O MATRIMÔNIO-27º TC-B

O MATRIMÔNIO

27º DOMINGO DO TEMPO COMUM-ANO B

03/10/2021

Acesse as leituras de hoje neste link:

https://www.paulus.com.br/portal/liturgia-diaria

1ª Leitura: Gênesis 2,18-24

Salmo Responsorial 127(128)-R- O Senhor te abençoe de Sião, cada dia de tua vida.

2ª Leitura: Hebreus 2,9-11

Evangelho Marcos 10,2-16 (ou 2-12)

"2.Chegaram os fariseus e perguntaram-lhe, para o pôr à prova, se era permitido ao homem repudiar sua mulher. 3.Ele respondeu-lhes: “Que vos ordenou Moisés?”. 4.Eles responderam: “Moisés permitiu escrever carta de divórcio e despedir a mulher”. 5.Continuou Jesus: “Foi devido à dureza do vosso coração que ele vos deu essa Lei; 6.mas, no princípio da Criação, Deus os fez homem e mulher. 7.Por isso, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher; 8.e os dois não serão senão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne. 9.Não separe, pois, o homem o que Deus uniu”. 10.Em casa, os discípulos fizeram-lhe perguntas sobre o mesmo assunto. 11.E ele disse-lhes: “Quem repudia sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira. 12.E se a mulher repudia o marido e se casa com outro, comete adultério”. (= Mt 19,13ss = Lc 18,15ss) 13.Apresentaram-lhe então crian­ças para que as tocasse; mas os discípulos repreendiam os que as apresentavam. 14.Vendo-o, Jesus indignou-se e disse-lhes: “Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham. 15.Em verdade vos digo: todo o que não receber o Reino de Deus com a mentalidade de uma crian­ça, nele não entrará”. 16.Em seguida, ele as abraçou e as abençoou, impondo-lhes as mãos.


DOM JÚLIO ENDI AKAMINE

Arcebispo de Sorocaba SP

Deus é apresentado como um pai que educa sem forçar os ritmos de amadurecimento do filho, mas, que ao mesmo tempo, não deixa de incentivar e favorecer esse amadurecimento. Deus já tinha decidido: “vou providenciar um auxílio que lhe corresponda” (2,18). Antes, porém, de criar a mulher, Deus modelou do solo todos os animais selvagens e todas as aves do céu, e os trouxe ao homem para ver que nome lhes daria.

Ao dar nome, o homem exerce a sua vocação de dominar “sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos”. O homem como que toma posse do reino mineral, vegetal e animal. Dar nome é também organizar e determinar o lugar de cada ser criado em relação ao homem. Se Deus criou para pôr tudo a serviço do homem-adam, ao impor nomes aos animais, o ser humano toma consciência de sua primazia em relação a tudo e tudo ordena em função de sua soberania.

Depois de ter tomado consciência de sua ligação com os seres criados – uma vez que é também criatura entre criaturas –, o homem percebe que se eleva sobre eles e se sente só. O homem designou com nomes todos os animais domésticos, todas as aves dos céus e todos os animais ferozes; contudo não encontrou para si uma auxiliar adequada (Gn 2,20).

Ao levar os animais formados do pó da terra ao homem, Deus como que desperta na sua consciência a questão da sua própria identidade. A solidão original tem um significado negativo: o ser humano é criatura em meio ao mundo material, mas, ao mesmo tempo, é mais do que a criação. O ser humano está só, diante de Deus e, ao mesmo tempo, é diverso e distinto de todas as criaturas. Com esta consciência, ele, em certo modo, sai para fora de si mesmo para se tornar ciente da peculiaridade do seu ser. A consciência de si é o que o torna um ser solitário.

A solidão original é o que possibilita ao ser humano se distinguir, de um lado, do Criador e, de outro, de todos outros seres. Com essa solidão original, o ser humano se afirma como “pessoa”: além de Deus, só ele é pessoa. Ele não é algo, mas alguém. É capaz de se conhecer, de se possuir e de se doar livremente a outra pessoa. É exatamente isso que o homem percebe quando não encontra entre os animais uma auxiliar que lhe corresponda: não há outra pessoa a quem possa se doar e dela receber uma resposta.

Somente depois que o homem constata a própria solidão, Deus cria a mulher: Então, o Senhor Deus fez vir um sono profundo sobre o homem, o qual adormeceu. Tomou um lado (costela) dele e fechou a carne no seu lugar. E do lado (costela) que tomara do homem, o Senhor Deus formou a mulher e a trouxe ao homem (Gn 2,21-22).

O homem (adam) caiu em um sono profundo para acordar varão e mulher. De fato, a primeira vez que aparece a distinção ish-ishá é em Gn 2,23. O termo hebraico adam exprime o coletivo da espécie humana, isto é, o ser humano. A contraposição ish-ishá sublinha a diversidade sexual.

