Salmo Responsorial 23(24)-R-O rei da glória é o Senhor onipotente; abri as portas para que ele possa entrar!
2ª Leitura: Romanos 1,1-7
Evangelho de Mateus 1,18-24
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – 18A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. 19José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria em segredo. 20Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe em sonho e lhe disse: “José, filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. 21Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados”. 22Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: 23“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus está conosco”. 24Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado e aceitou sua esposa. – Palavra da salvação.
Prezados irmãos e irmãs!
Neste domingo, o último do Advento, chegando ao ponto alto de nossa espera, despontam para nós os lampejos de um novo amanhecer, anunciando a chegada do Sol da justiça, o Emanuel, o Deus conosco. Ele é a manifestação do segredo escondido em Deus, há séculos: a salvação, a vida plena e feliz para toda a humanidade.
O acendimento das quatro velas nos confirma a chegada plena da luz no seio bendito de Maria, grávida pelo Espírito Santo e na fiel obediência de José, o homem justo. Ambos, modelos do Advento, vivem ardente espera pelo Salvador em meio à obscuridade da fé e às ambiguidades e provas da frágil condição humana.
O evangelho de Mateus se inicia com a genealogia de Jesus. Genealogia é um gênero literário para apresentar uma personalidade importante. A partir do versículo 18, procura explicar como Jesus, nascido de maneira misteriosa de Maria, toma parte da linhagem de Davi e Abraão, através de José, que o adota como filho. O fato do nascimento legal de Jesus, afirmado pela genealogia, é o tema da narrativa evangélica. José, que é da família de Davi, recebe Jesus em sua linhagem.
Mateus apoia-se na profecia de Isaías que ouvimos na primeira leitura. Através de Isaías, o Senhor oferece ao rei um sinal: “Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe dará o nome de Emanuel”. Certamente o profeta se referia à esposa de Acaz, mãe de Ezequias. Mateus segue essa tradição, mas iluminado pelo nascimento virginal de Jesus. Para o cristianismo fica claro que a maternidade de Maria não teve a contribuição de José, mas é obra do Espírito de Deus. A contribuição de José foi oferecer a Jesus a linhagem davídica. Em Jesus, unificam-se tradições antigas do seu povo: Abraão, o patriarca; Davi, o rei; Isaías, o profeta. Em Jesus, cumprem-se as profecias. José, filho de Davi, pai adotivo de Jesus, filho de Davi. O descendente de Davi salvará o seu povo.
Deus tem um plano de bondade para a humanidade, toma a iniciativa e o cumpre de forma desconcertante. Envia seu próprio filho, repara na humildade e na fidelidade de uma jovem que aceita em si mesma a obra de Deus, que quer vir ser Deus conosco. José fica perplexo, mas se abre para compreender a ação de Deus. Deus vem habitar conosco; armou sua tenda entre nós.
Deus age, mas com a colaboração de pessoas que assumem com simplicidade e, às vezes, com dificuldade sua responsabilidade, como aconteceu com José e Maria. Deus quer salvar a humanidade, através de nós, pessoas humanas. Uma gravidez é sempre uma ocasião para pais e familiares se colocarem dentro de um mistério. A pessoa que está sendo tecida no ventre materno não é apenas obra humana, mas revela a presença do Criador.
A saudação – “Não temas!” – dita pelo mensageiro a José, no texto de Mateus, e a Maria, em Lucas, é dita hoje a nós, para nos animar na missão de colaborar com o projeto de Deus e para que “venham a nós” a paz e a justiça tão sonhadas.
Neste tempo de Advento, somos convidados a viver em profunda contemplação e admiração, fé e confiança. É tempo de gestação de novas relações no silêncio do cotidiano da vida. Como José, somos encarregados de proteger as sementes de vida semeadas no ventre fecundo de nossas comunidades, nas organizações populares, entre os jovens e os pequenos.
Na aproximação do Natal, com as lâmpadas de nossa espera acesas, suplicamos com mais ardor: Vem, Senhor Jesus!!!