QUARTA-8TC

QUARTA-FEIRA DA 8ª SEMANA COMUM

29/05/2024 

São Paulo VI

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Primeira Leitura: 1 Pedro 1,18-25

Salmo Responsorial: 147(147B )R- Glorifica o Senhor, Jerusalém!

Evangelho: Marcos 10,32-45

Estavam a caminho, subindo para Jerusalém. Jesus ia à frente, e eles, assombrados, seguiam com medo. Jesus, outra vez, chamou os doze de lado e começou a dizer-lhes o que estava para acontecer com ele: 33     “Estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos sumos sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos pagãos. 34          Vão zombar dele, cuspir nele, açoitá-lo e matá-lo, mas três dias depois, ele ressuscitará”. 35 Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e lhe disseram: “Mestre, queremos que faças por nós o que te vamos pedir”. 36      Ele perguntou: “Que quereis que eu vos faça?” 37          Responderam: “Permite que nos sentemos, na tua glória, um à tua direita e o outro à tua esquerda!” 38       Jesus lhes disse: “Não sabeis o que estais pedindo. Podeis beber o cálice que eu vou beber? Ou ser batizados com o batismo com que eu vou ser batizado?” 39   Responderam: “Podemos”. Jesus então lhes disse: “Sim, do cálice que eu vou beber, bebereis, com o batismo com que eu vou ser batizado, sereis batizados. 40          Mas o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não depende de mim; é para aqueles para quem foi preparado”. 41 Quando os outros dez ouviram isso, ficaram zangados com Tiago e João. 42       Jesus então os chamou e disse: “Sabeis que os que são considerados chefes das nações as dominam, e os seus grandes fazem sentir seu poder. 43         Entre vós não deve ser assim. Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve,   44        e quem quiser ser o primeiro entre vós seja o escravo de todos. 45  Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos”.


Meu irmão, minha irmã

Mc 10,32-45

O Evangelho de hoje nos ajuda a refletir o mistério da Eucaristia e a nossa vida à luz desse mistério.

Na eucaristia o pão e o vinho são transformados (transubstanciados) no corpo e sangue de Cristo. Ora essa transformação ocorre por causa de outra transformação que é a que é descrita no Evangelho de hoje. 

No início o Evangelho de hoje há um verbo no passivo: o Filho do homem será entregue aos sumos sacerdotes e aos doutores da lei. Os verbos que se seguem exprimem o sentido desse “ser entregue”: Ele será condenado, será zombado, será torturado, será morto...

No fim do Evangelho há, porém, um verbo na voz ativa: o Filho do Homem veio para servir e dar a sua vida como resgate para muitos. Temos, portanto, uma transformação: o Filho do Homem será entregue (passivo); o Filho do homem veio para entregar a própria vida. O “ser entregue” se transforma em “entregar a vida”. 

Quando acontecem coisas penosas em nossa vida, nós espontaneamente sofremos passivamente os sofrimentos com a impressão de que eles não são justos. É comum perguntar: por que acontece comigo? O que fiz para receber esse mal?

Assim nós não somente ficamos passivos como também nos fechamos diante do evento que nos faz sofrer. 

Com Jesus acontece algo muito diferente. Ele sofreu uma dor realmente injusta, por isso seria de esperar que ele se rebelasse contra tal sofrimento. Mas ele transformou a pena injusta em sacrifício positivo. Ele aproveitou a morte injusta para entregar a própria vida. Ele transformou o passivo em ativo. É uma transformação realmente extraordinária tomar um evento tão negativo como a cruz para transformá-lo no sacrifício redentor do mundo, no sacrifício por amor.

Somente o coração de Jesus podia realizar essa transformação. E essa transformação é a condição para que aconteça a transubstanciação eucarística. Se Jesus não tivesse transformado o sofrimento injusto em dom generoso de amor, Ele também não teria podido dar o seu corpo como alimento e o seu sangue como bebida de salvação.

A eucaristia, dessa maneira, transforma também a nossa vida, fazendo com que os sofrimentos, mesmo os injustamente impostos, sejam transformados em sacrifício generoso em união com Cristo crucificado e ressuscitado. Graças à Eucaristia essa força de transformação age em nós pelo Espírito Santo.



DOM JULIO ENDI AKAMINE

Arcebispo Metropolitano de Sorocaba

Créditos do áudio: Rádio Uniso