Salmo Responsorial 145(146)-R-Vinde, Senhor, para salvar o vosso povo!
2ª Leitura: Tiago 5,7-10
Evangelho de Mateus 11,2-11
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 2João estava na prisão. Quando ouviu falar das obras de Cristo, enviou-lhe alguns discípulos para lhe perguntarem: 3“És tu aquele que há de vir ou devemos esperar um outro?” 4Jesus respondeu-lhes: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: 5os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados. 6Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!” 7Os discípulos de João partiram, e Jesus começou a falar às multidões sobre João: “O que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? 8O que fostes ver? Um homem vestido com roupas finas? Mas os que vestem roupas finas estão nos palácios dos reis. 9Então, o que fostes ver? Um profeta? Sim, eu vos afirmo, e alguém que é mais do que profeta. 10É dele que está escrito: ‘Eis que envio o meu mensageiro à tua frente; ele vai preparar o teu caminho diante de ti’. 11Em verdade vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista. No entanto, o menor no reino dos céus é maior do que ele”. – Palavra da salvação.
De conversão em conversão, na alegria da visita de Deus!
Prezados irmãos e irmãs!
Vivemos novos tempos, nos quais ressoa a voz do Espírito, convidando-nos a uma verdadeira conversão, que não apenas transforme nosso coração e o curto horizonte de nossos relacionamentos comunitários, mas alcance a vastidão da humanidade e da criação de Deus, pois como nos recorda São Paulo, toda a criação aguarda a manifestação dos filhos e filhas de Deus, gemendo dores de parto. A isso, chamamos conversão ecológica, como também nos exorta hoje o Papa Francisco desde sua Encíclica "Laudato Sí". Antes que os lábios humanos cantassem a glória de Deus, ecoando a voz dos Anjos, a criação inteira manifesta a glória de Deus em sua beleza, perfeição e majestade, e aguarda sua redenção.
O ano litúrgico que acabamos de iniciar nos convida a meditar a salvação tendo como ponto de partida a Palavra de Deus dirigida a tudo que foi criado, à terra inteira, e seus habitantes, para que saia da solidão, experimente fecundidade, redescubra a amizade, partilhe na fraternidade, florescendo na unidade. Assim, começam as palavras do profeta Isaías, na primeira leitura. À criação, primeiro, ecoa o convite à alegria, que dá tom a este terceiro domingo do advento.
Dando voz à criação, ecoa o louvor de Israel, cantado no Salmo responsorial. Dá voz ao louvor e proclama o Nome do seu autor, pois quem liberta a criação do silêncio e da solidão é o Senhor Deus que se revela em Israel. Uma terra desabitada, que não comunica nada a ninguém, parece uma oposição ao ser divino trinitário, verdadeira comunhão de amor desde a eternidade. Deste modo, a criação "engravida" do desígnio divino, na medida em que floresce, gera a vida, comunica o que recebeu de Deus, cantando seus louvores, saindo da prisão da solidão que a fazia cativa.
O povo do Antigo Testamento também precisa se descobrir em comunhão com todo o universo criado, desde a terra, os animais, os irmãos de sangue e de fé, sem esquecer dos outros, por vezes chamados de estrangeiros e pagãos, mas que também experimentam em suas vidas o mesmo desígnio criador divino: sair da solidão pela comunhão e gerar vida e descendência sobre a terra. Este caminho de compreensão da vontade de Deus, histórico e lento, pede de Deus e da humanidade, a paciência do agricultor citado por São Tiago na segunda leitura, que aguarda a chuva.
Aqui recordamos que a fonte da fecundidade é Deus, com sua chuva de graças que torna possível dar não apenas de nós mesmos, mas daquilo que recebemos do Senhor. O povo de Israel foi chamado a espalhar a luz da fé entre os povos, mas muitos preferiram as trevas à luz. A Igreja de Cristo, novo povo de Deus, também é chamada a ser o farol da fé, para que em meio às tempestades dos tempos, aportemos todos em Cristo. São João Batista veio, na vocação de Israel, como farol, para sustentar a luz de Cristo brilhando na direção da salvação, indicando o caminho. Ele não era a luz, mas veio como testemunha da luz. E sua missão se concretiza na medida em que apresenta Jesus.
Embora Deus Pai tenha criado tudo e todos para retirar a terra da solidão original, o pecado ao entrar no mundo, impetra no universo criado um nível de solidão tão mais profundo que somente o Autor da Vida poderia destruir esta prisão, libertando todos os cativos. Eis a obra de Jesus e o nexo entre a celebração do Natal e Páscoa que não tarda chegar. Em meio às tristezas desta vida, gerados na solidão do pecado original, somos visitados por Deus em seu Filho. Esta bendita visita que celebramos no Natal nos convida a redescobrir a alegria da partilha superabundante que Deus fez conosco de sua vida. Por isso, também o Natal nos convida a partilhar o que recebemos de Deus, a alegria da comunhão que nos tira da solidão, e a fecundidade de espalhar o agradável odor de Cristo, com a esperança de que todos os povos possam ver a sua glória e se alegrar conosco.
Enquanto aguardamos esta bendita manifestação dos filhos e filhas de Deus, e o nascimento da nova humanidade que ainda está sendo gerada, em esperança e com paciência, cantamos a Santidade de Deus, unidos a todas as criaturas, na liturgia e na vida. E assim, como São João Batista, mantemos o farol da justiça aceso para que todos possam aportar em Jesus Cristo.
Santo Domingo.
Padre Rodolfo Gasparini Morbiolo
Paróquia Santa Maria dos Anjos - Vitória Régia - Sorocaba/SP