PARTILHAR O PÃO-17º TC-B

PARTILHAR O PÃO

17º DOMINGO COMUM -ANO B

25/07/2021

Acesse as leituras de hoje neste link:

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1ª Leitura: 2 Reis 4,42-44

Salmo Responsorial 144 (145)R- Saciai os vossos filhos, ó Senhor!

2ª Leitura: Efésios 4,1-6

Evangelho: João 6,1-15

Naquele tempo: 1Jesus foi para o outro lado do mar da Galileia, também chamado de Tiberíades. 2Uma grande multidão o seguia, porque via os sinais que ele operava a favor dos doentes. 3Jesus subiu ao monte e sentou-se aí, com os seus discípulos. 4Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. 5Levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão estava vindo ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: 'Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?' 6Disse isso para pô-lo à prova, pois ele mesmo sabia muito bem o que ia fazer. 7Filipe respondeu: 'Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um'. 8Um dos discípulos, André, o irmão de Simão Pedro, disse: 9'Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que é isso para tanta gente?' 10Jesus disse: 'Fazei sentar as pessoas'. Havia muita relva naquele lugar, e lá se sentaram, aproximadamente, cinco mil homens. 11Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes. 12Quando todos ficaram satisfeitos, Jesus disse aos discípulos: 'Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca!' 13Recolheram os pedaços e encheram doze cestos com as sobras dos cinco pães, deixadas pelos que haviam comido. 14Vendo o sinal que Jesus tinha realizado, aqueles homens exclamavam: 'Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deve vir ao mundo'. 15Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte. Palavra da Salvação.


Meu irmão, minha irmã!

O milagre de Jesus está ligado a uma necessidade básica do ser humano, o alimento. Nesse sentido é preciso que sejamos atentos: se o milagre está ligado a uma necessidade essencial é porque ele é sinal e realidade de uma necessidade absoluta para o cristão.

Veremos, no final do capítulo 6 de João, que Jesus se revela como o Pão da Vida Eterna e revela a Eucaristia como mistério que realiza nossa comunhão com Cristo.

O relato começa com a grande multidão que segue Jesus. Destaca-se, assim, a iniciativa de Jesus. É ele que arrastou o povo para uma região distante e afastada. Também é Jesus que se antecipa à fome das pessoas. Que pergunta aos discípulos onde vão conseguir pão para tantas pessoas. Depois, é ele também que dá ordens para as pessoas se sentarem e distribuir os pedaços de pães.

O fato de ser sempre Jesus quem tem a iniciativa revela que tudo recebemos das mãos do Senhor como um dom. Assim é no milagre, assim é na vida cristã: tudo o que recebemos é dom do Senhor.

Filipe e André representam a visão humana dos fatos. Eles veem a situação com um realismo impotente, pois estão obrigados a fazer cálculos. Duzentas moedas de prata não são suficientes para dar um pedaço de pão para 5.000 pessoas. Jesus, por sua vez, tomou os cinco pães de cevada e os dois peixes. Deu graças e distribuiu os pedaços. Todos comeram quanto queriam. Jesus é a generosidade de Deus. Por isso, ir até Jesus significa não ter mais que passar fome. A multidão é alimentada por ele e as sobras evidenciam essa superabundância do alimento dado por Deus. Ao mesmo tempo, a abundância não deve dar ocasião ao desperdício. Por isso, as sobras são recolhidas.

A multidão, porém, não entende bem o sinal da multiplicação dos pães. Querem proclamar Jesus rei. Um rei somente para resolver problemas econômicos. Jesus busca a fé, não o entusiasmo superficial. Ele não quer o fanatismo agressivo dos que desejam proclamá-lo rei.


Eucaristia e crise econômica


Todos nós, cristãos, sabemos disso. A Eucaristia dominical pode facilmente converter-se num «refúgio religioso» que nos protege da vida conflitiva em que nos movemos ao longo da semana. É tentador ir à missa para partilhar uma experiência religiosa que nos permite descansar dos problemas, tensões e más notícias que nos pressionam de todos os lados.

Às vezes somos sensíveis ao que afeta a dignidade da celebração, mas preocupa-nos menos esquecer as exigências que envolve celebrar a Ceia do Senhor. Incomoda-nos que um padre não cumpra estritamente a norma ritual, mas podemos continuar a celebrar a missa rotineiramente sem ouvir os apelos do evangelho.

O risco é sempre o mesmo: comungar com Cristo no íntimo do coração sem nos preocuparmos em comungar com os irmãos que sofrem. Partilhar o pão da Eucaristia e ignorar a fome de milhões de irmãos privados de pão, de justiça e de futuro.

Nos próximos anos, os efeitos da crise irão agravar-se muito mais do que temíamos. A cascata de medidas que são ditadas de maneira inapelável e implacável irá fazer crescer entre nós uma desigualdade injusta. Veremos como pessoas do nosso ambiente próximo se vão empobrecendo até ficarem à mercê de um futuro incerto e imprevisível.

