CORONAVÍRUS

COMO PARTICIPAR DAS MISSAS TRANSMITIDAS PELAS REDES SOCIAIS:


1. PREPARE A TUA MENTE:

Não é uma transmissão qualquer. É a Santa Missa!


2. PREPARE O TEU ESPÍRITO:

Convide a Senhor pra visitar a tua casa!


3. PREPARE O TEU CORPO:

Tira o pijama! Levanta-te da cama! Arruma-te!


4. PREPARE A TUA CASA:

Crie o ambiente: uma vela, o crucifixo, a Bíblia aberta

Tua casa é uma pequena igreja!


5. PEÇA COLABORAÇÃO:

Convide a tua família pra rezar junto ou pelo menos colaborar.


6. REZE, CANTE E SILENCIE JUNTO COM O SACERDOTE:

Peça ao teu Anjo da Guarda para levar as tuas intenções e colocá-las no Santo Altar.


7. LITURGIA DA PALAVRA:

Leia as leituras na Bíblia, na Liturgia Diária ou no celular.


8. LITURGIA EUCARÍSTICA:

A consagração é um grandíssimo milagre! Ajoelha-te neste momento.


9. A COMUNHÃO ESPIRITUAL:

É o meio para estimular a nossa alma a unir-se ainda mais a Jesus!


10. IDE EM PAZ E O SENHOR VOS ACOMPANHE:

Dar graças a Deus. Fazer o sinal da Cruz com a água benta.


Oração modelo para a comunhão espiritual:


“Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-Vos sobre todas as coisas e minha alma suspira por Vós, mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde ao menos espiritualmente a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo; uno-me convosco inteiramente. Ah! Não permitais que eu algum dia me separe de Vós.Ó Jesus, sumo bem e doce amor meu, inflamai meu coração, a fim de que esteja para sempre abrasado em Vosso amor. Amém”.


“Eu quisera, Senhor, receber-Vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu a vossa Santíssima Mãe, com o espírito e o fervor dos santos.”


Uma espiritualidade cristã em tempos de coronavírus

26 Março 2020

Sem dúvida estamos vivendo dias difíceis. O pânico põe em risco o autocontrole das emoções. Aos poucos renasce com novas interfaces o instinto de sobrevivência darwiniano onde o mais forte e com capacidade de adaptação toma o primeiro lugar. Consequentemente, os idosos e os pobres correm o risco de serem descartados.

Por outro lado, antigas imagens de Deus renascem ao interno da comunidade cristã. Para entendê-las temos que recordar os momentos tristes da história. Na segunda metade do sec. XIV explodiu a Peste Negra (peste bubônica), dizimando um terço da população europeia. Como toda sociedade teocêntrica, acreditava-se que Deus estava revoltado, pregou-se demasiado a ira divina. Para aplacar tal fúria buscaram-se os bodes expiatórios: judeus foram perseguidos e bruxas queimadas. Dizia-se que tudo estava acontecendo porque a gravidade de nossos pecados desagradava a Deus.

Em plena Segunda Guerra Mundial o ilustre teólogo Dietrich Bonhoeffer deu-se conta que, diante da dor e morte dos inocentes, temos que falar de Deus a partir de uma linguagem não religiosa. Para ele, o vocabulário religioso que insiste numa imagem metafisica de um Deus todo poderoso já não consegue justificar a força do mal na humanidade. Além disso, Bonhoeffer denuncia profeticamente o comportamento de buscar o divino apenas quando tudo vai mal, transformando Deus em um tapa-buraco.

Notemos que a recente epidemia do coronavírus fez explodir uma série de reações religiosas e psicológicas deturpadoras do essencial. Dizia-se que a grande doença do sec. XXI seria a depressão, entendida como a exaustação do próprio eu - o cansaço de si mesmo – ou o infarto psíquico da própria imagem, causado pela corrida frenética de sucesso e bem-estar pessoal. Diante da explosão da epidemia estamos testemunhando, infelizmente, um comportamento de medo em relação ao próximo. Se com a depressão o grande inimigo do homem era a sua própria imagem (o eu), agora com o coronavírus alguns insistem em dizer que o outro é o novo inimigo que devemos evitar. Esse tipo de reação ameaça o valor sagrado da alteridade. No entanto, para sairmos deste labirinto temos que ouvir as autoridades e, sobretudo, as recomendações da OMS que propõe o tempo de quarentena, dando-nos assim a oportunidade de estarmos mais unidos e nutrirmos mais ainda o respeito pela vida do próximo. Aqui reside a verdadeira alteridade.