Ao sono relacionamos quase espontaneamente o sonho: o homem sonha encontrar um “segundo eu”, “um outro eu distinto de mim”, “um tu” pessoal e igualmente marcado pela solidão original. O homem cai no sono com o “sonho” de encontrar um ser semelhante a si.

Sono é o termo que aparece na Sagrada Escritura, quando durante o sono ou imediatamente depois dele ocorrem fatos extraordinários (Gn 15,12; 1Sm 26,12; Is 29,10; Jó 4,13; 33,15). Na teologia javista, o sono em que Deus fez cair o primeiro homem, sublinha a exclusividade da ação de Deus na obra da criação da mulher: o homem não teve nela nenhuma participação consciente. O homem parece ter assistido à formação dos animais do pó da terra, mas ao mistério da criação da mulher, o homem não é admitido. Como o homem é mistério para si mesmo, pois está marcado pela solidão original, assim a mulher é mistério que fascina e assombra o homem.

Deus serve-se da sua “costela” porque o homem e a mulher têm a mesma natureza. A mulher é feita “com a costela” (tomou um lado dele.) que Deus tinha tirado do homem. Esse é o modo arcaico e imaginoso de exprimir a homogeneidade (de mesma natureza) do ser homem e mulher.

Essa homogeneidade diz respeito sobretudo ao corpo. Ela é confirmada pelas primeiras palavras do homem à mulher recém-criada: Esta é realmente o osso dos meus ossos e a carne da minha carne (Gn 2,23). Essas palavras devem ser entendidas no contexto das afirmações feitas antes da criação da mulher, nas quais ela é definida como “auxiliar semelhante a ele” (Gn 2,18 e 2,20): a mulher foi criada sobre a base da mesma humanidade. O termo auxiliar que lhe corresponde sugere a ideia não tanto de “complementaridade”, mas mais de “correspondência” e de “reciprocidade”.

A homogeneidade entre homem e mulher é tão evidente que o homem, despertando do sono, imediatamente a exprime: Esta é realmente osso dos meus ossos e carne da minha carne. Chamar-se-á mulher, visto ter sido tirada do homem. Mesmo que a diferenciação sexual e corporal seja igualmente evidente, o homem não deixa de manifestar a sua alegria e exultação: agora sim ele encontrou alguém que, como ele, se autoconhece, se autopossui e se autodoa. As palavras são poucas e essenciais, mas cada uma tem grande peso. A mulher, feita com “o lado do homem” é imediatamente aceita como auxiliar semelhante a ele.



Matrimônio: Amor de Deus que se faz carne

Adroaldo Palaoro

O Evangelho deste domingo continua nos situando no contexto da subida de Jesus a Jerusalém e da instrução dada aos discípulos. A pergunta inesperada e capciosa dos fariseus sobre a licitude do homem despedir sua mulher tinha intenção de colocar Jesus numa situação constrangedora. Mas, como bom mestre, Jesus aproveita também desta circunstância para re-situar a todos no “princípio da criação” e recuperar a essência do matrimônio.

Na realidade, a atitude de Jesus é coerente com toda sua trajetória. Se algo fica claro, no relato evangélico, é seu posicionamento decidido a favor dos “últimos”, dos “pequenos”, das “crianças”, das mulheres... Por tudo isso, não parece casual que, depois do relato no qual defende a igualdade da mulher com relação ao homem, apareça a cena de Jesus abraçando as crianças.

Seja qual for o motivo da pergunta feita pelos fariseus, a resposta de Jesus vai se centrar neste ponto: a “intuição primeira” (e, portanto, também o “horizonte”) para a qual tende a relação amorosa entre homem e mulher é esta - “o que Deus uniu o homem não separe!”. Mas Deus não une pelas leis canônicas e sim pelo amor cuja intenção é a plena comunhão entre duas pessoas. Uma coisa é a indissolubilidade canônica e outra é a fidelidade que o casal deve atualizar cada dia e em cada instante de sua convivência.

A palavra “matrimônio” significa, etimologicamente, “múnus” ou tarefa de mãe a serviço da gestação e educação dos filhos. Mas, segundo o Evangelho de Jesus, o matrimônio é uma realidade anterior: é a “matriz” ou fonte comum de vida onde duas pessoas “vivem com-vivendo e existem co-existindo”. Significativamente, ao referir-se ao matrimônio, Jesus destacou a fidelidade ou comunhão de duas pessoas centrada na convivência mútua e não na lei de poder de um sobre outro (neste caso, do marido).

O Evangelho realça a graça original do matrimônio rejeitando a pergunta de poder, segundo a lei, do fariseu: “Pode o homem despedir a mulher?” Esta é uma pergunta patriarcal que se coloca a partir do poder do homem sobre a mulher, poder que Jesus rejeita com palavras da mesma tradição israelita (Gen 1,27; 2,24-45). Jesus busca re-descobrir e potenciar o princípio superior de vida em comunhão, na linha da fidelidade pessoal e de igualdade na nobre missão de ambos, marido e mulher, se tornarem mais humanos, a partir do amor que os une e os abre à vida.