Conheceremos de perto imigrantes, privados de assistência sanitária, doentes sem saber como resolver os seus problemas de saúde ou medicação, famílias obrigadas a viver da caridade, pessoas ameaçadas de despejo, gente sem assistência, jovens sem um futuro claro.... Não o poderemos evitar. Ou endurecemos os nossos hábitos egoístas de sempre ou nos tornamos mais solidários.

A celebração da Eucaristia no meio desta sociedade em crise pode ser um local de consciencialização. Necessitamos nos libertar de uma cultura individualista que nos habituou a viver pensando somente nos nossos próprios interesses, para aprender com simplicidade a ser mais humanos. Toda a Eucaristia está orientada para criar fraternidade.

Não é normal ouvir todos os domingos ao longo do ano o evangelho de Jesus sem reagir às suas chamadas. Não podemos pedir ao Pai «o pão nosso de cada dia» sem pensar naqueles que têm dificuldades para o obter. Não podemos comungar com Jesus sem nos tornarmos mais generosos e solidários. Não podemos dar paz uns aos outros sem estarmos dispostos a estender a mão àqueles que estão mais sozinhos e indefesos perante a crise.

O gesto de partilha de um menino

Adroaldo Palaoro


“Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes” (Jo 6,9)

Do pão de trigo ou cevada para o pão do sentido de vida doada; do alimento de cada um para a circularidade do alimento partilhado, em pequenos grupos, sem templo, na gratuidade e frugalidade... Este é o sentido do texto joanino, proposto para este domingo. De todos os gestos realizados por Jesus, durante sua atividade profética, o mais recordado pelas primeiras comunidades cristãs foi, seguramente, uma refeição multitudinária, organizada por Ele no descampado, nas proximidades do lago da Galileia. É a única cena relatada em todos os Evangelhos. O conteúdo do relato é de grande riqueza e cheio de simbolismo. Seguindo seu costume, o Evangelho de João não o chama “ milagre”, mas “sinal”. Com isso nos convida a não ficarmos nos fatos externos que são narrados, mas descobrir, a partir da fé, um sentido mais profundo.

Longe do templo e das autoridades judaicas, seguido por uma multidão, Jesus sinaliza para uma Páscoa centrada na pessoa dele, aberta a um processo de partilha, comunhão e retorno de vida abundante para todos. O congraçamento de Israel, durante a festa da Páscoa, no Templo, é substituído pelo congraçamento em torno a Jesus, no lugar onde Ele estiver, com a multidão que o segue. Mas, enquanto a Páscoa no Templo favorece os controladores dele, a Páscoa em torno de Jesus favorece e engrandece a todos.

Jesus ocupa o lugar central na cena; ninguém lhe pede que intervenha. É Ele mesmo que olha, intui a fome daquela multidão e ativa a necessidade de alimentá-la. Como alimentar tanta gente no meio do descampado? Os discípulos não encontram nenhuma solução. Felipe diz que não se pode pensar em comprar pão, pois não têm dinheiro. André sugere que se poderia partilhar o que havia, mas só um menino tem cinco pães e dois peixes. Que é isso para uma multidão?

Segundo João, enquanto Felipe justifica a impossibilidade de solução, André procura uma alternativa e se depara com cinco pães de cevada e dois peixinhos nas mãos de um menino. Felipe ocupa seu tempo e sua inteligência em buscar justificativas para o impasse e desculpas para não ser responsabilizado. André, no entanto, encara a realidade e se ocupa na busca de solução. Encontra um sinal. Há pão, é de cevada, não de trigo, é pouco, mas o menino, pessoa que está começando a vida agora, coloca à disposição.

Naqueles vastos campos da Galileia, Jesus propõe a grande mesa da comunhão universal, a mesa “fora dos templos” que inclui a todos, sem distinção. O gesto da benção instaura o horizonte da partilha, em que os alimentos são destinados à necessidade de todos, por meio da corresponsabilidade dos participantes no banquete da Criação, sobre cuja mesa Deus preparou pão em abundância para todos.

Todos acompanham com atenção os gestos de Jesus: coração em ação de graças, olhos fixos, ao mesmo tempo, no pão, enquanto o parte, e na multidão ao seu redor. Primeiro dá graças à Fonte da vida. Segundo, contempla o pão, fruto da terra e do trabalho de muitos homens e mulheres, que deve ser partido e compartilhado. Terceiro, convida a repartir e assegura-se de que a distribuição é justa.

Jesus dá graças por cinco pães e dois peixinhos diante de cinco mil pessoas famintas. É a gratidão sobre o pouco que faz o muito. É pouco, mas é dom de Deus, e dom pode-se multiplicar, pois a graça partilhada tem alcance ilimitado. Nós, geralmente, só damos graças quando temos em abundância, porque, a nosso ver, é a abundância que significa graça.

Depois da ação de graças, o pão se multiplica, tem para todos, o quanto necessitam, e ainda sobra abundantemente. Quanto mais se partilha, mais se tem. A fome desse momento foi saciada, mas a vida continua. Jesus ensina como repartir, isto é, como as pessoas devem proceder na relação de umas com as outras. A abundância de alimento é graça de Deus, mas é igualmente empenho de cada pessoa e de todas juntas. Jesus é o primeiro responsável, mas quer partilhar com os seus. Isso exige a participação de todos.

