SEGUNDA-22TC

2ª FEIRA DA 22 ª SEMANA COMUM

02/09/2023

LINKS AUXILIARES:


 1ª Leitura: 1 Coríntios 2,1-5

Salmo Responsorial 118(119)- R- Quanto eu amo, ó Senhor, a vossa lei! 

 Evangelho Lucas 4, 16-30

Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 16veio Jesus à cidade de Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, entrou na sinagoga no sábado e levantou-se para fazer a leitura. 17Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que está escrito: 18“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a boa-nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos 19e para proclamar um ano da graça do Senhor”. 20Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 21Então começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. 22Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca. E diziam: “Não é este o filho de José?” 23Jesus, porém, disse: “Sem dúvida, vós me repetireis o provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo. Faze também aqui, em tua terra, tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum”. 24E acrescentou: “Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. 25De fato, eu vos digo, no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel. 26No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva que vivia em Sarepta, na Sidônia. 27E no tempo do profeta Eliseu havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio”. 28Quando ouviram essas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. 29Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até o alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. 30Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho. – Palavra da salvação


Meu irmão, minha irmã! 

 O episódio da pregação de Jesus na sinagoga de Nazaré tem um valor programático. Na pregação de Jesus está todo o programa de seu ensinamento e de sua vida. Por isso, é importante que compreendamos bem o significado das palavras que Jesus profere na Sinagoga de Nazaré.

A pregação de Jesus tem dois momentos bem diferentes. Em um primeiro momento Jesus lê a profecia de Isaías e declara que tal profecia se cumpre com a sua presença. De fato, Jesus proclama o ano da graça do Senhor. A reação dos nazarenos é muito positiva: todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca. Todos ficaram encantados com Jesus.

Em um segundo momento, porém, Jesus continua a pregar, citando o exemplo dos profetas Elias e Eliseu, que realizaram milagres em favor dos pagãos. Nesse segundo momento, a reação dos nazarenos é muito negativa: todos na sinagoga ficaram furiosos... expulsaram Jesus da sinagoga e o levaram até ao alto do monte... com a intenção de lançá-lo no precipício. 

Como podemos explicar essa repentina mudança nos nazarenos? Para entender essa reviravolta é preciso compreender os sentimentos dos conterrâneos de Jesus. Quando dizem, depois da primeira intervenção de Jesus: "Não é este o filho de José?", não o dizem como forma de desprezo, mas com a intenção de afirmar que esse novo profeta pertence a eles. A atitude dos nazarenos exprime um sentimento de posse e de controle sobre Jesus. Ora, se Jesus pertence a eles, então ele deve reservar para os nazarenos um lugar privilegiado no seu ministério. Por ser um conterrâneo, acham que Jesus deva fazer mais milagres para eles. Pretendem ter posse de Jesus e de controlar a sua ação. 

Jesus responde a essa pretensão de privilégio e de posse que nenhum profeta é “bem recebido em sua pátria”. Essa expressão poderia ser melhor traduzida assim: nenhum profeta é propriedade de sua pátria. Por isso Jesus cita o exemplo de Elias e Eliseu: eles não foram propriedade exclusiva do povo eleito; pelo contrário, a ação profética deles beneficiou também os pagãos.

Jesus exige dos nazarenos que renunciem a essa pretensão de posse e que abram o coração para outras pessoas, que não queiram monopolizar a ação de Jesus somente para os seus conterrâneos. Uma vez que Jesus, não aceita ser controlado pelos nazarenos, estes reagem, mudando a admiração para o ódio violento: quanto maior é o afeto possessivo maior é a reação de ódio.

Não podemos amar Jesus de maneira possessiva, pretendendo ter privilégios e graças maiores do que os outros.

 

DOM JULIO ENDI AKAMINE 

Arcebispo Metropolitano de Sorocaba 

Créditos do áudio: Rádio Uniso