SEXTA-2Q

6ª FEIRA DA 2ª SEMANA DA QUARESMA

01/03/2024


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Primeira Leitura: Gênesis 37,3-4.12-13.17-28 

Salmo Responsorial: 104(105)R- Lembrai sempre as maravilhas do Senhor! 

Evangelho: Mateus 21,33-43.45-46 

Naquele tempo, dirigindo-se Jesus aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo, disse-lhes: 33Escutai esta outra parábola: Certo proprietário plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, fez nela um lagar para esmagar as uvas e construiu uma torre de guarda. Depois arrendou-a a vinhateiros, e viajou para o estrangeiro. 34Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos vinhateiros para receber seus frutos. 35Os vinhateiros, porém, agarraram os empregados, espancaram a um, mataram a outro, e ao terceiro apedrejaram. 36O proprietário mandou de novo outros empregados, em maior número do que os primeiros. Mas eles os trataram da mesma forma. 37Finalmente, o proprietário, enviou-lhes o seu filho, pensando: 'Ao meu filho eles vão respeitar'. 38Os vinhateiros, porém, ao verem o filho, disseram entre si: 'Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo e tomar posse da sua herança!' 39Então agarraram o filho, jogaram-no para fora da vinha e o mataram. 40Pois bem, quando o dono da vinha voltar, o que fará com esses vinhateiros?' 41Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: 'Com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo.' 42Então Jesus lhes disse: 'Vós nunca lestes nas Escrituras: 'a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isto foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos'? 43Por isso eu vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos. 45Os sumos sacerdotes e fariseus ouviram as parábolas de Jesus, e compreenderam que estava falando deles. 46Procuraram prendê-lo, mas ficaram com medo das multidões, pois elas consideravam Jesus um profeta. Palavra da Salvação.


Meu irmão, Minha irmã! 

Mt 21,33-43

Esta parábola não fala somente da punição futura, mas demonstra claramente a natureza da culpa dos líderes religiosos e por qual motivo deveriam ser punidos: eles iriam assassinar o Filho.

Aquela vinha contava com todas as benfeitorias possíveis. A vinha é o povo de Deus: pela providência de Deus, o povo escolhido tinha todas as vantagens, semelhante à de uma vinha bem organizada. Plantou uma vinha (obra de Deus, graça), pôs uma cerca em volta (=proteção, identidade, predileção), fez nela um lagar (espera os frutos, a justiça e a misericórdia) e construiu uma torre de guarda (os profetas para advertir e não permitir a perversão no pecado). Israel recebeu a lei e os profetas, inclusive orientações específicas. Como uma vinha bem cultivada, nada faltava ao povo de Deus.

Quando chegou o tempo da colheita... Mandou de novo outros empregados

Deus esperou bons frutos de seu povo, como um proprietário cuidadoso espera abundância de uvas. Apesar de todos as providências tomadas, a preparação cuidadosa e o trabalho feito com carinho, os frutos não foram entregues, não porque a vinha não tenha produzido fruto, mas porque os arrendatários se apossaram injustamente da vinha. 

Esse é o pecado dos responsáveis religiosos: a impiedade deles não se modificou com a passagem do tempo, apesar de haver um aumento do número dos profetas enviados. Pelo contrário, o envio de outros profetas serviu para intensificar a violência dos vinhateiros. Ao invés de entregar a produção dos frutos, os vinhateiros ficaram ainda mais pervertidos, pensando que podiam escapar do castigo. O proprietário está “longe” e eles pensam que suas más ações poderiam escapar do castigo. Eles parecem presos e cegados pela noção de que nenhum castigo lhes sobrevirá. Essa atitude só causa a piora da situação moral e a desintegração da consciência moral. Não é o mesmo que acontece hoje? Indivíduos estão tão habituados em agir contra o direito e a justiça, estão tão seguros de que não devem prestar contas a ninguém nem à própria consciência que acabam por perverter a própria personalidade.

O proprietário da vinha, no entanto, não desiste e toma uma decisão derradeira: envia o filho pensando, “ao meu filho eles vão respeitar”. Aí está uma pessoa que mereceria o respeito de todos, até mesmo de pessoas más e perversas. Os profetas eram apenas servos do proprietário, ao passo que Jesus é o Filho único e amado. A expressão “respeitarão o meu filho” mostra como é grave a culpa de não terem acolhido reverentemente o Filho de Deus.

Os vinhateiros o reconheceram, mas se tornaram ainda mais gananciosos e violentos do que nunca: Este é o herdeiro. Em suas mentes pervertidas calcularam que morte dele só poderia beneficiá-los grandemente. Pensavam que, matando o herdeiro, a herança passaria às mãos deles. Eis a loucura e a estupidez sem nome de homens que gradualmente arruinaram a sua própria consciência moral.

O que fará com esses vinhateiros? A reação dos ouvintes de Jesus não podia ser outra. Mas condenando os vinhateiros, os ouvintes declaram, eles próprios, que punição merecem e confessam a própria culpa.

Nós vemos com facilidade e com clareza a necessidade de castigo para os outros pecadores, mas ficamos cegos para com nossas próprias iniquidades. Que Deus nos ajude a não sermos cegos. “Eu esperava deles frutos de justiça – e eis injustiça; esperava obras de bondade – e eis iniquidade” (Is 5,7).



DOM JULIO ENDI AKAMINE

Arcebispo Metropolitano de Sorocaba 

Créditos do áudio: Rádio Uniso