Is 49,8-15
Na leitura, Deus fala ao seu Servo: “No tempo do meu favor eu te escutei, no dia da salvação te socorri. Eu te guardei e constituí como aliança do povo”. O Servo ao qual Deus fala é, na verdade, o próprio Jesus Cristo. Jesus é constituído pelo Pai como aliança do povo. Nisso consiste o mistério profundo de Cristo.
Jesus é a aliança do povo no sentido de que por meio dele encontramos realmente Deus e entramos em comunhão com Ele.
A aliança em Cristo é uma aliança universal: “Ei-los que vêm: estes, de longe, aqueles, do Norte e do lado do mar, e outros, da terra de Sinim”. Jesus é o pastor que recolhe todas as ovelhas e as conduz ao Pai. É dessa forma que “o Senhor consola o seu povo e tem compaixão dos seus pobres”.
Jesus nos revela o Pai, que na leitura de Isaías é descrito com traços maternais. De fato, o povo, em seus sofrimentos, pensou que Deus o tinha abandonado. Pode, porém, uma mãe abandonar o filho que amamenta, agarrado ao seu peito? Pois ainda que ela o abandonasse, Deus não abandona absolutamente o seu povo. Jesus é a prova de que Deus nunca nos abandona. Em nenhum outro lugar do AT voltaremos a encontrar uma expressão tão profunda, íntima e expressiva da ternura de Deus.
Jesus irá transferir essa experiência de Deus que ama como mãe para a experiência que ele faz do Pai.
O tempo da quaresma é tempo oportuno e forte para renovar a experiência do afeto materno e do amor paterno de Deus em Cristo. De fato, é Jesus quem nos introduz neste mistério da relação profundíssima de Deus Pai.
Jo 5,17-30
O evangelho de João nos faz ver que para estarmos unidos a Deus devemos absolutamente passar por Jesus: há um contínuo paralelismo entre a relação de Jesus com Deus e a relação nossa com Jesus. Para poder entrar em relação com Deus é necessário passar por Jesus, porque Ele e o Pai estão unidos; são um.
Não podemos achar que conhecemos a vontade de Deus sozinhos: é Jesus que a revela. Não podemos achar que, para guardar a palavra do Pai, só bastam nossas forças. É através de Jesus que a Palavra vem a nós: “Como eu observo a palavra do Pai e permaneço no seu amor, assim quem observa a minha palavra permanece no meu amor”. “Como o Pai me amou e eu vivo pelo Pai, assim aquele que se alimenta de mim viverá por mim”.
Jesus é verdadeiramente aquele no qual nós encontramos o Pai. É também aquele no qual nós encontramos os irmãos: não podemos amá-los realmente a não ser em Jesus. Esta é a condição para amar de verdade: amar os outros em Jesus.