O mais interessante do Evangelho de hoje é que Jesus vai mais além de toda lei. Busca desvelar a raiz antropológica do matrimônio (o projeto de Deus) para não anular nunca o que é verdadeiramente humano. Ao fazer referência “ao princípio” Jesus vai diretamente à essência do problema, tratando de descobrir as exigências mais profundas do ser humano (vontade de Deus). O homem e a mulher são um lugar privilegiado de revelação e de experiência do Amor de Deus. Eles são a encarnação e a visibilização desse Amor Ágape que tem sua fonte no próprio Deus. Cada pessoa jamais deixa de ter suas raízes plantadas no coração do Criador.

A palavra de Deus não se encarnou só em Jesus, mas em todo matrimônio, que é “palavra de Deus”, sendo palavra de dois, um homem e uma mulher, duas pessoas que descobrem, um no outro e com o outro, o sentido mais profundo de suas vidas, e decidem compartilhá-lo, em comunhão de amor, acima de toda lei particular, como aliança permanente. “Matrimônio”: lugar da manifestação do amor oblativo do Criador.

O caminho que mulher e homem iniciam como cônjuges (conjuntamente), não é algo estático, mas é mudança, é abertura ao novo, é movimento em direção a um amor maior. Nesse sentido, o matrimônio é o sacramento que faz mulher e homem entrarem no dinamismo expansivo do Amor de Deus. Na sua essência, o amor é oblativo, aberto, gratuito...; o amor não se fecha a dois: abre-se, amplia-se, envolve outros...; amor expansivo e que se expressa na compreensão, no perdão, no apoio, na paciência, no companheirismo...

No matrimônio, cada um é chamado a ajudar o outro a ser mais humano, mais gente, mais pessoa, mais santo(a)...; cada um tem a nobre missão de facilitar que o outro cresça e desenvolva suas capacidades, riquezas...; cada um deve ser para o outro uma presença instigante, inspiradora... À luz do Amor primeiro, ativar e despertar mutuamente os dons originais, os recursos e capacidades mobilizadores...

É querer bem, respeitar, valorizar, sentir a falta do outro, conceder espaço, querer que o outro cresça, alegrar-se com as vitórias do outro, compadecer-se com os seus fracassos... É ajudar a manter sempre acesa a “faísca de Javé” (Cant. 8,6), a chama do amor eterno. Amor que encontra expressões diferentes de acordo com as circunstâncias e as fases da vida. É preciso ser criativo na maneira de expressar o Amor Ágape e não deixar que a “faísca do amor divino” se atrofie pela rotina, cansaço, desencanto...

Em sentido profundo, na união conjugal, ninguém perde e nem se anula, mas os dois ganham, apresentando-se, de maneira complementária como iguais, e iniciando um processo de amor ou fidelidade pessoal sem domínio de um sobre o outro, amparados pelo mesmo Deus que se revela como Aliança de amor. Deus garante assim o processo de fidelidade, que faz do matrimônio um contínuo recomeço e um processo de comunhão que respeita a diversidade de cada pessoa. Por isso, na tradição judeu-cristã, a relação de um casal se expressa com as palavras: “serão os dois uma só carne”. Trata-se de uma expressão vigorosa e de uma imagem esplêndida, que destaca a unidade-na-diferença.

Sabemos que o maior inimigo do matrimônio é o egoísmo. A ânsia de buscar em tudo o benefício próprio e pessoal arruína toda possibilidade de viver relações verdadeiramente humanas. Esta busca do outro para satisfazer as necessidades do próprio ego, anula toda possibilidade de uma relação profunda de um casal. A partir da perspectiva hedonista, o casal estará fundamentado no que o outro traz de benefício, nunca no que cada um pode partilhar mutuamente. A consequência é nefasta para ambos.

Ao envelhecer juntos, meta desafiante, consuma-se o matrimônio. Assim é que se realiza a vida com-junta-mente, fazendo-se companhia digna, ajudando-se mutuamente a se tornarem mais humanos; uma companhia experimentada como dom, com alegrias e sombras, querendo-se muito e também sendo mútuo suporte, mesmo no outono da vida.

Por isso, ao falar de “indissolubilidade matrimonial”, é preciso assumir com lucidez e serenidade o caráter processual da relação de “duas pessoas unindo-se” em “comunhão de vida e amor”.

Os trâmites legais que certificam o consentimento conjugal se firmam em um momento. Mas a união de duas pessoas em “comunhão de vida e amor” não é momento, mas processo; não tem efeito instantâneo a partir de uma declaração legal, nem de uma fusão biológica, nem de um artifício mágico, nem sequer de uma benção religiosa; não é uma foto estática e morta, mas um processo dinâmico e vivo.