Do ponto de vista religioso, a situação é ainda mais delicada. Muitos grupos e comunidades intensificam orações, adorações e multiplicam missas. Quero acreditar que tudo isso é realmente para evitar aglomerações, nos apoiarmos mutuamente e aprendermos acerca da solidariedade e da compaixão com o próximo, e não para fazer barganha com Deus. Se jogarmos a culpa em Deus com comentários do tipo: Por que Ele está permitindo isso? Retornamos aos tempos da peste bubônica e entraremos em campo com a multiplicação de orações para tentarmos aplacar a ira dele. É justamente isso que devemos refletir a partir de uma ótica que retoma o Evangelho e não a partir de uma tradição medieval.

J. B. Metz, ao ser vítima das barbáries do campo de concentração nazista, levantou a seguinte pergunta: “Ainda é possível crer em Deus depois de Auschwitz?” Para atualizarmos a sua provocação, nestes dias podemos dizer assim: “Como crer em Deus em tempos de coronavírus?”

Pois bem, um antigo rabino certa vez afirmou: “É verdade que Deus fala, mas nem sempre Ele responde”. Às vezes, a nossa forma de rezar pretende obrigar a Deus a dar-nos respostas e sinais. Tomados pelo desespero do coronavírus podemos cair na pior de todas as tentações, aquela que tenta a divindade do Pai, ou seja, a exigência da demonstração de seu poder. No deserto Jesus também foi exposto a isso quando o demônio lhe pedia para transformar as pedras em pães.

Porém, o próprio Jesus nos ensina outra relação com o Pai, a partir de sua fé e obediência absoluta, sobretudo diante das consequências de sua fidelidade ao Reino de Deus. Só o grito de Jesus na cruz pode nos ensinar uma nova espiritualidade libertadora para os nossos dias. O Filho grita e reclama ao Pai de seu abandono. Porém, Deus silencia. No entanto, mesmo que pareça que o Pai abandona o Filho, este por sua vez não abandona jamais ao Pai. Eis aqui a verdadeira fé!

Uma espiritualidade cristã em tempos de coronavírus não exige de Deus nenhum sinal ou a sua proteção, isso para não o tentarmos. O que deveríamos aprender é a fidelidade incondicional a Ele, sobretudo neste momento sombrio de nossa história, como o próprio Jesus que soube perseverar com a sua cruz. Quem se lança nas águas profundas da perseverança aprende que, “Quanto mais escura for a noite, mais clara será a madrugada” (Dom Helder Câmara). Que assim seja!

Coronavirus (Covid-19)


O problema está aí, tornou-se uma pandemia e trouxe uma preocupação generalizada sobre a saúde. Conforme as redes sociais é questão de vida ou morte. Nas motivações do tempo da Quaresma, as reflexões falam da passagem da morte para a vida, contemplando o fato da ressurreição de Jesus Cristo. Em ambos os casos, fazemos um itinerário de cuidados para que a vida vença a morte.

Enfrentar uma realidade dessa não significa perder o sentido real da vida. É normal o medo da morte, talvez até caracterizada pela dor e pelo sofrimento, porque ela deixa transparecer um clima de mistério e com muitas interrogações. Mas as pessoas devem ser conduzidas e fortalecidas pela marca segura da esperança, aquela ancorada na fé em Deus, que não decepciona ninguém.

A pessoa humana tem muitas atitudes de imperfeição. Nas palavras de São Paulo, imperfeições vindas da carne (Rm 8,8), que contrapõem àquelas que procedem do Espírito, e agradam a Deus. As mortes, como consequência do Covid-19, atingem a vulnerabilidade da carne, mas não conseguem impedir a existência da vida divina. Caminhamos para a Páscoa, quando Cristo promete a ressurreição.

A morte natural é preocupante, mas morte provocada por pandemia assusta muito as pessoas e causa desespero. O Evangelho cita a morte de Lázaro, deixando em suas irmãs, Marta e Maria, um clima de profundo desespero e sofrimento. Mas Jesus as conforta fazendo nascer daquele ambiente a vida, ressuscitando Lázaro (Jo 11). No clima reinante todos devem encontrar conforto no Senhor.

Os ambientes de hoje respiram perigo, porque o vírus é de fácil propagação. O remédio mais eficiente é sim o distanciamento entre as pessoas, evitando contaminação em cadeia. Ficar longe um do outro, dentro deste contexto, significa solidariedade. Mas é uma realidade que passa com o tempo, depende de cuidado e confiança nas formas de defesa, usando de caridade uns com os outros.

Não pode ser descartada a realidade de milhares de mortes que acontecem diuturnamente no país, mesmo sem a presença de pandemia. A grande maioria das pessoas morre por questões de fragilidade e impossibilidade de buscar tratamento sério. Mesmo com a presença do SUS em todo o Brasil, a assistência digna para o povo pobre continua deficitária, carente de uma política mais pertinente.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba.