Salmo Responsorial: 26(27) R- Ao Senhor eu peço apenas uma coisa: / habitar no santuário do Senhor.
Evangelho João 6,1-15
Naquele tempo: 1Jesus foi para o outro lado do mar da Galiléia, também chamado de Tiberíades. 2Uma grande multidão o seguia, porque via os sinais que ele operava a favor dos doentes. 3Jesus subiu ao monte e sentou-se aí, com os seus discípulos. 4Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. 5Levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão estava vindo ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: 'Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?' 6Disse isso para pô-lo à prova, pois ele mesmo sabia muito bem o que ia fazer. 7Filipe respondeu: 'Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um'. 8Um dos discípulos, André, o irmão de Simão Pedro, disse: 9'Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que é isso para tanta gente?' 10Jesus disse: 'Fazei sentar as pessoas'. Havia muita relva naquele lugar, e lá se sentaram, aproximadamente, cinco mil homens. 11Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes. 12Quando todos ficaram satisfeitos, Jesus disse aos discípulos: 'Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca!' 13Recolheram os pedaços e encheram doze cestos com as sobras dos cinco pães, deixadas pelos que haviam comido. 14Vendo o sinal que Jesus tinha realizado, aqueles homens exclamavam: 'Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deve vir ao mundo'. 15Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte. Palavra da Salvação.
Meu irmão, minha irmã!
At 5,34-42
A defesa de Pedro diante do Sinédrio jogou por terra as duas acusações feitas contra os apóstolos: de desobediência e de difamação.
A responsabilidade das autoridades religiosas pela morte de Jesus era evidente. A desobediência dos apóstolos à proibição de pregar o nome de Jesus era motivada por uma obediência superior, ou seja, a obediência a Deus.
Essa defesa de Pedro provoca fúria e indignação violenta: o Sinédrio delibera sobre a morte dos apóstolos.
Nesse momento se levanta Gamaliel que é membro do Sinédrio. Sua posição contrasta com a hostilidade aberta de muitos outros do Sinédrio. Sua argumentação se baseia em dois fatos históricos e em um critério de julgamento e de ação. Os dois fatos se referem aos movimentos revolucionários de Teudas e de Judas, o galileu. Tanto um quanto outro se apresentaram como salvadores da pátria e como messias enviados por Deus. E mesmo que tenham tido seguidores e pessoas que acreditaram neles, esses dois morreram juntamente com os movimentos rebeldes que eles promoveram. A conclusão desses dois fatos históricos é de que todo falso movimento messiânico se desfaz por si mesmo.
O mesmo vale para o movimento cristão. Se ele for falso, acabará por si mesmo. Nesse caso a oposição ao cristianismo é totalmente desnecessária. Mas se o movimento cristão for obra de Deus, a oposição será inútil, culposa e ímpia.
Essa forma de pensar de Gamaliel foi aceita pelo Sinédrio. Os apóstolos foram postos em liberdade depois de terem sido açoitados.
A reação dos apóstolos é surpreendente. Eles se alegram. A alegria deles não é motivado por terem sido milagrosamente libertados do perigo, nem por terem sido libertados do medo. A alegria deles é paradoxal: alegram-se por terem sido dignos de sofrerem em comunhão com Jesus. Trata-se da bem-aventurança de Jesus.
O Evangelho segue progredindo entre as pessoas apesar de todos os obstáculos. Essa é a constante do livro dos Atos dos Apóstolos. Seja essa também a dinâmica de nossa vida cristã: que o evangelho de Jesus progrida em minha vida e na vida das pessoas com quem convivo
Jo 6,1-15
A multiplicação dos pães deve ser lida à luz da ressurreição de Cristo. É verdade que Cristo multiplicou os pães antes de morrer e ressuscitar, mas a multiplicação dos pães é um sinal que revela algo que não se limita à própria multiplicação.
Lemos a narrativa da multiplicação dos pães no tempo da páscoa, porque quem dá o pão vivo, o pão do céu, o pão que dá a vida eterna é o Jesus ressuscitado. Ou melhor. O pão vivo é o próprio Jesus. Uma vez ressuscitado, Jesus pode se dar a nós em todo o tempo e lugar. Pode se dar totalmente a nós.
São João escreve que “Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus”. Esse detalhe não é banal. A multiplicação dos pães só pode ser entendida em sua profundidade somente em conexão com a páscoa de Cristo, com a sua crucifixão e com a sua ressurreição.
João conclui o relato dizendo que “Jesus, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, retirou-se de novo, sozinho, para o monte”.
Jesus não aceita satisfazer os sonhos de felicidade e de grandeza política do povo: um rei que resolve os problemas econômicos com tanta facilidade será um rei que trará a prosperidade material. Jesus não quer limitar sua missão a resolver problemas políticos e econômicos. Ele não quer ser um rei desse tipo. Ele deseja ser o verdadeiro pastor de todas as pessoas.
Por isso a multiplicação dos pães é uma figura da obra que Jesus realizará na sua paixão e ressurreição. A pergunta de Jesus para André tem a sua resposta na páscoa de Jesus.
Ele perguntou a André: “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?”. Na cruz, Jesus dá o seu corpo e o seu sangue para nós. Ele sacia a nossa fome com Ele mesmo. Ele é o pão que nos alimenta para a vida eterna. Na Ressurreição, a doação da cruz se eterniza e se torna sempre atual. Ele continua se doando a nós na cruz por causa da ressurreição!
Agradeçamos a Jesus por Ele ser o nosso alimento através do sacrifício da cruz e acolhamos esse dom. Para receber o dom de Jesus mesmo, dado a nós na cruz, devemos ter fé. A fé é a condição para entrar na comunhão com Jesus, é a condição para entrar na comunhão com todos os que recebem o mesmo pão da vida.