A cena é fascinante: uma multidão dispersa, transformada pelo encontro com Jesus, já é capaz de sentar-se em grupos ordenados sobre a relva do campo, iguais, sem divisão em hierarquia e partilhando uma refeição simples e gratuita. Não é um banquete de ricos; não há vinho nem carnes. É a refeição frugal das pessoas que vivem junto ao lago: pão de cevada e peixe defumado.

Os que tinham algo para comer também foram repartindo com os outros. Na realidade, o verdadeiro milagre foi o da partilha, onde as pessoas famintas não se lançam vorazmente sobre os pães numa luta para conseguir os alimentos escassos. Compartilhar gratuitamente com os outros, com desconhecidos, e não acumular o que sobra, isso sim é milagre. A comunhão bíblica se realiza entre os “distantes”, por meio de um gesto que não é de poder, mas de esvaziamento, não é de apropriação, mas de partilha, não é de fechamento, mas de abertura das mãos que acolhem, que distribuem...

O dinheiro continua hoje sendo a causa de toda desigualdade. Tudo tem um preço, incluídos os “bens espirituais”. A gratuidade e a partilha são gestos que estão desaparecendo de nossa sociedade. Jesus abre outra lógica: a da partilha, frente à lógica do mercado, focado na apropriação e na acumulação. Só se fará efetiva a nova comunidade quando pães e peixes entrarem na lógica do Reino. Sem oferecer o próprio pão, os próprios recursos, a própria pessoa, não há possibilidade de construção do Reino de Deus.

Em cada migalha de pão, em cada pedaço de peixe, há uma história de amores e trabalhos que vão passando de mão em mão, sem cobiça devoradora. Os bens deste mundo carregando dentro uma vocação fraterna e universal. São dons para todos. Nesta refeição de todo o povo sobre o campo verde não se discrimina ninguém, não se pergunta a ninguém pelo seu passado, sua profissão ou sua situação moral e religiosa. Todos são acolhidos como expressão das entranhas compassivas de Deus, que chama todos a compartilhar sua mesa. Todos se sentem pessoas dignas e amadas.

Esta é a utopia do Reino: tudo está reconciliado: o cosmos, com a natureza verde e em paz; os produtos do trabalho humano, da generosidade do mar e da terra; e as pessoas, numa relação harmoniosa entre si e com Deus, sem exclusões, competições nem privilégios. A sensibilidade solidária de Jesus situa tudo na lógica do amor, que é a única força transformadora da história.

Para meditar na oração:

A oração é também questão de densidade de vida, de humanismo, de ativar a sensibilidade para com aqueles que não têm quem os defenda; é revelar que em nosso peito bate um coração de amor infinito, capaz de vibrar e mobilizar-nos em favor dos outros. A oração implica entrar em sintonia com o coração compassivo de Deus voltado para a miséria humana.

- Como seguidor(a) de Jesus, qual é a sua “lógica” diante do contexto social de exclusão e de miséria? A do Reino ou a do mercado neoliberal?

- A pobreza, a miséria, a fome... despertam em você uma “santa indignação” ou uma acomodação doentia?

- Os gestos de partilha e solidariedade são um modo de proceder contínuo em sua vida?

Jesus e a fome do povo


Carlos Mesters e Mercedes Lopes


João 6,1-15

SITUANDO

Hoje vamos refletir a história da multiplicação dos pães. O povo ia atrás de Jesus, porque via os sinais que ele fazia para os doentes. Era um povo faminto e doente, como um rebanho sem pastor. Estava desorientado. Buscava sinais, buscava um líder. Seguia a Jesus, porque enxergava nele o novo líder capaz de resolver os seus problemas. Vendo aquela multidão de gente que o procurava, Jesus confronta os discípulos com a fome do povo. Alguma coisa tinha de ser feita!

COMENTANDO

1. João 6,1-4: A Situação

“Estava próxima a Páscoa”. Na antiga páscoa, aquela do êxodo do Egito, o povo atravessou o Mar Vermelho. Aqui na nova páscoa, Jesus atravessa o Mar da Galiléia. Uma grande multidão seguia a Moisés no primeiro êxodo. Uma grande multidão segue Jesus nesse novo êxodo. No primeiro êxodo, Moisés subiu a Montanha. Jesus, o novo Moisés, também sobe à montanha. O povo seguia a Jesus porque tinha visto os sinais que ele fazia para os doentes.

2. João 6,5-7: Jesus e Filipe

Uma vez no deserto, apareceu a fome do povo. Vendo a multidão faminta, Jesus pergunta a Filipe: “Onde vamos comprar pão para esse povo comer?” Fez a pergunta para prová-lo, porque ele sabia o que fazer. Como sabia? É que, conforme a Escritura, no primeiro êxodo, Moisés tinha conseguido alimento para o povo faminto. Jesus, o novo Moisés, irá fazer a mesma coisa. Mas Filipe, em vez de olhar a situação à luz das Escrituras, olha a situação com os olhos do sistema e responde: “Duzentos denários não bastam!” Um denário era o salário mínimo de um dia. Filipe constata o problema e reconhece a sua total incapacidade para resolvê-lo. Faz o lamento, mas não apresenta solução.