A expressão “sim, eu quero”, não é uma fórmula mágica que produz automaticamente um vínculo indissolúvel. Para o casamento, basta meia hora. Para a consumação do matrimônio “de maneira humana”, é preciso uma vida inteira.


Para meditar na oração:

Que a “faísca do Amor de Deus”, presente nos corações de todos, se transforme numa labareda, iluminando e aquecendo o cotidiano de suas vidas, inspirando e apontando caminhos para todos aqueles que, em meio às sombras, vivem tateando um sentido para suas existências.

- O Amor de Deus encontra espaço no seu interior, iluminando e dando sentido ao seu ritmo de vida?

- Que gestos e atitudes de sua vida são transparência do Amor de Deus?

Antes de separar-se

Hoje fala-se cada vez menos de fidelidade. Basta ouvir certas conversas para constatar um clima muito diferente: «Passamos as férias cada um por sua conta», «o meu marido tem uma ligação, tive dificuldade em aceitá-lo, mas o que poderia fazer? », «é que sozinha com o meu marido aborreço-me».

Alguns casais consideram que o amor é algo espontâneo. Se brota e permanece vivo, tudo vai bem. Se arrefece e desaparece, a convivência torna-se intolerável. Então, o melhor é separar-se «de forma civilizada».

Nem todos reagem assim. Há casais que percebem que já não se amam, mas continuam juntos, sem que possam explicar exatamente porquê. Só se perguntam até quando poderá durar esta situação. Há também aqueles que encontraram um amor fora do seu casamento e estão tão atraídos por essa nova relação que não querem renunciar a ela. Não querem perder nada, nem o seu casamento nem esse amor extraconjugal.

As situações são muitas e com frequência muito dolorosas. Mulheres que choram em segredo o seu abandono e humilhação. Maridos que se aborrecem numa relação insuportável. Crianças tristes que sofrem a falta de amor dos pais. Estes casais não precisam de uma «receita» para sair da sua situação. Seria demasiado fácil. O primeiro que lhe podemos oferecer é respeito, escuta discreta, alento para viver e, talvez, uma palavra lúcida de orientação. No entanto, pode ser oportuno recordar alguns passos fundamentais que sempre é necessário dar.

A primeira coisa é não renunciar ao diálogo. Há que esclarecer a relação. Revelar com sinceridade o que sente e vive cada um. Tratar de entender o que se oculta por trás desse mal-estar crescente. Descobrir o que não funciona. Dar nome a tantos agravos mútuos que se foram acumulando sem nunca serem elucidados.

Mas o diálogo não basta. Certas crises não se resolvem sem generosidade e espírito de nobreza. Se cada um se encerra numa postura de egoísmo mesquinho, o conflito agrava-se, os ânimos crispam-se e o que um dia foi amor pode converter-se em ódio secreto e mútua agressividade.

Há que recordar também que o amor se vive na vida comum e repetida do quotidiano. Cada dia vivido juntos, cada alegria e cada sofrimento partilhados, cada problema vivido como um casal, dão consistência real ao amor. A frase de Jesus: «O que Deus uniu, que não o separe o homem», tem as suas exigências muito antes de que chegue a ruptura, pois os casais vão-se separando pouco a pouco, na vida de cada dia.

Mc 10,2-16 - Igualdade entre homens e mulheres

Carlos Mesters

ABRIR OS OLHOS PARA VER

No texto de hoje, Jesus continua dando conselhos sobre o relacionamento entre homem e mulher, e sobre o relacionamento com as mães e as crianças. Naquele tempo, no relacionamento entre homem e mulher, havia muito machismo. Com os pequenos e excluídos Jesus pede o máximo de acolhimento. No relacionamento homem-mulher ele pede o máximo de igualdade. Com as crianças e suas mães, o máximo de ternura. Vamos conversar sobre isso.

COMENTANDO

Marcos 10,2: A pergunta dos fariseus: "o marido pode mandar a mulher embora?"

A pergunta é maliciosa. Ela pretende colocar Jesus à prova: "É lícito a um marido repudiar sua mulher?" Sinal de que Jesus tinha uma opinião diferente, pois do contrário os fariseus não iriam interrogá-lo sobre este assunto. Não perguntaram se é lícito a esposa repudiar o marido. Isto nem passava pela cabeça deles. Sinal claro da forte dominação masculina e da marginalização da mulher.

Marcos 10,3-9: A resposta de Jesus: o homem não pode repudiar a mulher

Em vez de responder, Jesus pergunta: "O que diz a lei de Moisés?" A lei permitia ao homem escrever uma carta de divórcio e repudiar sua mulher. Esta permissão revela o machismo. O homem podia repudiar a mulher, mas a mulher não tinha este mesmo direito. Jesus explica que Moisés agiu assim por causa da dureza de coração do povo, mas a intenção de Deus era outra quando criou o ser humano. Jesus volta ao projeto do Criador e nega ao homem o direito de repudiar sua mulher. Tira o privilégio do homem frente à mulher e pede o máximo de igualdade.

