JESUS VOLTARÁ - 33º TC-B

JESUS VOLTARÁ

33º DOMINGO DO TEMPO COMUM-ANO B

14/11/2021

Acesse as leituras de hoje neste link:

https://www.paulus.com.br/portal/liturgia-diaria

1ª Leitura: Daniel 12,1-3

Salmo Responsorial 15(16)R- Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!

2ª Leitura: Hebreus 10,11-14.18

Evangelho de Marcos 13,24-32

"24.“Naqueles dias, depois dessa tribulação, o sol se escurecerá, a lua não dará o seu resplendor; 25.cairão os astros do céu e as forças que estão no céu serão abaladas. 26.Então, verão o Filho do Homem voltar sobre as nuvens com grande poder e glória. 27.Ele enviará os anjos, e reunirá os seus escolhidos dos quatro ventos, desde a extremidade da terra até a extremidade do céu. 28.Compreendei por uma comparação tirada da figueira. Quando os seus ramos vão ficando tenros e brotam as folhas, sabeis que está perto o verão. 29.Assim também quando virdes acontecerem essas coisas, sabei que o Filho do Homem está próximo, às portas. 30.Em verdade vos digo: não passará esta geração sem que tudo isso aconteça. 31.Passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão. 32.A respeito, porém, daquele dia ou daquela hora, ninguém o sabe, nem os anjos do céu nem mesmo o Filho, mas somente o Pai."


DOM JÚLIO ENDI AKAMINE

Arcebispo de Sorocaba sp

Mc 13,24-32

A linguagem usada por Jesus pode nos assustar. Sua intenção, porém, é colocar em nós a semente de uma esperança que supera todas as desesperanças.

Todos os anos nos deparamos com esta página obscura do Evangelho: “o sol escurecerá e a lua perderá o seu clarão, as estrelas cairão do céu e as potências celestes serão abaladas”. Se nós parássemos de ler por aqui a explicação seria até fácil: Jesus está falando do fim do mundo e do fim da história, da sua segunda vinda, agora em toda a sua glória, como juiz dos vivos e dos mortos. trata-se de um acontecimento distante, bem longe de nosso tempo e que ninguém sabe quando acontecerá: “quanto àquele dia ou hora, ninguém tem conhecimento, nem os anjos do céu, nem mesmo o Filho, somente o Pai”.

Mas se continuarmos lendo o Evangelho, a palavra de Jesus nos põe bruscamente muito perto do fim do mundo: “Em verdade vos digo: esta geração não passará até que tudo isso aconteça”.

Há grupos religiosos que fazem da espera do fim o centro da própria mensagem. É um meio poderoso para alimentar a fantasia de pessoas inclinadas ao fanatismo. Alguns deles andam de casa em casa, incutindo medo com o anúncio do fim do mundo para breve. Há alguns pregadores, profetas das desgraças, que até fizeram previsões e fixaram datas.

Nós devemos reconhecer com humildade: ninguém, nem a Igreja soube ainda explicar com clareza este discurso de Jesus sobre o fim. Será que Jesus tinha a intenção de que não fossem compreendidos? Absolutamente não! Jesus falou para que entendamos, mas nós perdemos, em algum momento, a chave para abrir o significado inserido na sua linguagem simbólica e apocalíptica. Nossa antena para captar o sentido da mensagem enviada por Jesus está um pouco defeituosa e por isso nem sempre conseguimos entender bem o que Jesus disse.

O primeiro problema de nossa antena defeituosa é que ela capta muita estática: em vez de captar o fato que vai acontecer, ela recebe o ruído do tempo que irá acontecer. Nossa atenção deve se concentrar no fato futuro e não no tempo em que o fato se dará.

O segundo defeito de nossa antena é que ela recebe muita interferência e por isso confundimos o fim “de um” mundo com o fim “do” mundo. A humanidade já passou pelo fim de um mundo. Na verdade, passou por vários fins intramundanos. Penso que também nós passamos pelo fim “de um” mundo. Os pensadores e os formadores de opinião falam sempre desse fim com palavras mais elaboradas: mudança de paradigma, nova civilização, revolução tecnológica, etc. Todos esses fins, porém, não foram o fim do mundo! Por isso, precisamos evitar as interferências de nossa antena defeituosa: Jesus não fala de um fim intramundano, mas “do” fim definitivo.

Conscientes de nossa antena defeituosa, precisamos aponta-la para o que Jesus quis nos ensinar. Procuremos formular isso. Assim como o Senhor veio uma primeira vez, revestido de fragilidade, Ele virá uma segunda vez, revestido de poder e glória. Essa sempre foi a pregação da Igreja, desde os Apóstolos até hoje.

