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"Estando Jesus um dia à margem do lago de Genesaré, o povo se comprimia em redor dele para ouvir a Palavra de Deus. 2.Vendo duas barcas estacionadas à beira do lago –, pois os pescadores haviam descido delas para consertar as redes –, 3.subiu a uma das barcas que era de Simão e pediu-lhe que a afastasse um pouco da terra; e sentado, ensinava da barca o povo. 4.Quando acabou de falar, disse a Simão: “Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar”. 5.Simão respondeu-lhe: “Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos; mas, por causa de tua palavra, lançarei a rede”. 6.Feito isto, apanharam peixes em tanta quantidade, que a rede se lhes rompia. 7.Acenaram aos companheiros, que estavam na outra barca, para que viessem ajudar. Eles vieram e encheram ambas as barcas, de modo que quase iam ao fundo. 8.Vendo isso, Simão Pedro caiu aos pés de Jesus e exclamou: “Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador”. 9.É que tanto ele como seus companheiros estavam assombrados por causa da pesca que haviam feito. 10.O mesmo acontecera a Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus companheiros. Então, Jesus disse a Simão: “Não temas; doravante serás pescador de homens”. 11.E, atracando as barcas à terra, deixaram tudo e o seguiram."
Prezados irmãos e irmãs em Cristo,
Neste domingo, recordando o acontecimento da pesca milagrosa e a vocação dos primeiros discípulos, celebramos nossa vocação ao discipulado.
A Bíblia descreve em termos da visão da majestade de Deus o sentimento de Isaías quando tem consciência de estar sendo chamado. A grandeza de Deus e o temor do profeta nos são comunicados pela imagem do trono, dos serafins, do canto que proclama que Deus é Santo, Santo, Santo (o mesmo que usamos na missa). Isaías tem receio. Sabe que não é puro o bastante para falar em nome de Deus. E quem o seria? Mas não é Isaías que se purifica por conta própria. O mesmo Deus que dá a missão, dá as condições, a graça, para cumpri-la. Apoiado nessa graça é que Isaías pode dizer: Eis-me aqui! Envia-me!
Paulo reconhece um problema semelhante ao de Isaías. Anuncia o Cristo ressuscitado, mas afirma que não é digno de ser chamado apóstolo porque perseguir a Igreja. Apesar disso, Jesus quis contar com ele. Quem tornou Paulo digno de tal chamado? Ele mesmo responde: A graça de Deus fez de mim o que sou.
A graça de Deus não violenta ninguém: é uma oferta da bondade do Senhor, em vista das necessidades daquele que é chamado e da missão a serviço dos irmãos. Feita a oferta, é preciso que a pessoa acolha e se entregue. Foi o que Paulo e Isaías fizeram.
Jesus chama Pedro para ser pescador de gente, usando como sinal a fartura de peixes, numa situação onde a experiência do pescador dizia que não era hora de pescar. Pedro, como Paulo e Isaías, reconhece que não está à altura da missão. Diz: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador”.
Jesus lhe diz que não tenha medo, ele garante que a missão é possível.
Como aconteceu com esses três, e tantos outros, Deus tem um chamado para nós. Esse chamado não necessita de visões de serafins, ou milagres especiais. Deus chama quem está atento à realidade e sabe ouvir o clamor da necessidade de tornar a vida melhor e mais humana para todos. Se nos oferecemos a serviço do Reino, o Senhor do Reino estará conosco. Com ele podemos pescar onde parece que não há peixe, podemos plantar justiça onde outros dizem que não adianta tentar, poderemos levar fraternidade onde parece que a competição é a única lei que funciona.
É o Senhor quem nos chama. E o chamado é sempre ligado à realidade e dentro de nossa contingência humana, como aconteceu com o Isaías e os apóstolos. Mas, de todos, o Senhor pede adesão incondicional e totalidade na entrega: “Eis-me aqui, Senhor. Envia-me!
Que o Senhor renove em nós a alegria da nossa vocação, nos anime sempre a lançar nossas “redes” em seu Nome e nos encoraje a buscar um jeito novo de “pescar”. Que a sua graça em nós não fique estéril, mas seja fecunda e produza muitos frutos de vida.
Um bom domingo.
Pe. Manoel Júnior