3. João 6,8-9: André e o menino

André, em vez de lamentar-se, busca uma solução. Ele encontra um menino com cinco pães e dois peixes, disposto a partilhá-los. Cinco pães de cevada e dois peixes eram o sustento ou a ração do pobre. O menino entrega o seu sustento! Ele poderia ter dito: “Cinco pães e dois peixes, o que é isso para tanta gente? Não vai dar para nada! Vamos partilhá-los aqui entre nós com duas ou três pessoas!” Em vez disso, tem a coragem de entregar cinco pães e dois peixes para alimentar 5 mil pessoas (Jo 6,10). André percebe que neste gesto do menino está a solução. Por isso, levou-o até Jesus. Quem faz isso, ou é louco ou tem muita fé em Jesus e nas pessoas, acreditando que, por amor a Jesus, todos se disponham a partilhar como fez o menino!

4. João 6,10-11: A multiplicação

Jesus pede para o povo se acomodar na grama. Em seguida, multiplica o sustento, a ração do pobre. Diz o texto: “Jesus tomou os pães e, depois de ter dado graças, distribuiu-os aos presentes, assim como os peixes, tanto quanto queriam!” Com esta frase, escrita no ano de 100 depois de Cristo, João evoca o gesto da Ceia, do jeito que era celebrada nas comunidades (1Cor 11,23-24). A Ceia Eucarística, quando celebrada como deve, levará as pessoas à partilha como levou o menino a entregar seu sustento para ser partilhado.

5. João 6,12-13: A sobra dos 12 cestos

Jesus manda recolher a sobra do pão. Recolheram 12 cestos. O número 12 evoca a totalidade do povo com suas 12 tribos. João não informa se sobrou algo dos peixes. É que o interesse dele era evocar o pão como símbolo da Ceia Eucarística. João não descreve a Ceia Eucarística, mas descreve a multiplicação dos pães como símbolo do que deve acontecer nas comunidades e no mundo através da celebração da Ceia Eucarística. Por exemplo, se no Brasil houvesse partilha, haveria comida abundante para todos e sobrariam 12 cestos para muitos outros povos! E dizem que o Brasil é o maior país cristão do mundo! Ah, se fosse…!

6. João 6,14-15: Querem fazê-lo rei

O povo interpreta o gesto de Jesus dizendo: “Esse é verdadeiramente o profeta que deve vir ao mundo!” A intuição do povo é correta. Jesus de fato é o novo Moisés, o Messias, aquele que o povo estava esperando (Dt 18,15-19). Mas esta intuição tinha sido desviada pela ideologia da época que “queria um grande rei que fosse forte e dominador”. Por isso, vendo o sinal, o povo proclama Jesus como Messias e avança para fazê-lo rei! Jesus, percebendo o que ia acontecer, refugia-se sozinho na montanha. Não aceita esta maneira de ser messias e aguarda o momento oportuno para ajudar o povo a dar um passo.

Reflexão - Thomas McGrath


2 Rs 4,42-44 –

SITUANDO

Os reis de Israel procuraram sempre estabelecer relações comerciais, económicas, políticas e militares com os povos circunvizinhos. Essa abertura de fronteiras teve, no entanto, os seus custos em termos de fidelidade a Javé e à Aliança, uma vez que os cultos aos deuses estrangeiros entravam no país e ocupavam um lugar significativo na vida e no coração dos israelitas. É uma época em que se multiplicam as injustiças contra os pobres e as arbitrariedades contra os fracos. Tudo isto consubstancia um quadro de graves infidelidades contra Deus e contra a Aliança.

Parece que Eliseu – o atoa figura principal da primeira leitura deste domingo – fazia parte de uma comunidade de “filhos de profetas”, isto é, uma comunidade de homens que viviam pobremente (2 Re 4,1-7) e que eram os seguidores incondicionais de Javé.

O trecho conta a história de um homem que trouxe a Eliseu o “pão das primícias”: vinte pães de cevada e trigo novo, num saco. Lv 23,20 orientava que o pão das primícias devia ser apresentado diante do Senhor e consagrado ao Javé, embora depois revertesse em benefício do sacerdote… Eliseu, no entanto, não conservou os dons para si, mas mandou repartir tudo com as pessoas que rodeavam o profeta. O “servo” do profeta não acreditava que os alimentos oferecidos chegassem para cem pessoas; no entanto, chegaram e ainda sobraram.

Estamos, aqui, diante de uma sucessão de gestos que revelam generosidade e vontade de partilhar: do homem que leva os dons ao profeta, e do profeta que não os guarda para si, mas manda partilhar com as pessoas necessitadas Em terceiro lugar a descrição de uma milagrosa multiplicação de pães sugerindo que, quando a pessoa é capaz de sair do seu egoísmo e tem disponibilidade para partilhar, as coisas são suficientes para todos e ainda sobram. Por isso, a generosidade, a partilha, a solidariedade, não empobrecem, mas são geradoras de vida e de vida em abundância.