Deus decretou não somente dar-nos um mundo melhor, mas um “novo céu e uma nova terra”. Para que venha o novo céu e a nova terra é preciso que passe a terra e o céu atuais. Esse é o sentido da descrição inicial do evangelho de hoje. O “sol escurecerá”, já não dará luz nem calor ao mundo. A “lua perderá o seu clarão”, ela se apagará para sempre. “As estrelas cairão do céu”, uma depois da outra elas desaparecerão do céu. O mundo que parecia tão estável, tão durável, tão imenso irá desmoronar: essas potências do céu “serão abaladas”.

No meio de toda essa escuridão aparecerá o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória. O novo céu e a nova terra são o próprio Jesus! Com a sua vinda, não haverá outras potências ou impérios. Ninguém, nem nada irá fazer sombra a Ele, que tudo iluminará. Ele reunirá dos quatro cantos da terra os seus eleitos!

É nesse momento que se revelará a realidade! Veremos o valor último do amor. Será feita justiça a todas a vítimas inocentes. Veremos finalmente que viver e trabalhar por um mundo mais humano, mais conforme a vontade de Deus, valeu a pena. O céu e a terra passarão, mas as palavras de Jesus não passarão!

Em uma palavra: o Reino de Deus está próximo! Para ver o Reino não precisamos de telescópio, pois ele está próximo. Podemos vê-lo a olho nu, presente em Cristo Ressuscitado e presente, de modo subordinado e mediado, na Igreja.

Nós podemos ver o Reino! Mais ainda podemos entrar nele e a ele pertencer. Os pobres, as crianças, os famintos, os puros de coração, os perseguidos por causa da justiça, os mansos, os construtores da paz já estão na posse dele. É como dizer: o fim já começou; o futuro já se fez presente graças à morte e ressurreição de Jesus. O Reino não é realidade distante e futura. Está disponível aqui e agora!

Ao mesmo tempo, porém, o Reino está por vir. Deve vir na sua forma definitiva. Será inaugurado com a Juízo universal que marcará a passagem desta terra e deste céu para o “novo céu e a nova terra” onde habitará a justiça, quando serão enxugadas todas as lágrimas e seremos revestidos com trajes de festa em vez da mortalha do luto.

Eis a grande lição do Evangelho de hoje: Jesus já veio uma primeira vez e inaugurou o Reino: nele nós podemos entrar e sermos desde já filhos do Reino com uma vida nova segundo o Evangelho. Uma segunda vinda de Jesus é, portanto, uma promessa, não uma ameaça. Somente é ameaça para os que não querem que a situação atual de injustiça mude e acabe. Incute medo somente para os que estão apegados a este mundo, porque se aproveita de sua injustiça. Os que gemem e choram neste vale de lágrimas, ao contrário, clamam com desejo: Maranatá! Vem, Senhor Jesus!

Santo Agostinho comentou: Se temêssemos pela vinda do Senhor, que tipo de amor seria o nosso? (En. In Ps. 95,14).


As inspiradoras estações da vida

Adroaldo Palaoro

“Aprendei da figueira esta parábola: quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto” (Mc 13,28)

Estamos chegando ao final de mais um “ano litúrgico” (este é penúltimo domingo), e a liturgia nos propõe leituras que, fazendo referência aos “últimos tempos”, querem nos convidar à “vigilância” e a atenção ao tempo presente.

O Evangelho de hoje é parte do cap. 13 do Evangelho de Marcos, que contém um breve “apocalipse”, ou seja, uma revelação, um des-velamento, um des-nudamento dos múltiplos véus que cobrem a realidade humana, com suas contradições, incertezas, promessas e esperanças.

Devido às imagens que este gênero literário utiliza, com frequência atribui-se ao termo “apocalipse” um significado de “catástrofe” ou “destruição”. A realidade, no entanto, é diferente. Etimologicamente “apo-kalypsis” significa “destapar o que está escondido”, “tirar o véu”, “des-velar”, ou seja, “re-velação”.

No texto evangélico de hoje nos é revelado, através de sinais (abalos celestes e terrestres, tribulações...), que esta ordem das coisas (o “mundo”) vai ser renovado em profundidade. Tudo desmorona à nossa volta, tudo vai desaparecer; mas o que o texto realça é a contundente confiança na afirmação e na promessa de Jesus: “O céu e a terra passarão, mas minhas palavras não passarão”. Ele trará a salvação de Deus; não chegará com aspecto ameaçador.

A destruição anterior é a possibilidade de uma construção mais profunda, fundada no Filho do Homem. Por um lado, o mundo velho acaba. Mas, por outro, chega o ser humano verdadeiro, a humanidade de Deus. Para quem crê, o mesmo “fim deste mundo” vai se converter em princípio de esperança universal. Por isso, as palavras de Jesus “não passarão”; não perderão sua força salvadora; continuarão alimentando a esperança de seus seguidores e serão sempre alento para os pobres.

