário grego ou itálico, mas somente em peças escultórias ou modelagens em argila provenientes sempre da Itália interna, geralmente de santuários. E por isso tenderìa a ver na figura a representação de um herói ou divinidade localmente cultuada.
Muito interessante é também o óbolo na ficha n. 2, sem legenda ou étnico, que deve ser ainda atribuìdo seguramente aos Fistelii e porque circularam em grande quantidade e sempre juntamente aos outros óbolos de Fistelia. Segundo Rutter, que não tem dúvidas sobre a sua proveniência (HNI, 2001, p. 73), esta série de moedas anepìgrafes de Fistelia apresenta um modelo de estilo e de circulação similar ao das peças inscritas, e um grande número delas era presente no depósito monetário de Cales e no vale de Ansanto (santuário de deusa itálica Mefites). Um problema oferece o tipo de A/, inicialmente considerada uma 'cabeça feminina' com longa cabeleira dividida em cachos (Fig. 4, a), ornada com grande colar, por clara semelhança ao tipo cunhado em didracmas com a legenda FISTLVIS (Fig. 6), como também aos tipos representados como a efigie da deusa Hera em moedas dos Hyrietes e dos Fenserni (outras populações itálicas, Fig. 7) e das cidades magno-gregas de Croton (Fig. 8), Pandosia, Poseidonia e Thurii. No entanto, como me disse a própria Prof. Renata Cantilena, especialista em moedas campanas, atualmente a maior parte dos estudiosos tende a duvìdar da 'feminilidade' desta figura, aceitando também a possibilidade de interpretá-la, por outro lado, como a representação estilizada de um Hercules com a leonté, de três quartos (JAMESON, 1913, 30), e por isso incluo na ficha n. 2 também esta hipótese, entre parêntesis e com um ponto interrogatìvo. Tal representação de Hercules coberto com a cabeça do leão de Neméia também é presente na região e aparece na amoedação de Teanum Sidicinum (Fig. 9), não obstante seja de um perìodo um pouco posterior e não se assemelhe á nossa. Penso que, caso se consìdere a hipótese de um Hercules, o seu confronto iconográfico mais imediato deveria ser buscado também na estatuária encontrada nos santuários locais, onde certamente este herói era muito popular. De qualquer maneira, também aqui a cabeça de três quartos (seja feminina, seja hercúlea) é figurada em um estilo que reflete, segundo a Cantilena (1988, p. 138), e com toda a razão, "a mais genuìna fisionomia da arte itálica e um gosto bem distante dos modelos clássicos".
Note-se que também o tipo R/ desta moeda, geralmente descrito non manuais de Numismatica como 'leão ou Khimaira' (Fig. 4, b), merece um comentário a tìtulo de esclarecimento: se realmente o animal que aparece no R/ fosse uma Quimera, esta amoedação poderia ser relacionada aos didracmas dos Fenserni (como já dito, uma outra população itálica campana), em que já era presente o mito de Belerofonte e da Quimera (Fig. 10), um unicum no seu gênero, pois só aparece em representações vasculares. No entanto, apesar de ter a atitude ameaçadora e monstruosa da Quimera, falta á figura de R/ a cabeça caprina no dorso e a cauda terminando em serpente, atributos da Khimaira de padrão clássico. Por isso, tenderia a descrevê-la simplesmente como um leão (atualmente aceito em HNI, 2001, 619), e realmente confirmar a sua proveniência das populações dos Fistelii, e não dos Fenserni como querem alguns, ebora não seja totalmente excluìda uma inspiração de matriz comum, visto que eram povos itálicos vizinhos.
Essas emissões de frações de prata circulavam principalmente nos centros samniticos, mas de qualquer forma sempre indigenas, e foram utilizadas quando a fusão entre as populações campanas de lingua osca e as comunidades gregas foi mais intensa nas cidades da Campânia, justamente no IV século a.C., isto é, sempre em ambiente samnìtico e atendendo aos interesses destes últimos. Enfim, observe-se que esses povos e as suas respectivas amoedações não sobrevìveram ás intervenções de Roma na Campânia e no Samnium, dado que a partir deste perìodo não há mais notìcias de sua presença, nem evidências de novas cunhagens.
Bibliografia
...