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AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
Prezados irmãos e irmãs!
A partir deste domingo vamos ler textos do Evangelho de São João, narrando o discurso de Jesus sobre o “pão da vida”.
Iniciamos com a narrativa da multiplicação dos pães. Este é o único milagre narrado em todos os quatro Evangelhos. A multiplicação dos pães é o “quarto sinal” realizado por Jesus. Assim, aparece a posição central no “livro dos sinais”, no qual são ressaltados os “sete grandes sinais”. O capítulo seis apresenta uma espécie de síntese da atividade de Jesus na Galileia: a multiplicação dos pães; a caminhada sobre o mar; o discurso sobre o pão da vida; a adesão à Palavra.
Os quatro primeiros versículos (6,1-4) descrevem o cenário onde Jesus realiza o “sinal dos pães e peixes”. A travessia do “mar da Galileia” remete à passagem do mar Vermelho e sublinha que, em Jesus, começa o novo êxodo, o caminho da vida nova. Sua Palavra de salvação alimenta e liberta de sua miséria e escravidão a multidão “enferma”. Por meio de sua Páscoa, Ele selará a nova e definitiva aliança, oferecendo-se como alimento que sacia plenamente a humanidade.
Jesus “levanta os olhos e vê uma grande multidão que se aproxima dele”. O pão que Ele oferece é sua própria vida doada por amor, quando “levantado da terra atrairá todos a Ele”. A pergunta que Jesus faz a Felipe – “Onde vamos comprar pão para que estes possam comer?” – envolve os discípulos na missão libertadora. É um apelo à adesão profunda a Jesus e ao seu projeto que leva à transformação do sistema econômico vigente, o qual deixa a multidão abandonada, faminta. Um denário equivalia a um dia de trabalho.
André, que havia feito a experiência do encontro com Jesus, apresenta a solução a partir do menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Os pequenos gestos de partilha contribuem para alimentar os famintos, como fez o profeta Eliseu. A soma dos cinco pães e dois peixes – “sete” – significa totalidade e indica que o pouco partilhado, colocado a serviço transforma-se em abundância. O novo ensinamento de Jesus conduz a multidão a sentar-se na relva. “Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu aos que estavam sentados, tanto quanto queriam”. A ação de Jesus aponta para o sinal da sua vida doada por amor. Ele é o “pão da vida”, que se oferece como comida e bebida para saciar a fome e sede plenamente.
Todos comeram e ficaram satisfeitos. Com a abundância do pão oferecido por Jesus, encheram-se doze cestos. Esse número, que faz alusão às doze tribos de Israel, convida a comunidade dos discípulos a partilhar o que recebeu do Senhor mediante o anúncio do Evangelho a todos os povos. Jesus é reconhecido como o Messias esperado para libertar o povo do poder imperial. Por isso, querem proclamá-Lo rei, não compreenderam o sinal do pão. Jesus revela a verdadeira realeza através do serviço e da entrega da vida como dom à humanidade.
A multiplicação dos pães não é apenas uma imagem da Eucaristia, mas também do banquete messiânico no final dos tempos, quando todos serão saciados e a morte, vencida.
Na celebração, partilhando o pão da vida, como discípulos e discípulas do Senhor, aprendemos a repartir o que somos e temos para que a fome, a desigualdade e a miséria sejam erradicadas de nosso meio.
Um bom domingo.
Pe. Manoel Júnior