SEGUNDA-5Q

2ª FEIRA DA 5ª SEMANA DA QUARESMA

18/03/2024 

São Cirilo de Jerusalém (comemoração)

LINKS AUXILIARES:


Leitura: Daniel 13, 1-9.15-17.19-30.33-62 (Ou mais breve: 13,41c-62)

Salmo Responsorial 22(23)-R- Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei, estais comigo.  

Evangelho: João 8, 1-11

Naquele tempo: 1Jesus foi para o monte das Oliveiras. 2De madrugada, voltou de novo ao Templo. Todo o povo se reuniu em volta dele. Sentando-se, começou a ensiná-los. 3Entretanto, os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Colocando-a no meio deles, 4disseram a Jesus: 'Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. 5Moisés na Lei mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?' 6Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever com o dedo no chão. 7Como persistissem em interrogá-lo, Jesus ergueu-se e disse: 'Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra.' 8E tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. 9E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho, com a mulher que estava lá, no meio do povo. 10Então Jesus se levantou e disse: 'Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou ?' 11Ela respondeu: 'Ninguém, Senhor.' Então Jesus lhe disse: 'Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais.' Palavra da Salvação.



Meu irmão, minha irmã!

Jo 8,1-11

Os escribas e fariseus levam a Jesus uma mulher surpreendida em flagrante adultério. Querem saber se Jesus é fiel à lei que manda lapidar as adúlteras.

Jesus imediatamente vê o que os acusadores daquela mulher não conseguem ver. Jesus fixou nos olhos aquela mulher e leu no seu coração: lá encontrou o desejo de ser compreendida, perdoada e libertada. 

Jesus, inclinando-se, escreve com o dedo na terra. Faz isso de propósito, ou melhor, com propósito. Deseja dar tempo, fazer refletir, fazer despertar a consciência das pessoas. A quem pretendia julgá-la e condená-la à morte, Jesus responde com um primeiro longo silêncio, cujo intuito é deixar emergir a voz de Deus tanto na consciência da mulher como nas dos seus acusadores.

Como os acusadores insistem, Jesus precisa tomar a palavra para apelar para a consciência de cada um: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”.

Segue-se um segundo longo silêncio; Jesus volta a escrever no chão, agora para esperar que quem não tiver pecado execute a sentença de morte. Essa atitude serena de Jesus revela uma força extraordinária que desmascara o pecado mais grave daqueles que acusam a pecadora.

Nesse segundo longo silêncio, Jesus obriga a própria consciência a voltar-se para si mesma. Os acusadores se voltavam para fora unicamente dedicados a acusar e a condenar os outros em vez de se examinarem a si mesmos. Estavam atentos ao pecado da mulher, mas perdiam de vista a si mesmos. Exigiam o cumprimento da lei, mas eles mesmos não viviam interiormente o que a lei prescrevia. De fato, não há condenação mais firme do que viver a castidade.

O veredito é claro: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. Em outras palavras: cada um de vós se examine a si mesmo, se apresente ao tribunal da própria alma, se constitua diante do tribunal da própria consciência. A reação ante esse apelo à própria consciência é surpreendente: “ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos”. 

Permaneceram somente Jesus e a mulher; permaneceram somente a mísera e a Misericórdia.

Levantando-se, Jesus pergunta: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou? Ela respondeu: 'Ninguém, Senhor.' Então Jesus lhe disse: 'Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”.

Precisamos prestar atenção: Jesus não diz para a mulher que ela pode ir e continuar a viver como lhe pareça melhor. Absolutamente não! Ele diz: “de agora em diante não peques mais”. Desta forma, Jesus ajuda a pecadora a olhar para o futuro com esperança, pronta a começar a vida nova; a partir de agora, se quiser, poderá “viver no amor” (Ef 5,2). Depois que se revestiu da misericórdia, embora permaneça a condição de fraqueza por causa do pecado, tal condição é dominada pelo amor que consente de olhar mais além e viver de maneira diferente.

O perdão não é esquecer o passado; não é cancelar o passado. O mal cometido não pode ser mais cancelado, nem a morte vai cancelar o mal cometido! O perdão é a possibilidade de uma vida nova, de um futuro novo. Jesus não perdoa o pecado, perdoa o pecador, ou seja, abre ao pecador a possibilidade de começar uma nova vida. Vá, e de agora em diante não peques mais.



DOM JULIO ENDI AKAMINE 

Arcebispo Metropolitano de Sorocaba 

Créditos do áudio: Rádio Uniso