Taras/Tarentum

I - Taras ou Tarentum – Mito de Fundação

Tarentum ou melhor, a Grega Taras, foi a única colônia Lacônica ou seja, Espartana estabelecida na Magna Grécia. Segundo a tradição histórico-literária, foi fundada em 706 a.C., no grande golfo que se forma a sudeste da Península Itálica, banhada pelo Mar Jônio. As circunstâncias e citações sobre a fundação de Taras (usaremos aqui seu nome Grego) chegaram até nós através de numerosos documentos histórico-literários, mas principalmente pelas versões de Antíoco de Siracusa e de Éforo, exaustivas e muito interessantes, que transmitirei resumidamente.

Pois bem, o exército de Esparta estava fora há 10 anos, lutando na Guerra contra a vizinha Messene (735-715 a.C.), tendo deixado a custodia da cidade aos mais jovens e aos mais anciãos. Ora, as mulheres Espartanas, preocupadas pela ausência de homens, reuniram-se e decidiram enviar emissárias para lamentar-se, alegando que enquanto soldados Espartanos morriam na guerra, elas sozinhas não podiam gerar novos guerreiros. Aceitando os argumentos das mulheres, mandaram retornar a Esparta os homens mais jovens, são e robustos, os quais ainda não tinham prestado juramento, com ordem para que se unissem com todas as jovens virgens; e sendo assim, os fi lhos que nasceram de tais uniões foram chamados Parthenios (neste caso, “fi lhos das virgens”). Bem, passados 19 anos da guerra e vencida Messene, os Espartanos regressaram à pátria, mas não reconheceram a estes Parthenios os mesmos direitos civis, com o pretexto de que não nascidos de legítimo matrimônio (julgados Átimoi, ou seja, “sem honra, indignos”). Unidos aos Hilotas (aqueles que não foram à guerra, condenados à servidão), estes jovens fi zeram uma conjuração, mas foram delatados e presos; no entanto seus pais de sangue intervieram a seu favor. Assim, decidiu-se enviar o chefe da revolta, chamado Phalanthos, a Delphoi, para interrogar o oráculo de Apollon, que o aconselhou a partir de Esparta e fundar uma apoikía (colônia) no Ocidente, num local com terra rica chamada Satyrion, que se chamaria Taras, e tornar-se-ia o “flagelo dos Iapygios” ou seja, população que ali habitava. E assim partiram...

Na verdade, os testemunhos arqueológicos demonstraram que a localidade que até hoje tem o nome de Saturo (a nossa Satyrion), pouco a sul do centro urbano de Taras, foi o primeiro núcleo dos Lacônicos a ser ocupado, com o abandono do local das populações indígenas; e só posteriormente no istmo ou pequena península mais a norte, seria fundada a colônia de Taras propriamente dita. Além disso, o próprio nome do local onde surgiria uma fonte ou nascente, seria derivado do de uma ninfa local epônima chamada Satyra ou Satyria, amada por Poseidon, por sua vez uma das divindades em auge junto aos Tarentinos. Da união entre o deus e a ninfa teria nascido o herói também epônimo Taras, um rio que escorria nas imediações, e que justamente emprestará seu nome à colônia. E todos estes personagens da narrativa mítica veremos representados em sua amoedação: a ninfa Satyra, seu fi lho Taras, o qual eventualmente será confundido com o oikistés (ecista ou fundador) Phalanthos, sobre os quais falaremos a seguir... Leggi tutto