As Palavras do Filho do Homem constituem o nosso rochedo, são a nossa força; elas são o centro de nossa vida, iluminando-nos e ativando nossos melhores recursos para acolher a novidade radical do Evangelho. O sol, a lua e os astros se apagarão, mas o mundo não ficará sem luz. Será o Filho do Homem quem o iluminará para sempre, estabelecendo a verdade, a justiça e a paz na história humana, tão marcada por contínuas mentiras, injustiças e violências. Nesse sentido, pode-se afirmar que, no final, não será preciso sol ou lua, porque o Filho do Homem será diretamente luz e vida para todos. Seus seguidores poderão ver finalmente seu rosto tão buscado: “Vereis o filho do Homem vindo nas nuvens”. Não caminhamos para o nada e o vazio. Jesus virá ao nosso encontro, para nos conduzir ao abraço do Pai de bondade.

Quando acontecerá tudo isto? Já, agora mesmo: tudo está acontecendo. Estamos na noite que precede à aurora do dia do Homem, da humanidade de Cristo. Devemos nos manter como servos vigilantes no tempo das tribulações e das trevas deste mundo, cheios de esperança.

Jesus põe como sinal uma figueira. Estamos na primavera/verão que precede o tempo dos bons figos, dos bons frutos. Neste contexto podemos recordar o risco de sermos figueiras estéreis, sem frutos. E Jesus está esperando os frutos de nossa figueira. Nós mesmos somos o sinal de que deve chegar o Filho do Homem, a humanidade reconciliada. Este é o tempo oportuno. Está preparada nossa figueira para dar frutos? Em que “estação” nos encontramos?

Jesus era um profundo observador da natureza; sabia “ler” as estações da natureza e vislumbrar, por detrás delas, a manifestação da presença divina. Toda estação tem seu sentido, sua riqueza e seu mistério. Não é um mero repetir de ciclos: cada uma delas traz algo novo, diferente. Também não estão separadas e nem há uma divisão estanque entre as estações: estão inter-conectadas, inter-dependentes. Cada estação é mobilização para a seguinte.

As estações da natureza nos ajudam a des-velar as estações existenciais. Cada estação interna é um “kairós”, um tempo único e original, que deve ser vivido intensamente. Cada estação interior também apresenta sua riqueza e seu mistério. O problema está na petrificação de uma estação interior, ou seja, medo da mudança, medo de entrar em outra estação, medo de fazer a passagem.

Outro problema é o fato de não suportar uma determinada estação, querendo fugir dela para entrar logo em outra estação. Cada estação gesta algo novo; vivê-la a fundo é humanizar-se, deixar-se surpreender.

Podemos distinguir dois movimentos nas estações existenciais: dois de maior interioridade (outono e inverno): tempo de desfolhamento, esvaziamento e poda para livrar-se do que está sobrando (outono). Tempo de descida (hibernação) para concentrar-se no essencial (inverno). Outro movimento: primavera e verão – vida expansiva, aberta (tempo dos brotos, flores e frutos: sonhos, desejos, projetos, criatividade). Em todas as estações há uma certeza: a presença da seiva (presença divina), que tudo sustenta, embora, muitas vezes tudo parece estar morto.

Cada tempo litúrgico também apresenta diferentes estações ao longo do ano; estamos terminando um tempo litúrgico, com suas diferentes estações, e nos preparando para viver outro novo tempo, com suas surpresas. Uma nova esperança reacende e a nossa vida adquire novo sabor e sentido. O anúncio de uma nova “estação” abre um “tempo” de júbilo imenso porque chega o Filho do Homem, nova humanidade reconciliada, a meta da criação de Deus, centrada e redimida em Cristo. Estamos esperando o novo ser humano que vem de Deus, ou seja, de nossa mesma capacidade divina de ser e de nos renovar; esperamos o Deus de Jesus que é e que vem em nós.

Falsos sóis, luas e astros (ego inflado) querem fazer prevalecer suas efêmeras luzes em nosso interior, fazendo brilhar nossa vaidade, nossa prepotência, nosso auto-centramento. Tudo isso deve ser abalado e cair, para que o centro de nosso espaço interior seja ocupado pela presença d’Aquele “que é tudo em todos”.

Nos dias sem sol de nossa vida, a esperança se parece a esses ramos de árvores no inverno. Dá a impressão de estarem mortas. Mas o calor da primavera as desperta e as veste de novo vigor. Há dias nos quais a esperança se parece a grãos semeados na terra. Ninguém mais os vê, até que um dia somos testemunhas de que o broto surge e o talo espera a espiga.

Para o cristão, a esperança é muito mais que otimismo; é a virtude teologal que nunca engana. Esperar é a capacidade de ver, mesmo quando nossos olhos não veem. É um dom do Espírito que deve ser pedido sempre. Cristo é o motivo angular de nossa esperança, a revolução na história apesar da limitação, do mal e da morte, que nos impulsiona a “esperar contra toda esperança” (Rom. 4,18)

Para meditar na oração:

“Marana thá” (Vem, Senhor! Vem, mundo melhor!), repetiam em aramaico os primeiros cristãos para dizer e realizar a esperança. Esperar não é pedir nem aguardar que alguém venha ou que algo aconteça. É levantar a cabeça e abrir os olhos, levantar-nos cada dia, deixar-nos inspirar pelo Espírito que alenta em tudo, semear e antecipar o mundo melhor, necessário e possível, como fez Jesus. Assim é que devemos e podemos “esperar”.

