1/01-STA.MÃE DE DEUS MARIA

SANTA MÃE DE DEUS MARIA

01/01/2024


 LINKS AUXILIARES:


1ª leitura: Números 6,22-27

Salmo 66 (67)R- Que Deus nos dê sua graça e sua bênção.

2ª leitura: Gálatas 4,4-7

Evangelho: Lucas 2,16-21

Naquele tempo: 16Os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido, deitado na manjedoura. 17Tendo-o visto, contaram o que lhes fora dito sobre o menino. 18E todos os que ouviram os pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam. 19Quanto a Maria, guardava todos estes fatos e meditava sobre eles em seu coração. 20Os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo que tinham visto e ouvido, conforme lhes tinha sido dito. 21Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido. Palavra da Salvação. 


Meu irmão, minha irmã!

Lc 2,16-21

Como é possível que Maria seja verdadeiramente mãe e ao mesmo tempo virgem? Estamos tão acostumados em dizer que Maria é Virgem e Mãe que corremos o risco de não cair na conta da maravilhosa obra que Deus operou em Maria tendo em vista a nossa salvação. 

Dizer que “Maria é verdadeiramente mãe de Deus” é uma afirmação cristológica. Mais exatamente: significa reconhecer que a maternidade divina de Maria tem por finalidade confessar a verdade da encarnação do Verbo. Negar a maternidade divina de Maria implica também em negar a verdade da encarnação, que Deus possa se tornar homem em senso verdadeiro e real e que um homem possa ser assumido na unidade pessoal com o Filho de Deus.

“Aquele que ela concebeu Espírito Santo como homem e que se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a carne não é outro que o Filho eterno do Pai, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade” (CatIgCat 495).

Maria não se tornou mãe apenas de um homem, mas do Filho de Deus que realmente se fez homem. A verdade da maternidade divina de Maria sublinha que Cristo é Filho de Deus e ao mesmo tempo verdadeiro homem. Sublinha também que Ele, como filho de uma mãe humana, continua a existir na unidade divino-humana, isto é, que é e permanece Homem-Deus. 

A maternidade divina de Maria está ligada estreitamente à virgindade de Maria: “Desde as primeiras formulações da fé, a Igreja confessou que Jesus foi concebido exclusivamente pelo poder do Espírito Santo no seio da Virgem Maria, afirmando também o aspecto corporal deste evento: Jesus foi concebido ‘do Espírito Santo, sem sêmen’. Os Padres veem na conceição virginal o sinal de que foi verdadeiramente o Filho de Deus que veio numa humanidade como a nossa” (CatIgCat 496). 

A maternidade virginal de Maria tem um inegável caráter espiritual: a dedicação total e a sua fé perfeita em Deus constituem, de fato, o núcleo mais íntimo da virgindade de Maria. É exatamente essa convicção que fez Santo Agostinho escrever: “Maria é bem-aventurada mais por ter acolhido a fé em Cristo do que por ter concebido a sua carne” (De sacra virginitate 3,3).

Contudo esse aspecto espiritual não diminui o aspecto corporal da maternidade virginal de Maria. Com efeito, a salvação diz respeito a todo o ser humano: ao espírito, à alma e ao corpo. A Igreja e a tradição patrística nunca reduziram a virgindade de Maria unicamente ao seu aspecto espiritual, mesmo que sempre tenha reconhecido a importância do senso espiritual da maternidade virginal.

Além de respeitar e salvaguardar a unidade de corpo e da alma do ser humano, a concepção virginal de Maria mostra e exige o momento criativo divino. A nova criação da nova humanidade em Cristo é uma ação exclusiva de Deus. Ela “vem do alto”, sem a intervenção do ser humano. 

A maternidade virginal é, portanto, um evento que depende da iniciativa soberana de Deus, de tal forma que “o nascido da Virgem” é única e diretamente realizado por Deus, pela liberdade e pelo imediatismo do mistério de sua ação soberana (aspecto corporal), que suscita e exige a aceitação livre e a responsável disponibilidade de Maria que não conhece outro parceiro nem outro destinatário de sua dedicação que não seja Deus (aspecto espiritual). Em outras palavras: a virgindade corporal de Maria é o sinal psicofísico da sua dedicação a Deus.

O mistério da virgindade de Maria ilumina o próprio mistério da nova criação. A redenção é de fato obra da graça de Deus. Da parte de Deus, a nova criação depende de sua soberana iniciativa. Mas a soberania divina não se substitui à liberdade humana. Antes a suscita, a sustenta e a coroa. Assim A plena soberania de Deus na salvação pressupõe uma receptividade obediente. Maria, Mãe e Virgem, é o cume e a síntese tanto da receptividade humana quanto da mediação eclesial da salvação.



DOM JULIO ENDI AKAMINE 

Arcebispo Metropolitano de Sorocaba 

Créditos do áudio: Rádio Uniso