QUARTA-9TC

QUARTA-FEIRA DA 9ª SEMANA COMUM


05/06/2024

São Bonifácio

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AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO

TODOS OS VÍDEOS DE DOM JÚLIO


Primeira Leitura: 2 Timóteo 1,1-3.6-12

Salmo Responsorial: 122(123)-R- Ó Senhor, para vós eu levanto meus olhos. 


Evangelho: Marcos 12,18-27

Naquele tempo, alguns saduceus, os quais dizem não existir ressurreição, aproximaram-se de Jesus e lhe perguntaram: 19 “Mestre, Moisés deixou-nos escrito: ‘Se alguém tiver um irmão e este morrer, deixando a mulher sem filhos, ele deve casar-se com a mulher para dar descendência ao irmão’. 20 Havia sete irmãos. O mais velho casou-se com uma mulher e morreu sem deixar descendência. 21 O segundo, então, casou-se com ela e igualmente morreu sem deixar descendência. A mesma coisa aconteceu com o terceiro. 22 E nenhum dos sete irmãos deixou descendência. Depois de todos, morreu também a mulher. 23 Na ressurreição, quando ressuscitarem, ela será a esposa de qual deles? Pois os sete a tiveram por esposa?” 24 Jesus respondeu: “Acaso não estais errados, porque não compreendeis as Escrituras, nem o poder de Deus? 25 Quando ressuscitarem dos mortos, os homens e as mulheres não se casarão; serão como anjos no céu. 26 Quanto à ressurreição dos mortos, não lestes, no livro de Moisés, na passagem da sarça ardente, como Deus lhe falou: ‘Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó!’ 27 Ele é Deus não de mortos, mas de vivos! Estais muito errados”.


Meu irmão, minha irmã!

Mc 12,18-27

Os saduceus não acreditavam na ressurreição e por isso apresentam para Jesus o caso da mulher que foi casada com 7 irmãos. Esse caso é construído de maneira artificial sobre a base da lei do levirato.

Que lei é essa? Se um homem casado morresse sem deixar filhos, o seu irmão deveria se casar com a viúva para suscitar descendência ao irmão morto e para amparar a viúva. De fato, se não há ressurreição, como pensavam os saduceus, a única maneira de sobreviver à morte era através dos filhos. Morrer sem filhos era uma grande desgraça, era morrer duas vezes. Por isso o irmão deveria se casar com a cunhada viúva: para que o morto não ficasse sem uma descendência que pudesse perpetuar o nome. 

Partindo dessa lei do levirato os saduceus constroem uma história que acaba ridicularizando a ressurreição: “na ressurreição, aquela mulher que esteve casada com os sete irmãos, vai estar casada com quem? Com quem ela terá filhos depois de ressuscitar?”

Os saduceus, que queriam tornar ridícula a fé na ressurreição, acabam caindo eles próprios no ridículo. Jesus lhes responde: Acaso, vós não estais enganados, por não conhecerdes as Escrituras, nem o poder de Deus? Com efeito, quando os mortos ressuscitarem, os homens e as mulheres não se casarão, pois serão como os anjos do céu.

A ressurreição não é uma continuação desta vida. Não devemos projetar na vida eterna as condições de nossa vida mortal. Se fosse assim, não deveríamos somente nos perguntar sobre de quem a mulher será esposa, mas também se no céu nós receberemos uma casa, quanto iremos pagar de luz, telefone, água; onde encontraremos escolas para os filhos; em que padaria vamos comprar o pão; quanto será o IPTU, e se haverá uma boa previdência social quando ficarmos velhos. É um absurdo pensar que a vida eterna seja um prolongamento ou uma repetição desta vida. Se assim for, vazia é a nossa fé. Se assim for a vida eterna deixará de ser uma benção para se tornar uma maldição. Se a vida eterna for a duração indefinida desta vida terrena, então prefiro não ressuscitar!

Mas a ressurreição se baseia no poder de Deus. Deus tem o poder para criar tudo novo. A vida eterna não é duração indefinida desta vida. Vida eterna é uma forma que nós encontramos para dar nome à vida que Deus vive e quer nos dar: trata-se do instante pleno de sentido e de realização.



DOM JULIO ENDI AKAMINE

Arcebispo Metropolitano de Sorocaba

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Créditos do áudio: Rádio Uniso