Salmo Responsorial 65(66)R- Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira.
Segunda Leitura - Gálatas 6,14-18
Evangelho: Lucas 10,1-12.17-20
Naquele tempo: 1O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. 2E dizia-lhes: 'A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita. 3Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. 4Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não cumprimenteis ninguém pelo caminho! 5Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: `A paz esteja nesta casa!' 6Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós. 7Permanecei naquela mesma casa, comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não passeis de casa em casa. 8Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem, 9curai os doentes que nela houver e dizei ao povo:'O Reino de Deus está próximo de vós.' 10Mas, quando entrardes numa cidade e não fordes bem recebidos, saindo pelas ruas, dizei: 11Até a poeira de vossa cidade, que se apegou aos nossos pés, sacudimos contra vós. No entanto, sabei que o Reino de Deus está próximo! 12Eu vos digo que, naquele dia, Sodoma será tratada com menos rigor do que essa cidade. 17Os setenta e dois voltaram muito contentes, dizendo: 'Senhor, até os demônios nos obedeceram por causa do teu nome.' 18Jesus respondeu: 'Eu vi Satanás cair do céu, como um relâmpago. 19Eu vos dei o poder de pisar em cima de cobras e escorpiões e sobre toda a força do inimigo. E nada vos poderá fazer mal. 20Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos no céu.' Palavra da Salvação.
Prezados irmãos e irmãs!
O tema da paz emerge das leituras deste domingo que a apresentam em seus múltiplos aspectos.
Fala dele a primeira leitura do profeta Isaías como síntese dos bens que consiste em alegria, segurança, prosperidade, tranquilidade, conforto, prometidos por Deus a Jerusalém, restaurada depois do exílio de Babilônia. “Vou fazer a paz correr para ela como um rio e, como uma torrente transbordante, a opulência das nações... Como a mãe consola o filho, assim eu vos consolarei”... Do contexto deduz-se tratar-se de um dom divino, característico da era messiânica. Jesus será o portador da paz, ao mesmo tempo graça, salvação, felicidade eterna, não só para cada pessoa, mas para todo o povo de Deus a convergir de todas as partes do mundo para a Jerusalém celeste, o reino da perfeita paz.
Mas também a Igreja, a nossa Jerusalém terrena, possui já o tesouro da paz oferecido por Jesus a todos de boa vontade e tem a missão de difundi-la no mundo. Foi a missão confiada pelo salvador aos setenta e dois discípulos, enviados a pregar o reino de Deus. “Ide, envio-vos como cordeiros ao meio de lobos”. Indica tal expressão justamente missão de bondade, de mansidão, de paz, semelhante à de Jesus, “o cordeiro que tira os pecados do mundo”, não condenando os pecadores, mas imolando-se, “estabelecendo a paz com o sangue de sua cruz”. “Em qualquer casa aonde entrardes, dizei primeiro: a paz esteja nesta casa! Se houver ali um filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; se não, ela voltará a vós”. Não se trata de simples saudação, mas de benção divina, fonte de bem, de salvação. Onde repousa a paz de Jesus, que reconciliou aos homens e mulheres com Deus e entre si, repousa a salvação. Quem a acolhe está em paz com Deus e com os irmãos, vive na graça e no amor, salvo do pecado. Repousa esta paz nos “filhos da paz”, isto é, nos que chamados por Deus à salvação, correspondem ao convite aceitando suas exigências; são os afortunados herdeiros da paz de Cristo, dos bens messiânicos. Entretanto, advertiu Jesus que não esperássemos paz semelhante à paz que promete o mundo; promessa ilusória de felicidade, isenta de qualquer mal. “Não se perturbe vosso coração nem se atemorize”, disse ele, por ser sua paz tão profunda que pode coexistir até com as tribulações mais dolorosas. Se o mundo escarnece e repele essa paz, os discípulos, embora sofrendo com tal recusa, não perdem a paz interior, não deixam de propagar o Evangelho da paz. Humildes, pobres, despretensiosos, contentes com o que lhes basta para as necessidades da vida, continuam no mundo a missão de Jesus, levando, a que a quiser acolher, a boa nova da paz.