Este relato serve como pano de fundo, e são a inspiração para os relatos evangélicos das multiplicações dos pães (cf. Mc 6,34-44; 8,1-10; Mt 14,13-21; 15,32-38; Lc 9,10-17).

CONCLUINDO

• O “profeta” é um homem chamado por Deus e enviado para ser o rosto de Deus no meio do mundo. Nas palavras e nos gestos do “profeta”, é Deus se manifestando aos homens, lhes indicando a sua vontade e as suas propostas. No gesto de repartir o pão para saciar a fome das pessoas, o “profeta” manifesta a eterna preocupação de Deus com a “fome” do mundo – fome de Terra, Trabalho e Teto; fome de pão, saúde e educação; fome de paz, respeito e dignidade -, enfim fome de vida em abundância.

• Como é que Deus atua para saciar a fome de vida dos homens? É fazendo chover do céu, milagrosamente, o “pão” de que o homem necessita? A nossa leitura sugere que Deus atua de forma simples e normal… É por meio da generosidade e da partilha dos homens que o “pão” chega aos necessitados. Normalmente, Deus utiliza os homens para intervir no mundo e para fazer chegar aos homens os seus dons.

A nossa tendência é procurarmos gestos espetaculares, com o nosso olhar olho fixo no céu, à espera desta intervenção de Deus. Por isso, acabamos por não perceber que Deus já está no meio de nós, que ele se manifesta na ação generosa de tantos homens e mulheres que praticam gestos de partilha, de solidariedade, de doação, e de entrega. Pessoas de todas as religiões, e pessoas que não participa de nenhuma religião. É preciso aprendermos a detectar a presença e o amor de Deus nesses gestos simples que todos os dias testemunhamos e que ajudam a construir um mundo mais justo, mais fraterno e mais solidário.

TEXTO EM ESPANHOL

De Dom Damian Nannini, Argentina.


DOMINGO XVII DURANTE EL AÑO – CICLO "B"

Primera Lectura (2Re 4,42-44):

A. Rofé[1] ha propuesto para clasificar adecuadamente estas narraciones proféticas el concepto de ‘legenda profética’ donde el término latino legenda se extrapola y compara con las historias surgidas en ambientes piadosos de la Iglesia católica en la edad media sobre hombres santos, muy virtuosos o mártires (por ejemplo las “florecillas” de S. Francisco).

En el ciclo de Eliseo tenemos varios relatos breves como este; y todas estas historias tienen en común que cuentan un simple milagro con sus circunstancias inmediatas. Comienzan con una descripción de los hechos que muestran la necesidad del milagro; siguen con la presentación de un momento de desesperación (¡nada se puede hacer!) y terminan con una solución satisfactoria traída por el milagro. El profeta aparece como un hombre venerado, con gran capacidad o poder y se lo llama ‘hombre de Dios’.

La liturgia de hoy ha elegido este texto por sus semejanzas con la multiplicación de los panes del evangelio. Pero mientras este relato termina en el milagro de Eliseo, en el evangelio el milagro de Jesús es sólo el comienzo o disparador de una revelación más profunda.

Evangelio (Jn 6,1-15):

A partir de este domingo 17 y hasta domingo 21 inclusive se leerá el capítulo 6 del evangelio de Juan. Es importante tenerlo en cuenta ya que, por 5 domingos consecutivos, el evangelio hará referencia al tema de Jesús como verdadero pan de vida y a la Eucaristía, por lo que conviene ir siguiendo las acentuaciones propias de cada perícopa para evitar repeticiones. Proponemos para este domingo comenzar con una visión global de Jn 6 para luego señalar lo propio de la perícopa de Jn 6,1-15.

En el evangelio según San Juan tenemos 5 capítulos dedicados a la última cena (Jn 13-17), pero no aparece allí ninguna mención explícita de la institución de la Eucaristía. Pero este silencio sobre la institución no es silencio sobre la Eucaristía ya que nos regala una profunda catequesis mistagógica sobre la misma en el capítulo sexto.

Este capítulo comienza narrando la multiplicación de los panes y peces (6,1-15); relato que está presente también en los tres sinópticos (cfr. Mt 14,13-21; Mc 6,30-44; Lc 9,10-17). Sigue luego otro milagro: Jesús camina sobre las aguas (6,16-21). Después de un breve intermedio narrativo que sitúa a Jesús y a la multitud en Cafarnaúm (6,22-24), tenemos una larga sección dialógico-narrativa (6,25-71) que alterna discursos de Jesús con diálogos con los judíos y con sus discípulos.

En cuanto al mensaje de esta unidad literario-teológica S. Muñoz León[2] destaca las siguientes dimensiones:

Þ Dimensión cristológica: es la principal y presenta a Jesús como pan bajado del cielo (Encarnación); pan de la vida (Salvador-Redentor); el que da su carne como alimento por la vida del mundo (Muerte redentora); el hijo del hombre que sube donde estaba antes (Resurrección-Ascensión); el Santo de Dios.

