Salmo Responsorial 36(37)R- A salvação de quem é justo, vem de Deus!
Evangelho Lucas 17,7-10
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, disse Jesus: 7“Se algum de vós tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: ‘Vem depressa para a mesa’? 8Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ‘Prepara-me o jantar, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois disso tu poderás comer e beber’? 9Será que vai agradecer ao empregado, porque fez o que lhe havia mandado? 10Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’”. – Palavra da salvação.
Meu irmão, minha irmã!
Tt 2,1-8,11-14
A leitura da carta a Tito nos revela como era a comunidade cristã dos inícios. Esse retrato do cotidiano da Igreja é muito significativo para o modo como vivemos o nosso cotidiano de Igreja.
Primeiramente vemos que comunidade dirigida por Tito era composta de idosos, jovens, mulheres e homens de todas as proveniências. A comunidade cristã de Tito não era monocromática e homogênea: não era uma seita formada somente de uma classe de pessoas: livres, escravos, judeus, gregos. A comunidade cristã desde o seu início sempre teve lugar para os contrastes e, ao mesmo tempo, sempre foi um lugar que acolhia a todos em vista da unidade.
As recomendações morais de Paulo para a comunidade cristã são simples e quase banais. Revelam, porém, que a vida cristã é feita do cotidiano: cuidados da casa e do marido, educação dos filhos, amor entre esposo e esposa, moderação para os jovens, ser irrepreensível na palavra. É admirável a atualidade disso tudo para nós: a santidade deve ser vivida no cotidiano e o cotidiano é vivido com santidade.
Lc 17,7-10
Diante de Deus ninguém deve ter a pretensão de reivindicar direitos e de exigir recompensas. Assim como é absurdo se colocar na posição de quem manda em Deus, é igualmente um delírio de soberba e de arrogância achar que Deus seja o nosso devedor por termos feito o que Ele nos mandou. A nossa relação com Deus não é a das trocas comerciais.
Deus não nos impõe mandamentos a serem cumpridos para, depois, nos conceder créditos e recompensas. Nossa relação com Deus não é a relação com um plano de fidelidade: conforme vamos cumprindo os mandamentos, acumulamos pontos que, depois, podem ser trocados por recompensas. Quem assim pensa a sua relação com Deus, não entendeu nada do cristianismo.
A leitura do Evangelho de hoje, na sua crueza e dureza, é um antídoto para esse tipo de mesquinhez que pode envenenar e destruir nossa relação com Deus.
A nossa posição diante de Deus é a do escravo que recebe a ordem que o Senhor lhe deu. O escravo não tem direito ao pagamento. Por isso, se ele obedece ao seu senhor não é porque deseja receber pagamento, mas porque reconhece que deve obedecer. Da mesma maneira, o verdadeiro discípulo de Cristo obedece a Deus simplesmente porque reconhece Deus como o seu Senhor e que lhe compete estar sempre ao seu serviço. O cristão obedece porque reconhece que vale a pena realizar o que Deus manda porque Ele é Deus. O cristão nunca pensa que Deus possa ser seu devedor, por mais que tenha cumprido até o fim a sua vontade. Reconhece-se servidor e não se importa nem com a recompensa nem com o castigo.
Posso servir a Deus por medo do castigo. Mas essa é a atitude do escravo. Posso servir a Deus por causa da recompensa, mas essa atitude converte Deus em meu devedor e perverte a relação com Deus numa relação interesseira. Posso servir a Deus porque o reconheço Deus e a mim mesmo como seu servidor. Sirvo-o não por medo do castigo nem pelo interesse na recompensa, mas por causa dEle mesmo. No fim das contas, sirvo-o porque o amo como Deus, não amo suas recompensas nem o temo pelos seus castigos.