- Em que “estação” a árvore da sua vida se encontra? Primavera, verão, outono ou inverno? Você percebe o “novo” que cada uma delas está gestando?

- A “seiva”, que inspira e sustenta todas as “estações” de sua vida, encontra facilidade para circular por todo o seu ser? Há alguma dimensão da sua interioridade que está bloqueada, impedindo a passagem do “oxigênio divino”?

A chegada do Reino de Deus e a aparição do Filho do Homem

Carlos Mesters e Mercedes Lopes.

Mc 13,24-27: A chegada do Reino de Deus e a aparição do Filho do Homem

A grande pergunta que fica é esta: o que vai acontecer depois da destruição de Jerusalém? Será que o mundo vai acabar? Será que a história vai continuar? Jesus responde com imagens tiradas da profecia de Daniel (Dn 7,1-14). Daniel diz que, depois das desgraças causadas pelos reinos deste mundo, virá o Reino de Deus. Os reinos deste mundo, todos eles, têm figura de animal: leão, urso, pantera e besta-fera (Dn 7,3-7). São reinos animalescos, desumanizam a vida, até hoje! O Reino de Deus, porém, aparece com o aspecto de Filho do Homem, isto é, com aspecto de gente (Dn 7,13). É um reino humano. Construir este reino que humaniza é a tarefa do povo das comunidades. É a nova história que devemos realizar e que deve reunir gente dos quatro cantos do mundo.

Marcos 13,28-32: No fim, Jesus dá três conselhos

Primeiro, com a parábola da figueira. É como se dissesse: “Aprendam das árvores como ler os sinais dos tempos para descobrir onde Deus está atuando e chagando!” (Mc 13,28-31). Em seguida, fala bem claramente sobre o dia e a hora do fim do mundo: “Quanto a esse dia e essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai!” (Mc 13,32). Finalmente, uma última advertência de vigilância. “O que digo a vocês, digo a todos: fiquem bem vigilantes!” (Mc 13,33-37).

Alargando

A vinda do Messias e o fim do mundo

Hoje, muita gente vive preocupada com o fim do mundo. Alguns, lendo o Apocalipse de João, chegam a predizer a data exata do fim. Durante muitos séculos se dizia: “De 1000 passou, mas de 2000 não passará!” Por isso, na medida em que o ano 2000 chegava mais perto, muitos ficavam preocupados. Teve até gente que, angustiada com a chegada do fim do mundo, chegou a cometer suicídio. Mas o ano 2000 passou e nada aconteceu. O fim não chegou! A mesma problemática havia nas comunidades cristãs dos primeiros séculos.

Elas viviam na expectativa da vinda iminente de Jesus. Jesus viria realizar o Juízo Final para transformar a história injusta do mundo cá de baixo e inaugurar a nova fase da história, a fase definitiva do Novo Céu e da Nova Terra. Achavam que isto aconteceria dentro de uma ou duas gerações. Muita gente ainda estaria viva quando Jesus fosse aparecer glorioso do céu (1Ts 4,16-17; Mc 9,1). Havia até pessoas que já nem trabalhavam mais, porque achavam que a vinda fosse coisa de poucos dias ou semanas. Assim pensavam. Mas até hoje a vinda de Jesus ainda não aconteceu! Como entender esta demora? Nas ruas das cidades, a gente vê pintado nas paredes “Jesus voltará!” Vem ou não vem? E como será a vinda?

MUITAS VEZES, A AFIRMAÇÃO “JESUS VOLTARÁ!” É USADA PARA METER MEDO NAS PESSOAS E OBRIGÁ-LAS A FREQUENTAR UMA DETERMINADA IGREJA! NO NOVO TESTAMENTO, PORÉM, A VOLTA DE JESUS SEMPRE É MOTIVO DE ALEGRIA E DE PAZ! O MEDO É PARA OS QUE OPRIMEM E EXPLORAM O POVO. PARA OS EXPLORADOS E OPRIMIDOS, A VINDA DE JESUS É UMA BOA NOTÍCIA!

Quando vai acontecer essa vinda? Entre os judeus, as opiniões eram variadas. Os saduceus e os herodianos diziam: “Os tempos messiânicos já chegaram!” Achavam que o bem-estar deles durante o governo de Herodes fosse expressão do Reino de Deus. Por isso, não queriam mudança e combatiam a pregação de Jesus que convocava o povo a mudar e a converter-se. Os fariseus diziam: “O Messias ainda deve chegar! Vai depender do nosso esforço na observância da lei!” Os essênios diziam: “O Reino prometido só chegará quando tivermos purificado o país de todas as impurezas.”

