Salmo Responsorial 94(95)-R- Não fecheis o coração; ouvi vosso Deus!
2ª Leitura: 2 Timóteo 1,6-8.13-14
Evangelho Lucas 17,5-10
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 5os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” 6O Senhor respondeu: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria. 7Se algum de vós tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: ‘Vem depressa para a mesa’? 8Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ‘Prepara-me o jantar, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois disso, tu poderás comer e beber’? 9Será que vai agradecer ao empregado, porque fez o que lhe havia mandado? 10Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’”. – Palavra da salvação.
Irmãos e irmãs, caríssimos,
Jamais podemos nos esquecer que está em curso na história da humanidade um plano de salvação de Deus. O catecismo da Igreja o chama de "economia da salvação", isto é, o modo como Deus administra a criação inteira em meios às vicissitudes implicadas da desordem causada pela entrada do mal no mundo e no coração humano.
Tal história de salvação é como um rio que corre continuamente. Nele podemos mergulhar e nos deixar levar por suas águas vivificantes. Ou, infelizmente, podemos permanecer à margem da vontade soberana do Senhor do Universo. Mesmo que imersos nas águas da salvação, isso não significa que compreendamos os caminhos de Deus para nós, para todos e para a criação inteira.
Por vezes, ecoa em nós as palavras do profeta Habacuc - até quando clamarei! -, pois não compreendemos a totalidade da obra salvadora, e nos sentimos esmagados pelos desafios de cada tempo. A isto responde São Paulo escrevendo a Timóteo - sofre comigo!
O mais bonito da resposta paulina é a consideração de que, como São Paulo, Deus também sofre com a incerteza a respeito das decisões humanas. Sofre diante da concessão da liberdade ofertada como dom à humanidade. Embora possua uma visão abrangente de todas as possibilidades de resposta e suas consequências, como afirma Santo Tomás de Aquino, nada está determinado até que a vida termine, e não seja possível escolher mais.
Ele, nosso Deus e Pastor, como cantamos no Salmo, encontra-se mergulhado nas mesmas águas em que é carregada a humanidade, experimentado em paixão as mesmas vicissitudes, para que o ser humano saiba que não está sozinho nessa jornada histórica. Jesus mergulha nas águas do rio Jordão para santificá-las e para torná-las sinal do caminho de vida eterna que passa pelo mergulho batismal nos desígnios divinos; sem resistências, sem murmurações, sem rebeliões ou revoltas. Nesse caminho, Ele, o Senhor, cuida de todos como Bom Pastor do rebanho.
Conscientes que as águas da salvação nos superam, e que o desígnio divino transcende todas as nossas possibilidades de compreensão, é conveniente responder com a exclamação do Evangelho - fizemos o que devíamos fazer, pois somos servos: escolhemos entrar com Jesus Cristo nessas águas, para servir à história de salvação de Deus, experimentando através Seu cuidado pastoral.
Um dia nos encontraremos todos nEle, e O veremos como Ele é!
Contudo já experimentamos o cuidado dAquele que é a resposta definitiva do Pai, e está conosco.
Deixemo-nos conduzir pelo movimento apaziguador da sagrada liturgia dominical como sinal cultual das águas que nos levam a Deus, pela força de Deus.