Marcos 10,10-12: Igualdade de homem e mulher - Em casa, os discípulos fazem perguntas sobre este assunto. Jesus tira as conclusões e reafirma a igualdade de direitos e deveres entre homem e mulher. Ele propõe um novo tipo de relacionamento entre os dois. Não permite o casamento em que o homem pode mandar a mulher embora, nem vice-versa.

O evangelho de Mateus (cf. Mt 19,10-12) acrescenta uma pergunta dos discípulos sobre este assunto. Eles dizem: "Se a gente não pode dar uma carta de divórcio, é melhor não casar". Preferem não casar do que casar sem o privilégio de poder continuar mandando na mulher. Jesus vai até o fundo da questão. Há somente três casos em que ele permite a uma pessoa não casar: (1) impotência, (2) castração e (3) por causa do Reino. Não casar só porque o fulano se recusa a perder o domínio sobre a mulher, isto a Nova Lei do Amor já não o permite! Tanto o casamento como o celibato, ambos devem estar a serviço do Reino e não a serviço de interesses egoístas. Nenhum dos dois pode ser motivo para manter o domínio machista do homem sobre a mulher.

Marcos 10,13-16: Receber o Reino como uma criança

Trouxeram crianças para que Jesus as tocasse. Os discípulos tentaram impedir. Por que impediram? O texto não diz. Os discípulos não gostam de gente sem importância perto de Jesus. Além disso, conforme as normas rituais da época, crianças pequenas com suas mães viviam quase constantemente na impureza legal. Tocando nelas, Jesus ficaria impuro! Mas a reação de Jesus ensina o contrário. Ele diz: "Quem não receber o Reino como uma criança não vai poder entrar nele!" O que significa essa frase? 1) A criança recebe tudo dos pais. Ela não consegue merecer o que recebe, mas vive no amor gratuito. 2) Os pais recebem a criança como um dom de Deus e cuidam dela com todo o carinho. A preocupação dos pais não é dominar a criança, mas sim amá-la e educá-la para que cresça e se realize!

A LEI DO MATRIMÔNIO

Pe. Nelito Nonato Dornelas


LMarcos 10, 2 – 16 (ou abreviada Mc 10, 2 – 22 - Nova lei do matrimônio)

1-Situando-nos

O evangelho de Marcos é uma obra catequética que animou a vida missionária da Igreja, desde as primeiras comunidades cristãs. Aos que se iniciavam no caminho da fé, essa catequese consistia em apresentar-lhes quem é Jesus e o que significa comprometer-se com Ele e a radicalidade do reino. O Capítulo décimo de Marcos traz alguns ensinamentos de Jesus aos seus discípulos sobre o matrimônio cristão assumido no contexto diverso da sociedade romana.

Na segunda parte desse capítulo, Jesus se dedica, quase que exclusivamente, a instrução dos discípulos, mostrando-lhes mais de perto, as exigências do discipulado radical. Isso porque ele está a caminho de Jerusalém, onde será morto e depois de três dias ressuscitará.

Estes ensinamentos são: a radicalidade do seguimento a Jesus, a fidelidade ao outro, sobretudo na vida conjugal, a opção pelos pobres, simbolizada pelo acolhimento às crianças, e o alerta sobre os perigos das riquezas, enquanto impedimento para entrar no reino. O texto compreende a vida cristã na perspectiva do reino, na qual, o matrimônio é indissolúvel. Ele adota o esquema dos diálogos didáticos:

1. Interpela-se o mestre com uma pergunta difícil;

2. O mestre responde perguntando;

3. Os interlocutores se sentem obrigados a responder, revelando seus pontos fracos;

4. O mestre corrige a resposta dos interlocutores, apresentando-lhes a novidade.

É o modelo catequético para os que pretendem seguir a Jesus, no confronto com a sociedade permissiva e discriminadora, representada pelos fariseus, que impõem suas próprias leis. De fato, os fariseus, ajudados pelos doutores da lei, ditavam as regras do jogo.

O que Jesus tem a dizer a essa sociedade?

Como se posicionou diante dela?

Como deverão reagir os que o seguem?

O texto de hoje mostra que a práxis da comunidade cristã, em relação ao matrimônio, distanciou-se bem depressa da legislação farisaica. A Interpretação farisaica da Lei não põe em discussão o direito que o homem tinha de se divorciar da esposa, discutia-se em que circunstâncias e por quais razões seria possível fazê-lo. Por qualquer razão? Por isso, os fariseus, respondendo à pergunta de Jesus sobre o que Moisés ordenou, afirmam que ele permitiu ao homem dar à mulher o documento de divórcio (cf Deuteronômio 24,13). É necessário ressaltar que a legislação romana permitia também à mulher se divorciar de seu esposo.