Entre os cristãos havia a mesma variedade de opiniões. Alguns da comunidade de Tessalônica na Grécia, apoiando-se na pregação de Paulo, diziam: “Jesus vai voltar logo!” (1Ts 4,13-18; 2Ts 2,2). Paulo responde que não é tão simples como eles imaginavam. E aos que já não trabalhavam avisa: “Quem não quiser trabalhar não tem direito de comer!” Provavelmente, eram uns preguiçosos que, na hora do almoço, iam mendigar a comida na casa do vizinho. Outros cristãos eram de opinião que Jesus só voltaria depois que o evangelho fosse anunciado no mundo inteiro (At 1,6-11). E achavam que, quanto maior o esforço de evangelizar, mais rápido viria o fim deste mundo. Outros, cansados de esperar, diziam: “Ele não vai voltar nunca!” (1Pd 3,4). Outros, baseando-se em palavras do próprio Jesus, diziam acertadamente: “Ele já está o meio de nós!” (Mt 25,40).

Hoje acontece o mesmo. Tem gente que diz: “Do jeito que está, está bem, tanto na Igreja como na sociedade!” Eles não querem mudança. Outros esperam pela volta imediata de Jesus. Outros acham que Jesus só voltará através do nosso trabalho e anúncio. Para nós, Jesus já está no nosso meio (Mt 28,20). Ele já está do nosso lado na luta pela justiça, pela paz, pela vida. Mas a plenitude ainda não chegou. Por isso, aguardamos com firme esperança a libertação plena da humanidade e da natureza (Rm 8,22-25).

Daniel 12:1-3

Thomas McGrath

O autor do Livro de Daniel é um judeu fiel à cultura e valores religiosos dos seus antepassados, e quer defender essa cultura e a sua religião, confiante que a fidelidade aos valores tradicionais seria recompensada por Javé com a vitória sobre os inimigos.

Contando a história do Daniel - um judeu exilado na Babilónia - que soube manter a sua fé num ambiente de perseguição, a pessoa que escreveu o Livro de Daniel pede aos seus conterrâneos que não se deixem vencer pela perseguição, mas que se mantenham fiéis à religião e aos valores dos seus pais. Ele garante que Deus está do lado do seu Povo e que vai recompensar a fidelidade à Lei e aos mandamentos.

O autor do livro anuncia a chegada do tempo da intervenção de Deus para salvar o Povo fiel. Deus vai enviar o “Miguel” para castigar os perseguidores e proteger os santos. Na cabeça do povo judaico, “Miguel” é visto como um espírito celeste (um tipo de anjo protetor) que cuida do Povo de Deus e que, a mando de Deus, consegue a libertação dos justos perseguidos, cujo nomes estão inscritos “no livro da vida”.

Essa intervenção de Deus não atingirá, na perspectiva do nosso autor, somente aqueles que ainda caminham na história; mas Deus também vai ressuscitar os que já morreram. Aqui o autor está falando daquilo que costumamos chamar “o fim do mundo”. Isto é, uma intervenção de Deus que vai por fim ao mundo da injustiça, da opressão, da prepotência, de morte e que vai iniciar um mundo novo, de justiça, de felicidade, de paz, de vida verdadeira.

Aqueles que ficarem fiéis a Deus e aos seus valores estão destinados à “vida eterna”. Essa vida nova que os espera não será uma vida semelhante à do mundo presente, mas será uma vida transfigurada.

É esta a esperança que deve sustentar os justos, chamados a permanecerem fiéis a Deus, apesar da perseguição. A sua vida não é sem sentido e não está condenada ao fracasso; mas a sua constância e fidelidade serão recompensadas com a vida eterna.

Conclusâo

A mensagem de esperança que o nosso texto nos deixa destina se a animar as pessoas que sofrem a perseguição numa época e num contexto como nosso de hoje. Essa “perseguição” nem sempre é sangrenta. A sociedade que nega casa, comida e trabalho aos seus membros está perseguindo homens, mulheres e crianças. Uma realidade que faz sofrer o Povo de Deus. A nossa certeza é que Deus nunca abandona o seu Povo, e a vitória final será daqueles que se mantiverem fiéis às propostas e aos caminhos de Deus. Esta certeza constitui um “capital de esperança” que deve animar a nossa caminhada diária pelo mundo.


TEXTO EM ESPANHOL

Dom Damián Nannini, Argentina


DOMINGO XXXIII DURANTE EL AÑO – CICLO "B"

Primera Lectura (Dn 12,1-3)

Este texto forma parte de la última visión del libro de Daniel (terrible o suprema, cc. 10-12), la cual describe las continuas luchas entre Tolomeos y Seleúcidas con la victoria final de 'los inscritos en el libro'. Así la versión hebrea del libro termina abriendo una puerta a la última esperanza (resurrección y retribución: 12,2-3) de los buenos que perseveren hasta el fin (12,10-13). La función de este “apocalipsis histórico” es hacer comprender el sentido de los acontecimientos y así poder resistir[1]. Es decir, las visiones señalan que ha comenzado la gran tribulación, a la cual seguirá la liberación total, a través del juicio y de la resurrección de los muertos. Esta verdad debe servir de consolación para los perseguidos y animar su resistencia pasiva confiando en Dios.

