Prezados irmãos e irmãs!
Estamos hoje celebrando o 19º domingo do tempo comum. Neste tempo ano B estamos lendo o evangelho de São Marcos. Porém já há duas semanas, esta já é a terceira, e ainda leremos por mais três semanas consecutivas o capítulo 6º do Evangelho de São João. Esse longo capítulo 6º é conhecido como o discurso do Pão da Vida.
Mas antes de refletir, de pensar, de orar a partir do Evangelho, eu gostaria de considerar, de convidar os irmãos e irmãs que agora refletem a Palavra de Deus e comigo rezam, a captar o contexto em que hoje estamos vivendo, o segundo domingo do mês de agosto.
O mês de agosto, para a Igreja do Brasil, é um mês muito importante, muito significativo, porque a Conferência Episcopal convida toda a Igreja para rezar, refletir, fazer projetos, encaminhar decisões, a assumir, enfim, um tema muito importante não só para a Igreja, mas também para todas as pessoas: a questão das vocações.
Vocação é uma palavra da língua portuguesa que procede de um verbo da língua latina, verbo vocare, cuja tradução é “chamar”. Deus nos chama. Por amor ele nos chama, por amor ele nos capacita, e, com as capacidades que Deus nos deu, nós nos tornamos construtores do bem comum, servidores uns dos outros, porque não as deu para nós mesmos, mas no-las deu para que sirvamos os outros e sejamos, assim, construtores do bem comum, isto é, do seu Reino.
E hoje nós celebramos a vocação da paternidade. Deus abençoe você, papai, você que participa com Deus da obra criadora. Ser pai é participar da obra criadora de Deus, que é Pai. Assume a obra do Pai para manifestar, para ser clara a dimensão e a imensidão de seu amor por todos nós.
Deus abençoe você, papai. Deus perdoe aqueles pais que talvez assustados ou por outras razões que não nos compete julgar, não assumiram a paternidade. Deus abençoe também a tantos outros pais que, não tendo participado da concepção, assumem filhos que não geraram: os tios, os avós, os que adotaram.
Deus abençoe também a muitos pais que, pelo contexto da vida, tiveram que exercer também a maternidade, e elas, também, que no contexto da vida, num desafio imenso, tiveram que assumir a paternidade. Deus abençoe a todos e tenha junto de si os nossos pais que pelo mundo, pelo tempo, passou recolhendo.
Também nesta semana nós celebraremos a festa da padroeira de nossa cidade, de nossa arquidiocese, a Virgem Maria, sob o título de Nossa Senhora da Ponte, que une e aproxima o que está distante, e que une o que está separado. Que Nossa Senhora da Ponte nos ajude a todos, abençoando também a nossa cidade e a todo o povo sorocabano.
Hoje, como já disse, o décimo nono domingo do tempo comum, capítulo 6º do Evangelho de São João, versículos 41 a 51, que passo a ler:
Naquele tempo, os judeus começaram a murmurar a respeito de Jesus, porque havia dito: “Eu sou o pão que desceu do céu”. Eles comentavam: “Não é este Jesus, o filho de José? Não conhecemos seu pai e sua mãe? Como então pode dizer que desceu do céu? Jesus respondeu: “Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai. E eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos Profetas: `Todos serão discípulos de Deus.' Ora, todo aquele que escutou o Pai e por ele foi instruído, vem a mim. Não que alguém já tenha visto o Pai. Só aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. Em verdade, em verdade vos digo, quem crê, possui a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer, nunca morrerá. Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo'. Palavra da Salvação. Glória a vós, Senhor!
Além deste texto do Evangelho de São João que nós lemos, a liturgia também nos traz a carta aos Efésios capítulo 4, versículo 30, até o versículo 2 do capítulo 5. Nesses versículos da carta aos Efésios nós encontramos algumas recomendações muito práticas da parte de Paulo e que são muito importantes para nós, que queremos ser cristãos, discípulos de Jesus, membros da comunidade eclesial. Ele nos recomenda seis coisas das quais nós devemos nos afastar. São vícios que se fazem presentes em nós e deles precisamos nos libertar. Diz o Apóstolo: são esses os vícios: a rispidez, a indignação, a ira, a gritaria, a maledicência e a malignidade. Vícios que só nos fazem mal. E quantas vezes vivemos irados, indignados, ríspidos uns com os outros! É preciso vencer estes vícios, que só nos fazem mal.
E o próprio Apóstolo, logo em seguida, no versículo seguinte, fala de três virtudes tão práticas, tão concretas, acessíveis a todos nós, que também devemos praticar, a saber: a cordialidade, a afabilidade e a misericórdia. Ser cordial, ser afável e misericordioso. Aliás, é importante lembrar que a misericórdia é a primeira das características de Deus.
Jesus muitas vezes olha para o povo e sente compaixão, tem misericórdia, vê que são ovelhas que não têm pastor. O samaritano que socorreu aquele homem que estava caído, movido de compaixão, cheio de misericórdia. Sua misericórdia nasce do coração de Deus e é a raiz do amor.
Hoje, capítulo 6º de São João, busquemos muito, constantemente, o alimento, o Pão Vivo que é Jesus. Não nos iludamos com alimentos passageiros que nos satisfazem momentaneamente e depois nos deixam vazios, cansados, decepcionados. Então, buscamos outro alimento, buscamos outro pão, queremos nos saciar com outras coisas, mas só Jesus, Plenitude, é Pão que nos alimenta, é sustento que nos garante, é um Pão que vem do céu e nos manifesta plenamente a Deus, que ele conhece. E se queremos conhecer Deus é preciso que olhemos para Jesus, que nas suas atitudes tão concretas, tão humanas, se faz tão parecido, tão igual a nós, mas, é claro, exceto no pecado.
Não nos cansemos de vencer nossos vícios, vivendo as virtudes recomendadas pelo Apóstolo, e assim ter sempre o alimento que procede de Deus, o Pão que é descido do céu, que é Jesus. AMÉM!
Pe. Tadeu Rocha Morais, pároco da Paróquia Catedral da Arquidiocese de Sorocaba SP