Salmo Responsorial -86(87) R-Cantai louvores ao Senhor, todas as gentes.
Evangelho: João 10,22-30
Celebrava-se em Jerusalém a festa da Dedicação do Templo. Era inverno. Jesus passeava pelo Templo, no pórtico de Salomão. Os judeus rodeavam-no e disseram: “Até quando nos deixarás em dúvida? Se és o Messias, dize-nos abertamente”. Jesus respondeu: “ Já vo-lo disse, mas vós não acreditais. As obras que faço em nome do meu Pai dão testemunho de mim. Vós, porém, não acreditais, porque não sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão. Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai. Eu e o Pai somos um”. Palavra da Salvação.
Meu irmão, minha irmã!
At 11,19-26
A leitura nos dá notícias de como o Evangelho se difunde de maneira inesperada superando fronteiras nacionais e étnicas. Depois do martírio de Estevãos, muitos cristãos de Jerusalém tiveram que fugir da capital e se dispersaram, chegando até a Fenícia, Chipre e Antioquia. Ao serem obrigados a fugir e se dispersar, disseminaram também o Evangelho.
A chegada do Evangelho à cidade de Antioquia é um fato importante e decisivo para a missão da Igreja. Antioquia, ao lado de Roma e de Alexandria, era um importante centro de irradiação cultural. Era uma metrópole populosa e pluralista em raças, povos, culturas, línguas e religiões. Mais interessante ainda é que a chegada o Evangelho em Antioquia foi obra de missionários anônimos. Foi pelo testemunho missionário desses missionários anônimos que a obra da evangelização progrediu em lugares novos. Foi uma obra sem autorização especial, sem organização e sem propaganda. Não foi, porém, sem entusiasmo, sem a força do Espírito e sem alegria.
O que anunciaram esses missionários anônimos? O anúncio é breve e fundamental: Jesus é o Senhor. Parece pouco, mas nesse anúncio está tudo. Naquela época, as pessoas e os povos tinham muitos “senhores-deuses”. Por isso a afirmação “Jesus é o Senhor” tem a força de uma exclusividade: não há outros deuses, somente o único Senhor.
Sem esquecer a ação decisiva de missionário anônimos, aparecem dois nomes importantes da obra evangelizadora da Igreja: Barnabé e Paulo. Barnabé aparece como o encarregado oficial da missão em Antioquia, com a autoridade oficial da Igreja de Jerusalém. Foi Barnabé que foi buscar Paulo em Tarso e o apresentou aos Apóstolos. Esse gesto de apresentação é muito mais do que mera identificação. Foi a integração de Paulo à grande obra missionária da Igreja. Consistiu na legitimação de Paulo como missionário da Igreja.
Por fim, um detalhe que não é detalhe. Foi em Antioquia que os discípulos de Cristo começaram a ser chamados de “cristãos”. O surgimento do nome é muito significativo. De agora em diante o cristianismo é reconhecido por todos com uma identidade própria e madura. Não é somente mais uma seita ao interno do judaísmo. O cristianismo tem consistência e personalidade próprias. Trata-se de uma nova realidade expressa por um nome novo: cristãos, cristianismo.
Jo 10,22-30
“Vós não acreditais porque não sois das minhas ovelhas”. Para nós a frase correta não seria essa, mas uma outra: “Vós não sois das minhas ovelhas porque não acreditais”. Quem crê pertence ao rebanho de Cristo; para pertencer ao rebanho de Cristo é necessário crer. Jesus, no entanto, inverte causa e efeito: “Vós não acreditais porque não sois minhas ovelhas”.
Mais uma vez reencontramos a relação com Deus Pai como condição para adesão a Cristo. É necessário que o Pai atraia a pessoa para que ela possa crer. É necessário que o Pai dê tal pessoa ao Filho para que possa crer. “Vós não acreditais porque não sois minhas ovelhas” significa: “meu Pai não vos deu a mim e por isso não acreditais”.
Quando Jesus se apresenta a uma pessoa preparada pelo Pai, ela o reconhece. É aquilo que podemos chamar de “amor à primeira vista”. No encontro com Jesus acontece um tipo de mútuo reconhecimento: o Mestre reconhece a sua ovelha, e esta reconhece o seu pastor.
Há ainda no mundo tantas ovelhas que ainda não pertencem ao rebanho de Cristo. A partir dessa constatação e daquilo que o Evangelho indica, devemos cultivar duas atitudes.
A primeira é a da confiança e humildade. Há muitas pessoas preparadas pelo Pai, que o Pai deu ao Filho, mas que ainda não estão no rebanho porque só lhes falta o anúncio. Uma vez que se dê o anúncio, será amor à primeira vista. Apesar de todas as diferenças, obstáculos, dificuldades, resistências internas e externas, próprias e alheias o fruto do trabalho apostólico será abundante porque é o Pai que atrai. Diante de nós não se apresenta qualquer tipo de preparação ao evangelho: foi o próprio Pai que atraiu, preparou as pessoas. Por isso a confiança de saber que estamos diante da colheita preparada pelo Pai, e a humildade de reconhecer e respeitar aquilo que foi preparado.
A segunda atitude é a da responsabilidade. Para que se dê o encontro vivo com Cristo é preciso que os evangelizadores deem testemunho. É uma responsabilidade para os que pertencem ao rebanho de Cristo fazer ressoar a voz do Senhor.