Þ Dimensión soteriológica: aparece en las expresiones vida, vida eterna, no tener hambre, no tener sed. Jesús aparece como dador de la verdadera vida cuya fuente es Dios.

Þ Dimensión antropológica (teológica): se insiste en la necesidad y naturaleza de la fe como obra de Dios que el hombre debe recibir con Don-Gracia y elegir con libertad.

Þ Dimensión sacramental: está presente en toda la sección de modo progresivo por cuanto comienza a vislumbrarse en el signo de la multiplicación de los panes para terminar con la presentación de la carne y sangre de Jesús como verdadero alimento y verdadera bebida.

Þ Dimensión eclesiológica: insinuada en las doce canastas sobrantes de pan y patente en la confesión de fe de Pedro en nombre de los doce apóstoles.

En síntesis: "El conjunto del capítulo es una invitación urgente a la fe y al sacramento: a la fe en la persona de Cristo y a la comunión con El por el sacramento eucarístico".

En 6,1-4 se nos ofrece una clara "composición de lugar, de actores y de tiempo". O también, como sugiere F. Moloney[3], se responde a las clásicas preguntas: “¿dónde? ¿cuándo? ¿quién? y ¿por qué?”. El escenario (dónde) se desarrolla la narración es la orilla del mar de Galilea o Tiberíades; hay una multitud que sigue a Jesús atraída por los "signos" que obró con los enfermos (por qué); Jesús y sus discípulos (quienes) están sobre un monte; está cerca la Pascua (cuándo), la fiesta de los judíos.

Esta referencia a la Pascua de los judíos, más el cruce a la otra orilla y el ascenso de Jesús al monte, son una invitación a leer el relato que sigue en el trasfondo de la narración del éxodo. Todo esto se confirmará luego con la multiplicación de los panes y el caminar de Jesús sobre las aguas, más las referencias explícitas en el discurso a Moisés y al maná.

En 6,5-9 tenemos un diálogo de Jesús con Felipe y Andrés, dos de los apóstoles, que nos descubre la situación de carencia que requerirá del milagro de Jesús para ser salvada. A diferencia de los relatos paralelos en los sinópticos, aquí es Jesús quien, viendo la multitud, se percata de la necesidad de alimentar a la gente y de la escasez de recursos. En cuanto a esto último Felipe calcula el dinero que necesitarían (200 denarios) y Andrés declara lo que tienen en concreto: una donación hecha por un joven de 5 panes de cebada y 2 pescados. La conclusión es evidente: "¿qué es esto para tanta gente?".

En 6,10-11, a pesar de la desproporción entre la necesidad y los recursos existentes, Jesús entra rápidamente en acción. Hace sentar a la gente y se precisa que son cinco mil hombres y que había mucha hierba verde en el lugar, lo que puede ser una referencia al Sal 23,2 (“en verdes praderas me hace recostar”). Luego Jesús "toma" el pan, "da gracias" y "lo entrega" a la gente. Estos gestos de Jesús, en particular el "dar gracias" nos remiten a la Cena Pascual judía y también a la celebración eucarística cristiana.

En 6,12-13, por indicación de Jesús, entran en acción los discípulos a quienes toca recoger lo sobrante. Notemos que no sólo alcanzó para todos, quienes se "llenaron" bien, sino que también sobró mucho. Con todo esto se resalta la abundancia de la comida y se haría referencia al Sal 23,1: “el Señor es mi pastor, nada me falta”. En cuanto al número de canastos que se llenaron con los pedazos sobrantes, doce, es difícil no ver una relación con el grupo apostólico identificado con este número más adelante (cf. Jn 6,67.70.71).

En 6,14-15 tenemos la reacción de la gente ante el "signo" de la multiplicación de los panes. En primer lugar, dicen: "Este es verdaderamente el profeta que iba a venir al mundo." Hay aquí una clara referencia a Dt 18,15.18, texto mesiánico por cuanto anuncia la venida de un profeta como Moisés. Esto es sumamente significativo por cuanto "el contexto fundamental en que se sitúa todo el capítulo es la comparación entre Moisés y Jesús: Jesús es el Moisés definitivo y más grande, el «profeta» que Moisés anunció a las puertas de la tierra santa (Dt 18,18)"[4].

En segundo lugar, se narra que "querían apoderarse de él para hacerlo rey". También aquí hay una expectativa mesiánica de tipo temporal-terrenal en referencia al sucesor de David que vendría a liberar al pueblo de sus males y devolverle la gloria a Israel. Según L. H. Rivas[5], puesto que no se trata de reconocerlo como rey que venía de Dios, sino de "hacerlo rey", "esto equivaldría a colocarlo como cabecilla de una revolución tendiente a expulsar a los romanos y a restaurar el reino de Israel […] El evangelista deja claro que Jesús no se involucró en el mesianismo político terrenal. Su reino no tenía su origen ni su fuerza en este mundo. Era importante dejar claros estos conceptos en la época en que se escribió el evangelio, cuando el cristianismo incipiente podía ser confundido con alguno de los movimientos sediciosos nacionalistas de los judíos".

