Salmo Responsorial 118(119)-R- Ensinai-me a fazer vossa vontade!
Evangelho Lucas 12,54-59
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 54Jesus dizia às multidões: “Quando vedes uma nuvem vinda do ocidente, logo dizeis que vem chuva. E assim acontece. 55Quando sentis soprar o vento do sul, logo dizeis que vai fazer calor. E assim acontece. 56Hipócritas! Vós sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que não sabeis interpretar o tempo presente? 57Por que não julgais por vós mesmos o que é justo? 58Quando, pois, tu vais com o teu adversário apresentar-te diante do magistrado, procura resolver o caso com ele enquanto estais a caminho. Senão ele te levará ao juiz, o juiz te entregará ao guarda e o guarda te jogará na cadeia. 59Eu te digo, daí tu não sairás, enquanto não pagares o último centavo”. – Palavra da salvação.
Meu irmão, minha irmã!
Rm 7,18-25
A leitura de Paulo descreve o drama da presença do mal no nosso coração. É uma coisa terrível: nós não somos capazes de fazer o bem sozinhos, mesmo que o desejemos muito: “eu tenho a capacidade de querer o bem, mas não de realizá-lo”. Essa não é uma teoria, e sim uma constatação que fazemos a toda hora. Deixados a nós mesmos, nós sempre tendemos ao mal. Muitas vezes as nossas boas intenções não só não nos dão a força de fazer o bem, mas se transformam em uma espécie de anestesia para a nossa consciência: nos iludimos, achando que basta ter boas intenções para que tudo esteja em ordem na nossa vida moral.
Pior do que tudo isso é que nossas boas intenções muitas vezes nos conduzem a más ações. Por exemplo, temos o desejo de amar, que é a coisa mais maravilhosa do nosso coração, mas em nome do amor podemos realizar ações que destroem a família e fazem sofrer os inocentes. O desejo de justiça é esplêndido, mas, em nome da justiça, quantas injustiças piores do que aquelas que sofremos podemos cometer! Também o desejo de perfeição pode levar ao farisaísmo e à hipocrisia, tão duramente condenadas por Jesus.
Todo esse desejo de bem que enche o nosso coração se torna vão e prejudicial pelo orgulho, pela ambição, pelo egoísmo. Também as boas obras acabam alimentando em nós a autocomplacência.
Todo esse drama é dramaticamente descrito por Paulo: “não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero. Descubro em mim esta lei: quando quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta”. Por isso ele clama: “Infeliz que sou”!
Nós só poderemos realmente fazer o bem, se formos salvos. E não só. Precisamos absolutamente que o Salvador que não só nos liberte do pecado, mas que permaneça conosco sempre e nos salve em cada ocasião de nossa vida. Nenhuma ação podemos realizar sozinhos, porque estaria inevitavelmente viciada pelo mal já na sua origem. Se, pelo contrário, realizamos uma ação com o nosso Salvador, inspirados, ajudados e sustentados por Ele, então a nossa ação será realmente boa. Além de garantir que seja uma ação autenticamente boa, tal auxílio do Salvador fará com que permaneçamos humildes, sem cair no orgulho de achar que sejamos nós a fonte do bem.
Peçamos ao nosso Salvador o grande dom de nos alegrar com a nossa incapacidade de fazer o bem sem a sua ajuda e que tal alegria nos leve a buscar uma cada vez mais profunda união com Cristo.