Na perspectiva do Deuteronômio, o documento de divórcio visava proteger a mulher, coibindo o arbítrio machista. Para assinar o documento eram necessárias testemunhas e razões válidas. Isso impediria que a mulher fosse mandada embora sem maiores motivos, até por caprichos ou mau humor do marido. Recebendo o documento de divórcio a mulher estava livre para casar-se com outro homem sem ser acusada de adultério. Essa perspectiva, porém, aos poucos, foi sendo esquecida e o divórcio passou a ser mais uma demonstração do arbítrio e do machismo.

A resposta de Jesus é carregada de respeito e de uma profunda humanidade. Para os fariseus, nada poderia ser superior à Lei de Moisés, no entanto, Jesus a supera, indo para além da Lei, evocando a sacralidade da criação, afirmando que “no princípio Deus os criou...”. Portanto, a sacralidade do amor conjugal está no coração do próprio Deus. Ao celebrar o sacramento matrimonial, os ministros autorizados pela Igreja o assistem, quem o celebra são os próprios cônjuges, que se dão em matrimônio, em nome do Pai, do qual recebem a bênção da fecundidade, do Filho, no qual alcançam a força da fidelidade e do Espírito Santo, do qual recebem o dom da indissolubilidade.

2- Recordando a Palavra

Primeira leitura - Gênesis 2, 18- 24. O projeto inicial de Deus é a harmonia da criação que permanece no horizonte da história e se perpetua na consumação de tudo fica sempre válido. Portanto, falando do primeiro casal humano, o autor de Gênesis fala de todos os casais humanos. Entre todas as criaturas só a mulher é ‘ajuda adequada’ para o homem. O amor matrimonial é mais forte que qualquer outro amor humano, mesmo da família de origem. Por sua natureza é um amor único. Os dois formam uma só carne, uma única realidade humana. (Cf 1 Coríntios 11,8-9; 1Timóteo 2,3; Efésios 5, 31; 1 Coríntios 6,16).

Segunda leitura - Hebreus 2, 9-11. Na glorificação de Cristo que morreu por nós, o autor da carta aos hebreus encontra o critério fundamental para confirmar os cristãos provenientes do judeu-helenismo em sua fé e esperança, que estão sendo abaladas pelas controvérsias dos não cristãos e pela protelação da parusia de Cristo.

A carta destaca a grandeza de Cristo, descrevendo amplamente a plenitude do seu sacerdócio, fundamento do sacerdócio comum dos fieis leigos e de ministério, que consiste em duas credenciais imprescindíveis: ser misericordioso e digno de confiança de Deus e do povo. Embora, por um tempo, foi colocado um pouco abaixo dos anjos é ele agora elevado acima deles e de todos os personagens bíblicos que se tornaram modelos de fé.

Na humildade de Jesus, que assumiu nossa condição humana até a morte, fazendo-se nosso irmão, para quebrar o domínio da morte, está sua grandeza e a plenitude da glória de Deus, manifestada não somente em seu Cristo, mas em todos que dele fomos revestidos. (Salmo 8,5-7; Filipenses 2, 6 -11; Romanos 11, 36; 1 Coríntios 8,6; Hebreus 4, 15; 5, 2; 3, 9-10; Hebreus 2, 17 18; Salmo 22, 23).

Evangelho - Marcos 10, 2 – 16 (ou abreviada Mc 10, 2 – 22). Em continuidade com as questões da vida em comunidade apresentadas no capítulo nove, Marcos 10, 1- 12 apresenta a visão cristã do matrimônio, em conformidade com os princípios da criação divina. O homem e a mulher são vocacionados a formar uma unidade pessoal inseparável. A legislação mosaica concernente ao divórcio veio depois do projeto original. É um remendo para consertar a vestimenta original que se desfazia por causa da ‘dureza do coração’ humano. Considerando que o casamento nem sempre é o que deveria ser, Jesus assume a autoridade de restaurá-lo, entrando dentro desse túnel escuro para iluminá-lo com a luz original da criação divina. Ele não se coloca no nível da casuística, mas da vontade inicial e final de Deus mesmo. O que se deve fazer quando o ser humano não corresponde a esta vocação originante é outra questão que merece cuidado e atenção.

Em Marcos 10,13-16 Jesus ensina aos discípulos sobre a radicalidade do reino, mediante um gesto paradigmático: que o reino de Deus é dado a pessoas menos consideradas, como às crianças, que não podem nada por si mesmas, mas são capazes de receber tudo do outro como dádiva e dom.

3- Atualizando a Palavra

Terminada a catequese sobre o matrimônio cristão, Marcos insere, em seguida, uma cena, na qual são apresentadas as crianças a Jesus, a fim de que as tocasse. O texto quer mostrar o que fazer na comunidade com os pobres, os simples e os pecadores.