Evangelio (Mc 13,24-32):

El texto de hoy forma parte del capítulo 13 de san Marcos que se conoce como "el discurso escatológico de Jesús" porque vincula la destrucción del templo de Jerusalén con el fin de los tiempos y con la venida del hijo del hombre. El mismo se compone de tres partes:

1) vv. 24-27: describe la venida del hijo del hombre.

2) vv. 28-31: la parábola de la higuera.

3) vv. 32-37 (sólo leemos el v. 32): la imposibilidad de saber la fecha del fin de los tiempos.

La primera parte del texto comienza con una referencia a la gran tribulación que ha sido descrita en los versículos anteriores (cf. Mc 13,14-23). Pues bien, después de la misma seguirán unas perturbaciones cósmicas que afectarán al sol, la luna y las estrellas. Estas imágenes de perturbaciones cósmicas son propias de los textos apocalípticos bíblicos y extrabíblicos. Como fuentes de inspiración bíblicas tenemos:

Is 13,10-11: "Porque los astros del cielo y sus constelaciones no irradiarán más su luz; el sol se oscurecerá al salir y la luna dejará de brillar. Yo castigaré al mundo por su maldad y a los malvados por su iniquidad. Pondré fin al orgullo de los arrogantes y humillaré la soberbia de los violentos".

Is 34,4: "Se diluye todo el ejército del cielo, los cielos son enrollados como un pliego, y todo su ejército se marchita como se marchita el follaje de la vid, como cae marchita la hoja de la higuera".

Excursus sobre el género apocalíptico

Tal vez convenga aclarar que todas estas imágenes y figuras son propias de un género literario, el apocalíptico, que las utiliza para decir o expresar lo que sucederá al final de los tiempos. Ahora bien, más allá de estas imágenes o figuras literarias, hay un tema de fondo que es la escatología, o sea lo referente al fin, a lo último. Para los estudiosos de la Biblia la escatología se entiende como lo referente a una intervención futura y definitiva de parte de Dios en favor de su pueblo. El mensaje escatológico es dominante en los libros proféticos, por ejemplo, a través del anuncio del día de Yavé.

La preocupación por el fin del mundo y por las cuestiones escatológicas, surgen más vivamente en tiempos de aflicción, marginación o persecución de los creyentes. Esto mismo sucedió en Israel. Al respecto compartimos la opinión de G. Aranda para quien la terrible experiencia de la destrucción de Jerusalén y el consiguiente exilio están en la raíz del pensamiento apocalíptico, el cual se vio potenciado luego por la opresión militar y cultural tanto del helenismo como de la dominación romana[2].

Así, en medio de las tribulaciones, guerras y calamidades surge fuerte en el creyente la pregunta: ¿cuándo obrará Dios sus promesas? Y dado el contraste entre la situación presente y el mensaje de salvación, la esperanza de los piadosos se dirige a una futura transformación universal. La espera de este evento es el objeto de la literatura apocalíptica que florece principalmente entre el s. II a.C. y el s. II d.C. y que prevé que este mundo llegará a su fin en medio de terribles convulsiones. Los apocalípticos están obsesionados por este momento y recurren a todo tipo de cálculos para conocer cuándo será el fin. El juicio de Dios, que será el triunfo sobre las potencias del mal y el surgir del mundo nuevo, tiene su fecha fijada; y por esto en la apocalíptica los números tienen un gran papel.

Volviendo a Mc 13,26-27, notemos que estás manifestaciones cósmicas son el preludio de la llegada del juicio de Dios y la venida del Hijo del hombre, quien hará justicia y castigará a los pecadores. Así, en medio de esta convulsión cósmica – que al decir de J. Gnilka[3] "su lenguaje se sitúa a medio camino de lo metafórico y de lo realista" – se verá aparecer al Hijo del hombre con mucho poder y gloria.

En cuanto a la figura del "hijo del hombre", si nos remitimos al origen arameo de la expresión, su sentido estricto sería "el humano" o "el hombre". Pero aquí se encuentra una clara referencia a la expresión hijo del hombre en Dn 7,13-14: "Yo seguía contemplando en las visiones de la noche: Y he aquí que en las nubes del cielo venía como un Hijo de hombre. Se dirigió hacia el Anciano y fue llevado a su presencia. A él se le dio imperio, honor y reino, y todos los pueblos, naciones y lenguas le sirvieron. Su imperio es un imperio eterno, que nunca pasará, y su reino no será destruido jamás."

