Salmo Responsorial: 32(33)R- Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, / da mesma forma que em vós nós esperamos!
Evangelho: João 6,16-21
Ao anoitecer, os discípulos desceram para a beira-mar.17 Entraram no barco e foram na direção de Cafarnaum, do outro lado do mar. Já estava escuro, e Jesus ainda não tinha vindo a eles. 18 Soprava um vento forte, e o mar estava agitado. 19 Os discípulos tinham remado uns cinco quilômetros, quando avistaram Jesus andando sobre as águas e aproximando-se do barco. E ficaram com medo. 20 Jesus, porém, lhes disse: “Sou eu. Não tenhais medo!” 21 Eles queriam receber Jesus no barco, mas logo o barco atingiu a terra para onde estavam indo.
Meu irmão, minha irmã!
At 6,1-7
A leitura de At nos mostra como surgiu o ministério do Diaconato na Igreja. Mais do que um mero relato, a leitura nos vincula à comunidade apostólica e nos põem no rio imenso e profundo da tradição apostólica: não fomos nós que inventamos nem foram os nossos pais que criaram o diaconato. Ele surgiu no tempo dos Apóstolos sob a inspiração e direção do Espírito Santo.
Diante de uma dificuldade concreta, surgida pelas novas tensões provocadas pela presença dos cristãos de origem grega (os helenistas) na Igreja, os Apóstolos e a comunidade reunida encontram, num clima de oração e de discernimento espiritual, a solução pacífica que garantiu a manutenção da unidade.
Qual era o problema enfrentado? Conforme os At nos descrevem, as viúvas dos fiéis de origem grega eram deixadas de lado no atendimento diário. As tensões internas na Igreja nascente ameaçavam a sua unidade, mas a instituição do ministério diaconal transformou o conflito em ocasião de uma vivência ainda mais profunda da unidade eclesial.
Em vez de se dividirem em duas seitas: uma de judeus e outra de gregos, a Igreja dos Apóstolos superou a tensão obedecendo o Espírito Santo. Foram apresentados aos apóstolos sete homens de boa fama, repletos do Espírito e de sabedoria. Pela imposição das mãos, os apóstolos comunicaram o que eles mesmos tinham recebido de Jesus: o Espírito Santo. Não é a escolha nem a eleição que habilitou aqueles homens para o serviço, mas a imposição das mãos, ou seja, o dom do Espírito.
É preciso prestar atenção ao gesto da imposição das mãos. No Antigo Testamento a imposição das mãos simbolizava o compartilhamento de um encargo entre as pessoas. Assim quem impõe as mãos transmite ao outro uma participação no seu cargo e atividade. A pessoa sobre quem são impostas as mãos é associada ao ofício e é identificada com a pessoa que impõe. Foi isso o que aconteceu com Moisés e Josué. Depois da imposição das mãos, Josué se tornou como alter ego de Moisés.
No Novo Testamento, a imposição das mãos se torna o gesto pelo qual o Espírito Santo é transmitido daquele que impõe para o que recebe a imposição. Assim o ministério é transmitido.
Reconheçamos o grande dom da unidade da Igreja; agradeçamos a Deus o ministério do diaconato na Igreja.
Jo 6,16-21
O evangelho de hoje nos narra o episódio de Jesus que vai ao encontro dos discípulos caminhando sobre as águas. É um episódio que prepara os discípulos para o mistério da páscoa: o mistério da morte e da ressurreição de Jesus.
Há muitos pontos de contato entre o episódio e o mistério pascal.
Jesus, que caminha sobre as águas, é uma prefiguração de Jesus que atravessa vitoriosamente a morte. Na Bíblia, muitas vezes, a morte é comparada com o mar. “Me envolvem as ondas da morte”, “ondas revoltas vêm sobre mim”, diz um salmo. É uma forma simbólica de falar do sofrimento da morte. A morte é como uma onda de tempestade que nos submerge. No mar em tempestade, a morte por afogamento é quase certa, por isso quem caminha sobre o mar se revela como vencedor da morte. É o que Jesus faz.
Soprava um vento forte e o mar estava agitado. Essa é a imagem da tempestade da paixão de Jesus. É a imagem da terrível tribulação que dispersou os discípulos. Jesus caminha sobre as águas em meio à tempestade se aproximando do barco. Os discípulos têm medo, da mesma forma como eles tiveram medo durante a paixão, mas Jesus lhes diz: “Sou eu. Não tenhais medo”. Estas são as mesmas palavras de Jesus ressuscitado, quando vai ao encontro dos discípulos nas aparições.
O evangelho se conclui de um modo muito significativo para nós. Quando os discípulos reconheceram que era Jesus que caminhava sobre as águas: Quiseram recolher Jesus na barca, mas imediatamente a barca chegou à margem para onde estavam indo.
Quando aceitamos Jesus no seu mistério de paixão e ressurreição, nós chegamos à margem imediatamente. Quando aceitamos Jesus morto e ressuscitado no barco de nossa vida, atravessamos as tempestades da vida com mais rapidez e chegamos ao destino de nossa viagem. Peçamos ao Senhor a graça de reconhecê-lo presente e ativo em nossa vida para que, com Ele, possamos atravessar as tempestades da vida.