Ao falar das crianças, Marcos as apresenta como símbolo de todos os empobrecidos e marginalizados da sociedade, por serem indefesas, sem poder de decisão, sem voz e sem vez.

Doutro lado, aparecem os discípulos que, no evangelho de Marcos, se caracterizam pela lentidão em aderir a Jesus, pela incapacidade de compreender a lógica do reino e pelo medo do compromisso. E procuram afastar as crianças da presença de Jesus.

Ao perceber tal atitude a reação de Jesus foi de ira. É a única vez no evangelho de Marcos em que Jesus se irrita contra os discípulos. É a ira santa de Javé tão presente no Antigo Testamento ao ver que os pobres, seus preferidos, aos quais pertencem o reino, são excluídos de sua presença.

Este fato permitiu a Jesus oferecer aos seus discípulos seu mais genuíno ensinamento: que o reino é dos pobres, simbolizado pelas crianças, porque a graça de Deus foi destinada a eles.

A cena se situa também entre os três anúncios da Paixão de Jesus e as três reações opostas dos discípulos. É oportuno lembrar que na segunda parte do evangelho de Marcos (8, 31 em diante) Jesus ensina os discípulos, mostrando assim o perfil das pessoas que ele procura para serem, com Ele, construtores do reino.

O Versículo 15 traz a declaração solene de Jesus: em verdade digo a vocês quem não receber o reino de Deus como uma criança nele não entrará. Esta é condição para acolher o reino e entrar nele, o despojamento. Este é o requisito básico para implantação do projeto de Deus, como dom e acolhimento. É outra forma de dizer: quem não renunciar a si mesmo... Portanto, os que buscam prestígio, poder, riqueza ou segurança correm um sério risco de se colocar fora do reino.

Marcos apresenta Jesus abraçando e abençoando as crianças e evangelizando os adultos. Isso serve de alerta para os discípulos de hoje que, muitas vezes acabam fazem o contrario, como nos alertava o Irmão Nery: muitas vezes nos pegamos abençoando os adultos sem anunciar-lhes o evangelho e gastamos nossas energias evangelizando as crianças sem abençoá-las.

4- Ligando a Palavra com a ação litúrgica

A primeira leitura e o evangelho podem se tornar excelentes momentos de catequese sobre o matrimônio cristão, à luz do projeto de Deus, que criou os seres humanos para igualdade, comunhão e união.

Este deve ser o conteúdo permanente da catequese para crianças, jovens e adultos. É uma grande contribuição para acabar com o machismo e as discriminações. Pode-se convidar casais para testemunharem sobre a vida matrimonial e familiar, suas cruzes e glórias.

Torna-se também oportuno refletir sobre a carta do Papa Francisco às famílias, Amoris Laetitia:

“Temos dificuldade em apresentar o matrimônio mais como um caminho dinâmico de crescimento e realização do que como um fardo a carregar a vida inteira. Também nos custa deixar espaço à consciência dos fiéis, que, muitas vezes, respondem o melhor que podem ao Evangelho, no meio dos seus limites e são capazes de realizar o seu próprio discernimento, perante situações onde se rompem todos os esquemas. Somos chamados a formar as consciências, não a pretender substituí-las” (n. 37).

“Desejo, antes de tudo, reafirmar que cada pessoa, independentemente da própria orientação sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e acolhida com respeito, procurando evitar ‘qualquer sinal de discriminação injusta’ e particularmente toda forma de agressão e violência” (n. 250).

“Trata-se de integrar a todos, deve-se ajudar cada um a encontrar a sua própria maneira de participar na comunidade eclesial, para que se sinta atraído por uma misericórdia ‘imerecida, incondicional e gratuita’. Ninguém pode ser condenado para sempre, porque essa não é a lógica do Evangelho! Não me refiro só aos divorciados que vivem numa nova união, mas a todos seja qual for a situação em que se encontrem” (n. 297).

É bom recordar a tríade estabelecida pelo papa Francisco: acompanhar, discernir e integrar.

Outra questão é a opção preferencial pelos pobres e pelas crianças. Que lugar ocupam em nossa comunidade as crianças e os pobres? Estaria Jesus irritado conosco? Ou estaria feliz?

A segunda leitura traz o tema da solidariedade de Jesus que não se envergonha de chamar-nos seus irmãos. Como anda a solidariedade na comunidade? Discriminamos ou acolhemos?

