Salmo Responsorial: Daniel 3, 52-56-R- A vós louvor, honra e glória eternamente!
Segunda Leitura:-2 Coríntios 13,11-13
Evangelho: João 3,16-18
16Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele.18Quem nele crê, não é condenado, mas quem não crê, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito. Palavra da Salvação.
Prezados irmãos e irmãs!
Celebramos hoje a Solenidade da Santíssima Trindade. A liturgia dos padres da Igreja sempre considerou a Trindade no contexto da completude da história da salvação e consequentemente a viu com uma realidade dinâmica em ato no momento celebrativo segundo o conhecidíssimo esquema da liturgia romana: “ao Pai, pelo Filho, no Espírito Santo”. De fato toda a liturgia é obra da Santíssima Trindade. Toda celebração é antes de tudo uma obra da Santíssima Trindade.
O Pai gera, desde sempre, seu Verbo – o Filho – em quem exprime todo o seu Ser, comunicando-lhe toda a sua divindade; o Pai e o Filho se dão e se possuem um ao outro num ato de amor infinito, em comunicação perfeita e substancial que é o Espírito Santo.
Não permanece, porém, o amor de Deus circunscrito na Trindade, mas expande-se fora, na criação. Tudo o que o Homem é e possui é dom da Santíssima Trindade, do amor do Pai e do Filho e do Espírito Santo “porque grande é seu amor por nós”.
Inclinando-se para o Homem, assume o amor divino um aspecto particular, o da misericórdia: “Deus compassivo e misericordioso, lento para encolerizar-se, cheio de bondade e fidelidade” (1ª leitura). Tão comovente declaração é resposta de Deus à aflita súplica de Moisés a implorar o perdão pela infidelidade do povo que adorara o bezerro de ouro. Ante o arrependimento e a prece, Deus perdoa, renova sua aliança com Israel e, lhe conserva sua graça a ponto de condescender com um novo pedido: “Dignai-vos marchar conosco”.
Deus sempre caminhava com seu povo durante as longas peregrinações no deserto. Tornava-se presente na nuvem que guiava Israel, ou na tenda da reunião. Deus não privará seu povo arrependido deste privilégio, máxima expressão de sua misericórdia.
Na plenitude dos tempos, Deus fará muito mais! Virá em pessoa habitar entre os homens, enviando o Filho para salvar o mundo: “Porque amou Deus tanto o mundo, que deu seu Filho único”. Com a Encarnação do Filho, por vontade do Pai e obra do Espírito Santo, manifesta-se do modo mais eloquente o amor de Deus para com o Homem, e ao mesmo tempo revela-se Deus em seu mistério trinitário. Está em ato toda a Trindade em favor do Homem criado à sua imagem e destinado a participar de sua vida divina. Pecou o Homem, mas não permite Deus que pereça. Salva-o a misericórdia do Pai, o Sangue do Filho, a efusão do Espírito Santo. Para entrar na órbita da salvação, o Homem há de crer no amor de Deus Trindade e há de reconhecer este amor em Cristo que o encarna e foi enviado “a fim de que todo o que nele crer, não pereça, mas tenha a vida eterna”. Crer em Cristo é crer na Trindade: no Pai que o enviou, no Espírito Santo que o guiou no cumprimento de sua missão.
O Mistério trinitário é a fonte do mistério de Cristo, fonte de salvação universal, fonte de vida cristã. O Homem entra, por meio de Cristo, no ritmo da vida trinitária, vida de amor e de comunhão com as três Pessoas divinas que nele habitam. Assim, o Homem é convidado a exprimir sua comunhão pessoal com a Trindade nas relações com o próximo mediante amor sincero, fonte de paz, de concórdia, de comunhão com todos.