Hb 10,19-25
São Paulo exprime a alegria e gratidão imensa pela transformação que o sacrifício de Cristo realizou em nós. De fato, o sacrifício de Cristo obteve a salvação do mundo; o sacrifício de Cristo é agradável a Deus.
A nossa situação atual, depois de sermos levados à perfeição pelo sacrifício de Cristo é muito diferente da situação do AT. No AT a relação com Deus era dificultada por muitas limitações. O povo, por exemplo, não podia entrar no Santuário. Entrar no Santuário era prerrogativa do Sumo sacerdote. Além disso, o Sumo Sacerdote só podia entrar uma só vez ao ano no Santuário. Não havia um acesso direto a Deus e até mesmo o sacerdócio do AT era imperfeito, uma vez que ele devia oferecer vários sacrifícios pelo povo, mas também para si, pois era pecador como o povo. Mais ainda, até mesmo os sacrifícios eram ineficazes para tornar a pessoa idônea e digna para se aproximar de Deus.
Com o sacrifício de Cristo, nós recebemos a liberdade de entrar no santuário “pelo sangue de Jesus, pelo caminho novo e vivo, que ele inaugurou para nós, passando através da cortina, quer dizer, através da sua humanidade”. Através da humanidade de Cristo nós podemos realmente chegar até Deus. Cristo inaugurou para nós um caminho novo e vivo até Deus.
Esse texto tem uma clara referência à Eucaristia. Nós somos o povo que tem o desejo de entrar no santuário. Para nele entrar devemos passar pelo caminho novo e vivo inaugurado por Cristo no seu sangue. Nós entramos pelo véu do santuário, ou seja, pela humanidade de Cristo. Não temos como entrar no Santuário onde está Deus a não ser acompanhados de Cristo. Por Cristo, nele e com ele nós temos acesso ao Pai e podemos ir até Ele com grande confiança, porque Cristo é amado e do agrado do Pai.
Como devemos nos aproximar de Deus? A leitura nos ensina: devemos nos aproximar de Deus com o coração puro e cheio de fé, purificados pelas águas do batismo: “Aproximemo-nos, portanto, de coração sincero e cheio de fé, com o coração purificado de toda a má consciência e o corpo lavado com a água pura”.
Além da fé é preciso nos aproximar de Deus com a esperança: “continuemos afirmar a nossa esperança, sem esmorecer, pois aquele que fez a promessa é fiel”. Nós estamos no caminho da vida e esperamos, para além da morte, a Vida em plenitude.
Este caminho novo e vivo até Deus nós não o percorremos sozinhos. Nós o percorremos com os irmãos e irmãs. Para percorrer juntos esse caminho precisamos estar juntos na eucaristia. O caminho para os céus tem etapas: de eucaristia em eucaristia junto com os irmãos: “Estejamos atentos uns aos outros, para nos incentivar ao amor fraterno e às boas obras. Não abandonemos as nossas assembleias, como alguns costumam fazer. Antes, procuremos animar-nos mutuamente, à medida que vedes o dia aproximar-se”.