A Comunidade dos Homens e Mulheres

Thomas McGrath – Tomé

Gênesis 2:18-24 –

A leitura de hoje, Gênesis 2:18-24, parte do segundo relato da história da criação, é um texto provavelmente escrita uns 1000 anos antes do nascimento de Cristo, e portanto mais de 3000 anos atrás. Parece ser obra de um catequista popular, que ensina usando imagens sugestivas, coloridas e fortes. Não podemos ver o texto como se fosse uma reportagem jornalística de acontecimentos passados no amanhecer da humanidade. A finalidade do autor não é científica ou histórica, mas religiosa: ele/a não quer ensinar como o mundo e o homem apareceram, mas afirmar que na origem da vida e do homem está Javé. Portanto é uma catequese e não uma explicação cientifica das origens do mundo e da vida.

Essa catequese utiliza elementos simbólicos das histórias de outros povos, dando-lhes um novo significado, uma nova interpretação para servir a catequese e a fé do povo que acreditava em Javé que que o tinha tirado da escravidão do Egito.

O trecho de hoje situa-nos no "jardim do Éden", um mundo ideal onde Deus colocou o homem que criou, um ambiente de felicidade material onde todas os elementos da vida humana estavam satisfeitas. Um lugar com água abundante e com árvores frutíferas e comida para todos as criaturas.

Mas o homem ainda não tinha tudo para ser feliz. Na perspectiva do catequista o homem não estava plenamente realizado, porque precisava de outra pessoa com quem compartilhar a vida e a felicidade. O homem não foi criado para viver sozinho, mas para viver em comunidade.

Depois de criar o homem e de o colocar no "jardim" da felicidade, Deus partiu para resolver a solidão da sua criatura. Num primeiro momento, Deus fez desfilar diante do homem "todos os animais do campo e todas as aves do céu", a fim de que o homem os chamasse "pelos seus nomes". Naquela época e naquela cultura "dar um nome" era um ato de estabelecer pertence ou companheirismo. Por outro lado, o fato de Deus trazer os animais para o homem lhes dar um nome era, para a catequista, o reconhecimento na parte de Deus da liberdade do homem e a sua ligação com o restante da criação de Javé, dando para os seres humanos uma participação ativa no trabalho criativo de Javé.

Ainda faltou algo essencial para a felicidade do homem. Além de se relacionar com a natureza e o mundo animal, precisava de uma companheira igual a ele - "uma auxiliar semelhante a ele". Deus vai intervir de novo.

A nova ação de Deus começa com um "sono profundo" do homem. Depois, Deus tirou parte do corpo do homem – a "costela" - e com ela fez a mulher. A mulher é aqui apresentada como uma noiva conduzida à presença do noivo e Deus é o "padrinho" desse casamento! O homem acolhe a mulher como a companheira, "mulher" (em hebraico 'ishah, quer dizer mulher, e 'ish é homem – os dois é um só!). A proximidade das duas palavras indica a proximidade entre o homem e a mulher, a sua igualdade.

O nosso texto termina com um comentário do/a catequista: "É por isso que o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir com a sua mulher, e os dois se tornam uma só pessoa". O amor vem de Deus, que fez o homem e a mulher de uma só carne; por isso, homem e mulher buscam essa unidade e estão destinados, fatalmente, a viver em comunhão um com o outro.

CONCLUINDO

"Não é bom que o homem esteja só". Estas palavras afirmam que a realização plena do ser humano só acontece no relacionar, compartilhar, e não na solidão. O eu sozinho ou com a minha família pequena, com um coração virado para dentro, não traz a felicidade. O catequista de 3000 anos atrás usa imagens e símbolos para descrever a missão humana. Adão e Eva vivem num jardim bonito (Gn, 2,8.15), em harmonia consigo mesmos, com os outros seres vivos, com a natureza e com Deus. Uma das imagens mais eloquentes desta harmonia é o texto que lembra como na brisa da tarde Deus descia para passear com eles no jardim - “o homem e a sua mulher ouviram a voz do Senhor Deus, que estava passeando pelo jardim” (Gn3,8). Eles são felizes e livres, despreocupados e inocentes. Não existe a mentira, nem malícia nem maldade.

No decorrer deste mês da Bíblia, lemos a Carta de Paulo aos Gálatas. Em nosso estudo vimos que ele afirma categoricamente que o essencial da mensagem do Evangelho é: “por meio da fé em Cristo Jesus, todos vocês são filhos de Deus .... Desse modo não existe diferença entre judeus e não-judeus, entre escravos e pessoas livres, entre homens e mulheres: todos vocês são um só por estarem unidos com Cristo Jesus”. (Gálatas 3,26-28).

Na Comunidade dos seguidores do Jesus crucificado, morto e vivo, não existe nem preto nem branco, nem homem nem mulher, nordestino mineiro, brasileiro ou migrante, porque “todos são um só por estarem unidos com Cristo Jesus”. Na Comunidade dos seguidores do Jesus não existe nem rico nem pobre, nem latifundiário nem sem-terra, nem sem-teto nem proprietário, “pois todos vocês são um só”, e por isso tudo é dividido de acordo com a necessidade de cada um/a.