Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – 1Naquele tempo, vieram algumas pessoas trazendo notícias a Jesus a respeito dos galileus que Pilatos tinha matado, misturando seu sangue com o dos sacrifícios que ofereciam. 2Jesus lhes respondeu: “Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus por terem sofrido tal coisa? 3Eu vos digo que não. Mas, se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo. 4E aqueles dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? 5Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo”. 6E Jesus contou esta parábola: “Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi até ela procurar figos e não encontrou. 7Então disse ao vinhateiro: ‘Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Por que está ela inutilizando a terra?’ 8Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. 9Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a cortarás!’” – Palavra da salvação.
Prezados Irmãos e Irmãs,
Israel tem necessidade de saber quem é que os quer libertar. Tal preocupação ocupa lugar no coração de Moisés quando pergunta o Nome d'Aquele que o envia aos israelitas. É evidente que este nome pode ter muitos significados na tradição bíblica, mas antes de qualquer um desses significados, “Eu sou” recorda ao povo que o Deus que fala com Moisés é Aquele que vive, O mesmo que falou e conduziu outrora Abraão, Isaac e Jacó – é o Deus de Israel. E não outro. O nome de Deus fala de memória, pois o "Eu sou" é o Senhor da vida e da história do seu povo. O mesmo, e não outro.
A Palavra de Deus continua revelando-nos novos aspectos que descrevem como Deus é. Seu povo, e nós Igreja, o reconhecemos pelos efeitos da Sua aliança. Ele, em tudo, se mostra bondoso e compassivo: envia seu Filho Jesus Cristo, perdoa, cura, devolve a vida aos mortos, cuida com carinho e compaixão; é justo para com todos, garantindo o direito aos pequenos e oprimidos. Este Deus é o mesmo que revelou os caminhos para Moisés, o mesmo Deus dos Patriarcas. O Salmista termina sua oração afirmando que por tudo isso, Deus ama seu povo. O Amor de Deus se prova por suas obras.
Não podemos ignorar que Deus revelou seus caminhos ao seu povo lentamente conforme sua capacidade de compreensão e entendimento permitiam que saboreassem as realidades eternas. Neste sentido, muitas vezes, ora por ignorância, ora por ingenuidade, ora por temperamento irreformável, o povo antigo se viu resignado a aceitar os sinais enviados por Deus para lhes despertar a fé. E não foram poucos os sinais: a saída gloriosa do Egito pelo Mar, os milagres realizados no deserto para alimentar a fome e saciar a sede, a conquista da terra. Deus sempre se mostrou solícito às necessidades de seu povo, mesmo que em princípio observasse a futilidade de seus pedidos – como quando pediram um Rei para governar sobre eles. Assim, afirma São Paulo, aprendendo com os erros de nossos antepassados e tomando suas vidas como exemplo, apliquemo-nos na resposta devida ao Amor de Deus que nos busca com zelo constante.
Jesus não quer amedrontar seus discípulos. Antes, revela a eles uma verdade eterna, isto é, de que os falsos deuses que muitas vezes eram buscados por muitos no meio do povo, não tinham poder para lhes restaurar a vida diante da morte iminente. Este atributo divino, pertence ao Deus de Israel, seu Pai, que o enviou ao mundo justamente para salvar da morte aqueles que ouvem sua Palavra e guardam seus ensinamentos.
Quem poderia fazer a figueira dar frutos? Quem poderia lhe devolver a vida, se seu destino são as chamas nas quais será queimada, porque não produz fruto algum? Depois, em outra ocasião, Jesus explicará que aos homens tudo isto é impossível, mas não a Deus. E no Evangelho de João, deixará ainda mais evidente que só existe vida verdadeira se formos enxertados n'Ele, pois somente Ele pode dar a vida eterna aos que creem no seu Nome – o mesmo Nome revelado à Moisés no deserto, pois Deus é o Deus que dá a vida e não deseja a morte de ninguém, menos ainda do pecador, mas que se arrependa e tenha vida em abundância.
A liturgia deste Domingo quaresmal nos convida a nos abandonarmos ao cuidado divino; do Deus que está procurando cuidar de seu povo desde os tempos antigos. Ele quer, por meio do seu Filho, juntar fertilidade às nossas raízes para nos ajudar a dar frutos. É um Deus que busca sempre no amor e por amor.
Santo Domingo, e bom caminho quaresmal.
Padre Rodolfo Gasparini Morbiolo
Paróquia Santa Maria dos Anjos - Sorocaba/SP