Caríssimos Irmãos e Irmãs,
Abre-te! É a palavra que ecoa da boca de Jesus, quase como uma ordem. Uma leitura atenta do Evangelho deste Domingo nos faria perguntar: Jesus disse esta palavra ao homem, aos seus ouvidos cerrados e aos seus lábios silenciosos, ou falou esta palavra aos Céus? O que, de fato, precisaria ser aberto para que aquele homem pudesse ouvir e falar, senão os Céus para que se tornasse favorável à cura da humanidade e à salvação das pessoas humanas?
Isso nos faz lembrar, textos natalinos proféticos que anunciavam tempos messiânicos em que os Céus se abririam para fazer chover o Salvador. E ainda o clamor da sabedoria de Israel suplicando a Deus que abrisse as portas da sua morada celeste e descesse para socorrer seus aflitos amados. Ou ainda, às palavras divinas a Moisés quando lhe revelou a glória de seu Nome.
De fato, eram os Céus que precisavam ser abertos ao suspiro (pois o tempo chegou ao seu termo) e à voz (pois pelas suas palavras foram feitas todas as coisas) de Jesus Cristo. Somente o Filho, o herdeiro, poderia abrir o coração do Pai em favor dos oprimidos do seu povo, para julgar a pobreza à qual estavam submetidos. Pois é assim que Deus escolheu: julgar a pobreza e não pobres, pois veio para salvar da pobreza, e não para condenar os pobres.
A liturgia deste Domingo é uma exultante ação de graças à fidelidade de Deus que escolheu salvar o seu povo do opróbrio e jugo que lhes pesava sobre os ombros, apagando suas vergonhas; libertando olhos, ouvidos e boca, alimentando e saciando a todos que Lhe aguardavam em Sua manifestação com fé.
Da ação de Cristo à ação da Igreja, mostra-se irrenunciável o compromisso de não excluir pessoa humana alguma, à mesa da palavra partilhada na fé. Palavra de Jesus que tem o poder de curar. Num momento histórico em que há muitos que não podem sentar à mesa do Corpo e Sangue do Senhor, o acesso gentil de todos à palavra que salva é um dever que não deve ser subtraído a todo bom cristão, conforme meditamos na segunda leitura.
E do acesso à palavra pão, ao acesso ao pão alimento que sustenta a vida neste mundo, a comunidade cristã precisa continuar se sobressaindo pela capacidade de não negar a ninguém aquilo que Deus destinou a todos. A pobreza precisa ser destruída, enquanto os pobres precisam ser salvos, caso contrário jamais entenderemos o que Deus escolheu fazer por todos nós.
Santo Domingo,
Padre Rodolfo Gasparini Morbiolo
Paróquia Santa Maria dos Anjos - Vitória Régia - Sorocaba/SP.