Según los estudiosos en el libro de Daniel el título "hijo del hombre" tendría un sentido individual y colectivo a la vez por cuanto representaría a Israel que fue humillado por los dominadores helénicos pero que será exaltado por Dios y constituido en un reino eterno.

En la literatura intertestamentaria, especialmente en 1Henoc y 4Esdras, se lo interpreta con sentido individual y mesiánico. Aquí se inspiraría su utilización por parte de Jesús, pero dándole un sentido propio y exclusivo. En efecto "Jesús prefiere este título al de Mesías, por ser menos político, por tener un carácter individual-corporativo y por aludir al carácter humano de su obra, por una parte y, por otra, al carácter de enviado escatológico vindicado por Dios"[4].

Por tanto, aquí en Marcos, con el trasfondo de Dn 713-14, el "hijo del hombre" representa al Mesías como juez escatológico[5]. Lo que se agrega aquí es el carácter universal del juicio por cuanto enviará a los ángeles a los cuatro vientos (los cuatro puntos cardinales) para recoger a los elegidos. De ellos ya se ha hecho referencia en este capítulo de Marcos (cf. 13,20.22) como a aquellos que han sido "escogidos" por Dios y que han permanecido fieles incluso en los grandes momentos de confusión que se darán antes del fin.

Al discurso de Jesús sigue una breve parábola (segunda parte) y un comentario posterior (tercera parte) que responden de este modo a la pregunta de los discípulos que dio pie para su enseñanza: "Dinos cuándo sucederá esto y cuál será la señal de que ya están por cumplirse todas estas cosas" (Mc 13,4). Vale decir que Jesús está respondiendo al tema del "cuándo" será el fin y "cómo saber" que está cerca. Con la parábola de la higuera Jesús responde a la cuestión de "cómo saber" que el fin está cerca, pues al igual que los brotes nuevos y las hojas anuncian la llegada del verano, así habrá signos que anuncien la llegada del fin, del juicio ("cuando vean que suceden todas estas cosas, sepan que el fin está cerca, a las puertas", 13,29), y que han sido explicados por Jesús en la primera parte de este discurso.

La expresión "a las puertas" se referiría a las puertas de la ciudad y haría referencia a la visita de un enviado real o un general que viene a visitar la ciudad y que está a punto de entrar[6].

A la parábola sigue ahora una respuesta abierta sobre el "cuándo" sucederá. Aquí el evangelista trae tres afirmaciones de Jesús sobre el tema donde no resulta fácil ver su concatenación lógica. En primer lugar, dice "no pasará esta generación, sin que suceda todo esto". Luego, utilizando el mismo verbo parérjomai (pasar), dice: "El cielo y la tierra pasarán, pero mis palabras no pasarán". Y termina afirmando: "En cuanto a ese día y a la hora, nadie los conoce, ni los ángeles del cielo, ni el Hijo, nadie sino el Padre".

El mensaje de Jesús para su generación es que las cosas que acaba de predecir van a suceder, puntualmente la persecución de los cristianos y la destrucción del templo. Que suceda todo esto indica que ya se ha entrado en el tiempo final, en el esjatón, pero no todavía en el juicio final o parusía[7]. La enseñanza de este anuncio de la cercanía del tiempo final, en común con muchos otros textos del Nuevo Testamento, es revelarnos el carácter transitorio o pasajero de este mundo, que no es el definitivo para los elegidos. Por eso se invita a aferrarse a lo que no pasa ni pasará jamás, las palabras de Jesús, que nos aseguran que habrá un fin y un juicio con promesa de salvación para los cristianos que ahora sufren persecución o rechazo por parte del mundo.

En cuanto a la fecha precisa del fin, de la parusía, sólo el Padre lo sabe. Por ello no hay que perderse en especulaciones vanas sino perseverar en la fe y estar prevenidos o vigilantes (sobre lo que hablará Jesús a continuación, cf. 13,33-37).

En síntesis: "Marcos refuerza su interpretación de la tardanza del ésjaton afirmando ahora la imposibilidad de determinar exactamente cuándo ocurrirá. En los vv. 28-37 Marcos pone una conclusión parenética al discurso. En su actual posición redaccional en el capítulo la parábola de la higuera y su explicación en el v. 30 se refieren a las señales y al fin. El evangelista le dice a su comunidad que el fin estará precedido por señales (vv. 5-23) y por la venida en gloria del Hijo del hombre (vv. 24-27). Solamente después (cf. kai tóte en v.26) los ángeles serán enviados a recoger a los eklektoí marcando de esta manera el fin de la historia -"el cielo y la tierra pasarán"- y el comienzo del Reino de Dios. Los vv. 32-37, también una parábola y su aclaración, comunican la idea de que aunque es posible anticipar la proximidad del ésjaton por las señales (cf. ginóskete en vv. 28-29) es imposible determinar con total precisión el día y la hora de su realización final"[8].

