Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 27“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. 28Ouvistes que eu vos disse: ‘Vou, mas voltarei a vós’. Se me amásseis, ficaríeis alegres porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu. 29Disse-vos isso agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis. 30Já não falarei muito convosco, pois o chefe deste mundo vem. Ele não tem poder sobre mim, 31mas, para que o mundo reconheça que eu amo o Pai, eu procedo conforme o Pai me ordenou”. – Palavra da salvação.
Meu irmão, minha irmã!
At 14,19-28
A leitura narra a conclusão da primeira viagem apostólica. Essa primeira grande missão abriu as portas do Evangelho aos pagãos. Por outro lado, vemos a reação hostil dos judeus ao anúncio do Evangelho. Dessa forma, os At mostram que a missão entre os pagãos não começou por iniciativa humana, mas apesar dela. Foi a rejeição dos judeus que levou Paulo e Barnabé dirigirem aos pagãos o anúncio do Evangelho. Além disso, foi a ação extraordinária do Espírito Santo que obrigou Pedro a tomar a decisão de admitir o primeiro pagão na Igreja.
Antes de regressar a Antioquia, Paulo e Barnabé voltam a visitar as comunidades já evangelizadas com o propósito de as consolidar na fé: “Eles os exortavam a permanecerem firmes na fé”. “Permanecer na fé”, “permanecer graça”, “permanecer no Senhor” são três expressões que tem o mesmo significado. O cristianismo é um esforço em manter a relação iniciada com o Senhor. A vida de Cristo se torna a vida dos cristãos, e a vida dos cristãos passa a ser uma resposta de serviço ao Senhor. Por isso a vida do cristão implica também o suportar sofrimentos por causa de Cristo. Paulo é um exemplo disso. Tendo sido apedrejado, Paulo foi arrastado para fora da cidade e todos pensavam que estivesse morto.
Para consolidar a comunidade cristã, Paulo e Barnabé designam presbíteros para liderar as comunidades por eles fundadas. Como podemos ver, o que temos hoje na Igreja teve sua origem na Igreja apostólica. Os três graus da ordem (diácono, presbítero e bispo) não são uma invenção nossa, mas tem sua origem na Igreja dos Apóstolos. Assim os três graus da ordem nos conectam aos Apóstolos e estes a Cristo.
Jo 14,27-31a
“Deixo-vos a paz, a minha paz eu vos dou”. A paz é um dom de Jesus. Ele nos dá a sua paz: é a paz com a qual ele foi ao encontro da sua paixão e morte, aderindo à vontade do Pai.
É a mesma paz com que os apóstolos realizaram a missão evangelizadora e enfrentaram todo tipo de perseguição e a própria morte. Eles se conservaram fortes nas dificuldades porque tinham a paz não fora deles, mas dentro deles. Esse é o dom de Cristo, que o mundo não consegue entender.
A paz de Jesus não é a paz do mundo. Não é somente ausência de guerra, nem é mera tranquilidade extrínseca. A paz de Jesus não é indiferença egoísta, mas é um dom que habita dentro do discípulo de Jesus como um dom seu.
As dificuldades da vida nos entristecem, os sofrimentos nos abatem, o mal nos faz sofrer, as doenças e as canseiras da vida nos tiram muitas coisas, mas não destroem o dom da paz de Cristo. Pelo contrário, revelam ainda mais esse dom pascal de Jesus.
São Pedro escreve inclusive que devemos nos alegrar com a comunhão nos sofrimentos de Cristo. “Na medida em que participais dos sofrimentos de Cristo, alegrai-vos” (1Pd 4,13). Não se trata de gostar de sofrer, mas de experimentar a alegria por estarmos em comunhão com Cristo.
Depois que Cristo sofreu, morreu e ressuscitou, nenhuma tribulação desta vida é absurda e sem sentido. Tudo pode ser o meio pelo qual aceitamos em nós esse dom pascal de Cristo.