La sección termina señalando que Jesús volvió-huyó al monte, esta vez solo.

Como bien dice G. Zevini[6]: “Cuando el hombre no deja sitio para la búsqueda sincera del don de Dios, no consigue leer el acontecimiento como palabra de salvación y no se abre a la fe. Ante este grave equívoco de mesianismo, a Jesús no le queda más remedio que retirarse a la soledad del monte para orar, para huir de la gente que quiere apoderarse de él a fin de convertirlo en un rey terreno. Aquí es donde comienza aquella progresiva deserción de la gente que se narra en este capítulo, hasta que Jesús se queda sólo con los Doce”.

En síntesis: teniendo en cuenta que este relato tiene como trasfondo dos narraciones del Antiguo Testamento: la multiplicación de los panes por parte del profeta Eliseo (2Re 4,42-44) y el don del maná en el desierto (Ex 16,13-35), el mensaje es que Jesús posee la autoridad y el poder de los antiguos profetas y hombres de Dios como Moisés y Eliseo. Sí, pero es mucho más que ellos, pues tiene más para dar a los hombres: otro pan y otra vida…

ALGUNAS REFLEXIONES:

Para comprender el mensaje del evangelio de este domingo tenemos que introducirnos en el universo simbólico del evangelio de Juan. En primer lugar, hay que comprender el valor y la función del signo (semeion). En el evangelio de san Juan el signo es algo que hace Jesús en el presente, especialmente milagros. En los mismos hay una realidad inmediatamente perceptible, visible, pero esta realidad significa algo más profundo que se revela por la fe. Concretamente los signos tienen en Juan un significado cristológico por cuanto nos revelan quién es Jesús y cuál es su obra salvadora. Como bien señala el Card. Martini[7]: "la fe, tal como Juan nos la describe, no logra su objetivo sino por medio de testimonio o de signos; por eso, ella realiza, en su estructura esencial, dos condiciones: capacidad de interpretar correctamente los signos como tales, y capacidad de ir más allá de los signos". Es decir, la fe requiere dos movimientos por parte del creyente: 1. Interpretar correctamente los signos; 2. Ir más allá de los signos a lo significado.

En cuanto al pan, este tiene un valor simbólico universal que es asumido por el evangelista. Dado que la comida y la bebida son necesidades vitales, el pan simboliza la vida. De modo específico, de la tradición bíblica toma la idea de que el pan es don de Dios para la vida del hombre. La comida como don de Dios ya aparecía en Gn 1,29-30 donde Dios daba la hierba como alimento tanto a los hombres como a los animales. El hecho de necesitar comer para vivir indica que la vida del hombre está sujeta a alimentarse día tras día, y con algo exterior a sí mismo. Por tanto, el hombre no tiene la vida en sí mismo, sino que es un ser creatural, dependiente y no autónomo. En breve, recibir el alimento de parte de Dios indica que es Dios mismo quien mantiene en la vida a los seres vivos que creó, que es Providente.

Uniendo estos dos aspectos, notamos que Jesús considera la multiplicación de los panes como un signo (cfr. 6,14.26.30); es decir un hecho que no es fin en sí mismo, sino que nos debe llevar al conocimiento de otra realidad más profunda, lo significado, que es lo definitivo o auténtico. Es decir, el pan material que Jesús les dio en abundancia es en sí algo perecedero (cfr. 6,27) y es signo de otro pan, de otro alimento que el Padre ofrece y que permanece hasta la vida eterna. En el discurso siguiente quedará claro el significado cristológico por cuanto aparecerá que Jesús mismo es el Pan de Vida.

Ahora bien, pienso que es importante asumir también la pedagogía o camino de fe que nos señala el evangelio en este capítulo sexto (y presente también en el capítulo cuarto). Para ello deberíamos centrarnos en considerar nuestra fe como la interpretación correcta de los signos de Dios y nuestra capacidad de ir más allá de los signos a la realidad significada. De hecho, es aquí donde fallan los comensales de la multiplicación de los panes pues interpretan incorrectamente el signo quedándose en el hecho de haberse llenado la panza milagrosamente. En el fondo quedaron encerrados en sus expectativas mesiánicas de orden terrenal. Como bien nota E. Bianchi[8] “precisamente en este nivel aparece la diferencia entre la muchedumbre y Jesús, y a pesar de que él se ha mostrado acogedor y compasivo con la gente hasta el punto de saciar su hambre, se consuma la ruptura: cuando Jesús comprobó que el signo que acaba de realizar no había suscitado fe en su persona, sino que únicamente había servido para fomentar esperanzas mesiánicas mundanas, decidió «retirarse de nuevo al monte, él solo».

