SEXTA-1TP

6ª FEIRA DA OITAVA DA PÁSCOA

05/04/2024

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Primeira Leitura: Atos 4,1-12

Salmo Responsorial: 117(118)R- A pedra que os pedreiros rejeitaram / tornou-se agora a pedra angular.

Evangelho: João 21,1-14

Naquele tempo: 1Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: 2Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus. 3Simão Pedro disse a eles: 'Eu vou pescar'. Eles disseram: 'Também vamos contigo'. Saíram e entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite. 4Já tinha amanhecido, e Jesus estava de pé na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5Então Jesus disse: 'Moços, tendes alguma coisa para comer?' Responderam: 'Não'. 6Jesus disse-lhes: 'Lançai a rede à direita da barca, e achareis.' Lançaram pois a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. 7Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: 'É o Senhor!' Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu sua roupa, pois estava nu, e atirou-se ao mar. 8Os outros discípulos vieram com a barca, arrastando a rede com os peixes. Na verdade, não estavam longe da terra, mas somente a cerca de cem metros. 9Logo que pisaram a terra, viram brasas acesas, com peixe em cima, e pão. 10Jesus disse-lhes: 'Trazei alguns dos peixes que apanhastes'. 11Então Simão Pedro subiu ao barco e arrastou a rede para a terra. Estava cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu. 12Jesus disse-lhes: 'Vinde comer'. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. 13Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe. 14Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos. Palavra da Salvação.


Meu irmão, minha irmã!

Jo 21,1-14

Após a morte e a ressurreição de Jesus, os apóstolos retornaram ao que eles faziam antes do chamado: voltaram ao antigo ofício de pescadores.

Eles se encontram no lago de Tiberíades, no lugar onde viveram com Jesus. A pesca não teve sucesso, e, ao alvorecer, Jesus aparece como a luz do sol nascente que se ergue diante dos olhos cansados destes homens. De novo os discípulos não o reconhecem. Por causa da luz da aurora? do reflexo do sol na água do lago?

Não são somente estes os motivos: a ressurreição é um fato transcendente; por isso, é preciso que Jesus se revele para que os discípulos possam reconhecer o Ressuscitado. A fé na ressurreição não foi a conclusão natural de raciocínios humanos, mas é dom que só o Ressuscitado pode despertar.

Jesus se faz reconhecer nos seus gestos: a pesca milagrosa, o convite à refeição, o oferecimento do pão e do peixe. Por estes gestos tão conhecidos, os discípulos podem constatar que se trata do mesmo Jesus que com eles percorreu as estradas da Judéia, pregando o Evangelho e curando todo tipo de doença; é o mesmo Jesus que comia com os pecadores, oferecendo-lhes o perdão; é o mesmo Jesus que multiplicou os pães e os peixes; o mesmo que realizou a pesca milagrosa!

É extraordinária a delicadeza de Jesus para com os discípulos. Ele prepara os discípulos através destes gestos antes de manifestar toda sua glória de ressuscitado. Depois da ressurreição, Jesus manifesta toda a glória de Filho de Deus, mas não a manifesta de uma vez. Antes, prepara pedagogicamente seus discípulos.

Os relatos das aparições nos ensinam muito sobre a natureza da ressurreição. Pensamos quase espontaneamente que ressurreição nos afaste de Jesus: Ele está na glória e nós aqui, neste vale de lágrimas; Ele está no céu, nós aqui na terra; Ele na eternidade, nós na história contingente. Contudo, o Evangelho nos ensina que a ressurreição não nos afastou dEle: agora Ele está mais presente, mais enviado, mais encarnado do que nunca. Sua presença não está mais sujeita aos condicionamentos de tempo e de espaço: Ele não é impedido pelas portas fechadas, está em todos os lugares ao mesmo tempo.

A presença de Jesus é universal e divina, mas é também uma presença com a mesma humanidade assumida na encarnação. Ele não se separou da humanidade: os discípulos podem tocar suas chagas, podem comer com Ele de novo.

Assim a ressurreição nos ensina a não procurar Jesus somente na glória externa. Pelo contrário, somos chamados a procurar a glória divina na humanidade glorificada de Jesus.

A consequência direta deste mistério é que podemos encontrar Jesus nos irmãos: Jesus se faz semelhante a eles na ressurreição. Somos chamados a procurar o Ressuscitado nos pobres: é neles que devemos reconhecer a glória do Senhor e a potência da sua ação divina que cumpre suas maravilhas nos humildes e simples. Durante sua vida terrena, Jesus se solidarizou, se aproximou e se identificou com os pobres. Com a ressurreição Jesus chega ao ápice de solidariedade, de proximidade e de identificação com os pobres ao ponto de poder dizer: “o que fizestes a um destes pequeninos a mim o fizestes”.




DOM JULIO ENDI AKAMINE

Arcebispo Metropolitano de Sorocaba

Créditos do áudio: Rádio Uniso