1ª Leitura: Gênesis 18,1-10a
Salmo Responsorial 14-R- Senhor, quem morará em vossa casa?
2ª Leitura: Colossenses 1,24-28
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 38Jesus entrou num povoado e certa mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. 39Sua irmã, chamada Maria, sentou-se aos pés do Senhor e escutava a sua palavra. 40Marta, porém, estava ocupada com muitos afazeres. Ela aproximou-se e disse: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda que ela me venha ajudar!” 41O Senhor, porém, lhe respondeu: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. 42Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada”. – Palavra da salvação.
Lucas é o único evangelista a narrar o episódio sobre o qual, hoje, somos convidados a refletir: acolher Jesus – a Palavra de Deus – para ser discípulo autêntico. Integra a longa viagem de Jesus Jerusalém (Lc 9,51-19,27) para onde o Mestre caminha decidido para o embate e confronto com a sociedade injusta que pecaminosamente mata e do qual se torna vencedor pela Ressurreição.
Neste episódio Lucas fala de duas mulheres: Marta que faz as vezes da dona-de-casa acolhendo Jesus (v. 38) e muito preocupada com as tarefas do lar aumentadas com a presença do Mestre... Maria, por sua vez, senta-se aos pés do Senhor e o escuta atentamente (v. 39).
Não convém cair – como tantas vezes já aconteceu – num fantasioso conflito entre vida contemplativa e vida ativa... o que inexiste no Antigo Testamento, onde contemplar é ouvir e Palavra e praticá-La. Em Lucas também encontramos essa norma (11, 38).
Jesus entra na casa onde estão duas mulheres e Lucas não fala da presença de homens... naquele tempo não era costume que as mulheres participassem oficialmente no culto e não podiam estudar a Lei e Jesus anula mais essa tradição e preconceito e mais ainda: uma mulher torna-se o modelo do discípulo que Ele procura. Antes dessa narração, Lucas já apresenta uma mulher como modelo de discípula: Maria de Nazaré (1, 35-38). Ela é a primeira contemplativa na ação: bem-aventurada porque acreditou na Palavra de Deus (1, 45).
E o que aconteceu com Maria de Nazaré (acima) se repete em Betânia, onde a irmã de Marta – sentada aos pés do Senhor – se torna também modelo de discípulo, não porque nada faz, mas porque a Ele se une acolhendo sua Palavra e seu Mistério.
“Maria escolheu a parte, e esta não lhe será tirada” (v. 42).
Marta cometeu um equívoco ao querer demonstrar hospitalidade sem acolher o dom que Deus lhe fazia em Jesus Cristo enquanto Maria encontrou a raiz do discipulado deixando-se animar pela palavra que gera vida nova.
PE. TADEU ROCHA MORAIS, PÁROCO DA CATEDRAL DE SOROCABA SP