Traduciendo esto a nuestro lenguaje actual sería oportuno preguntarse cuáles son nuestras expectativas con respecto a Jesús. ¿Qué esperamos de él? ¿Por qué lo buscamos? En otras palabras: ¿de qué orden es nuestra hambre de Dios? No se trata en absoluto de minimizar nuestra necesidad de comida y bebida; de salud, afecto, contención, trabajo, éxito; pero ¿todas nuestras búsquedas y deseos se reducen a eso? Y nuestra búsqueda de Dios, ¿también puede quedar reducida a esto? Por ello es tan importante preguntarnos por nuestros deseos, ya que según A. Cencini[9]: "El concepto de deseo es considerado como el índice del proceso de formación permanente. Deseo como contenido (la calidad del deseo) y como dinamismo (la capacidad y libertad para desear)".

La recuperación del deseo de Dios es algo vital, pero hoy choca con la cultura de la gratificación inmediata, que a fuerza de dar satisfacción a nuestros deseos primarios termina por adormecer nuestros deseos profundos, nuestra hambre de Dios.

También es una invitación a tener una mirada de fe para ir más allá de los signos en nuestra vida concreta. Porque la fe es la puerta de un camino hacia Dios, o mejor, de una escalera que requiere que demos pasos o saltos para ir creciendo hasta una fe más viva y plena.

El primer paso o escalón necesario es aceptar que la realidad no se agota en lo que vemos, en lo material; sino que hay algo más y que la misma realidad y los acontecimientos de la vida son signos que nos refieren a Dios. Con la mirada de fe descubriremos que toda la realidad es en cierto modo un signo, una escalera hacia Dios. Así, por ejemplo, puedo levantarme y concentrarme en mis actividades directamente. O bien, puedo tomar conciencia, gracias a la fe, de que cada día es un regalo de Dios, que estoy vivo y gracias a Él puedo hacer muchas cosas a lo largo del día. Puedo simplemente disfrutar de una comida; pero con la fe puedo, además, darle gracias al Señor por el don de la comida. Y así con todas las cosas de mi vida: todo es signo de su presencia y de su amor. Sólo nos falta la fe para descubrirlo y vivirlo.

Por último, consideremos la generosidad del joven que aportó lo que tenía y gracias a eso Jesús realizó el milagro de la multiplicación. “Seguramente tenemos alguna hora de tiempo, algún talento, alguna competencia... ¿Quién de nosotros no tiene sus «cinco panes y dos peces»? ¡Todos los tenemos! Si estamos dispuestos a ponerlos en las manos del Señor, bastarían para que en el mundo haya un poco más de amor, de paz, de justicia y, sobre todo, de alegría. ¡Cuán necesaria es la alegría en el mundo! Dios es capaz de multiplicar nuestros pequeños gestos de solidaridad y hacernos partícipes de su don” (Papa Francisco, Ángelus del domingo 26 de julio de 2015).

En síntesis: la pedagogía de Jesús en el evangelio de Juan comienza por "anclar" la fe en la experiencia humana, en este caso concreto en nuestra necesidad de alimento, de pan para poder vivir. Luego con el signo de la multiplicación de los panes Jesús demuestra su capacidad para saciar sobreabundantemente, pero también sólo momentáneamente, el hambre de pan de todos los hombres presentes. De este modo permite confiar en él, creer en él. Pero luego invita a elevarse, por la fe, a dimensiones más profundas, pero no por ello menos auténticamente humanas. Por tanto, el signo tiene una función provocadora, nos invita a reflexionar sobre aquello sobre lo que fundamentamos nuestra vida, sobre los objetos de nuestros deseos y aspiraciones cotidianas. Nos invita a darles el justo valor, pero al mismo tiempo a abrirnos a lo trascendente, a lo más que Dios quiere darnos.

PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):

Tú eres mi alimento saludable Señor, Tú eres mi Salud


Señor Jesús, vengo a ti

Caminando con la multitud

Porque sé que siempre

Tienes todo previsto para mi bien.

Aunque el camino

Se haga cuesta arriba

Me deje agotado y tantas veces

Insatisfecho y angustiado…


La esperanza está en la mesa

El altar donde te sirves para servirme

Donde puedo tocarte a ti mismo

No solo tu manto.


Puedo saciarme de tus delicias

También elevar mi canto

Sentarme confiado a tus pies

Y disfrutar del Milagro. Amén.



[1] “The Classification of the Prophetical Stories”, JBL 89 (1970) 427-440.

[2] Predicación del Evangelio de Juan (Comisión Episcopal del Clero; Madrid 1988) 307-308.

[3] El evangelio de Juan (Verbo Divino; Estella 2005) 218.

[4] J. Ratzinger, Jesús de Nazaret. Primera parte (Planeta; Buenos Aires 2007) 312.

[5] El evangelio de Juan (San Benito; Buenos Aires 2006) 213-214.

[6] G. Zevini, Evangelio según san Juan, Salamanca, 1995., 179.

[7] El Evangelio de San Juan. Ejercicios espirituales sobre San Juan (Paulinas; Bogotá 1986) 92.

[8] E. Bianchi, Escuchad al Hijo amado, en él se cumple la Escritura, Salamanca, 2011.,139.

[9]A. Cencini, La formación permanente (San Pablo; Madrid 2002) 188.