Como bien dice J. Gnilka[9]: "Para la comunidad de Marcos una cosa es verdaderamente importante: afianzar la confianza en la conciencia creyente de que Dios sigue siendo el Señor de la historia y que ordena las cosas también en su fase final. El rechazo implícito del cálculo de fechas puede calificarse atinadamente como antiapocalíptico".

ALGUNAS REFLEXIONES:

A. Nocent[10] comienza su análisis de las lecturas de este domingo con un comentario no muy alentador, pero no por ello menos cierto: "No cabe duda de que un pasaje del evangelio como éste desconcierta a los oyentes de hoy. Se encuentra, en efecto, tan alejado de nuestra manera de escribir y de pensar, y sus imágenes son a la vez tan alucinantes y tan ingenuas, que nos resulta difícil no escuchar esta proclamación como un poema o una visión anticipada de un cataclismo mundial propia de un genio del teatro".

Una impresión semejante tiene H. U. von Balthasar[11]: "El evangelio del fin del mundo es extrañamente complejo y heterogéneo. No se trata de un reportaje sobre los acontecimientos venideros, sino de un texto que refiere diversos aspectos que nosotros no acertamos a conciliar".

Por su parte nos parece muy atinada la recomendación de O. Vena[12]: "Ante los pasajes apocalípticos del Nuevo Testamento deberíamos tener una actitud de respeto, pues se trata de un material producido por gente oprimida, cuya única esperanza era Dios. Aquellos que comparten esta condición, los oprimidos y marginados del mundo, comprenden mejor tales mensajes. Para ellos, el anuncio de la venida del hijo del hombre para cambiar la condición social en que se encuentran atrapados es evangelio, es buenas noticias".

Ahora bien, la espera escatológica de los primeros cristianos se sirve a menudo de conceptos y términos apocalípticos desarrollados en el judaísmo, pero Jesús en su predicación no dio tiempos ni fechas (cf. Mc 13,32) sino sólo aseguró el advenimiento del Reino definitivo de Dios. Más aún, se afirma que con Cristo ya ha comenzado la nueva creación, pues en Cristo ya se es nueva criatura (2Cor 5,17). Además, la esperanza escatológica cristiana viene mediada por el Mesías, por la fe en Cristo muerto y resucitado. En fin, las concepciones apocalípticas adquirieron un nuevo significado sobre la base de la cristología. Es decir, el momento culminante, la plenitud de los tiempos (Gal 4,6) se realizó en Cristo por lo que el tiempo final ya ha comenzado. Sólo queda la consumación en los miembros del cuerpo de Cristo, pues vivimos en el "ya pero todavía no". Al respecto, leemos en el Catecismo nº 670: "Desde la Ascensión, el designio de Dios ha entrado en su consumación. Estamos ya en la "última hora" (1 Jn 2, 18; cf. 1 P 4, 7). "El final de la historia ha llegado ya a nosotros y la renovación del mundo está ya decidida de manera irrevocable e incluso de alguna manera real está ya por anticipado en este mundo". A esto hay que sumarle que la venida de Jesús al fin de los tiempos, en la parusía, forma parte esencial del misterio cristiano; más aún, del mismo kerigma.

La presencia del tema del fin, de las cuestiones escatológicas, en las lecturas de este domingo se debe a que estamos llegando prácticamente al final del año litúrgico. Estas "cuestiones" reaparecerán, en contextos diversos, el próximo domingo (Cristo Rey) y el primer domingo de Adviento.

Ahora bien, más allá del momento litúrgico, se trata de cuestiones que hacen a la esencia de la fe cristiana y, también, de la condición humana[13]. Porque más allá de las imágenes, lo que se describe es la lucha entre el bien y el mal. Y lo que se afirma es que, a pesar de la fuerte presencia del mal que parece dominar toda la tierra, el triunfo es de Dios, del bien, de los justos. Y entonces podremos descubrir la gran actualidad del tema de las lecturas de este domingo. No nos sentimos, acaso, como viviendo las grandes tribulaciones que describe san Marcos en la primera parte del capítulo 13.

Por su parte, el mensaje escatológico del evangelio es, ante todo, un mensaje de esperanza. Dios no se desentiende de la historia, de nuestra historia y de nuestra vida, sino que aguarda, permite el mal, hasta el momento de su intervención definitiva. Y por eso la escatología cristiana es ante todo un mensaje de consolación, que invita a los justos a perseverar como tales, a no dejarse engañar ni a defeccionar, sino a permanecer fieles hasta el final para alcanzar la salvación. Porque esperamos con fe la venida de Nuestro Señor. Como dijimos, y aunque parezca algo olvidado, esta esperanza forma parte de la esencia de la fe cristiana. De hecho, nuestra profesión de fe en Cristo termina con esta afirmación: "desde allí ha de venir a juzgar a vivos y muertos" (Símbolo de los Apóstoles) y "de nuevo vendrá con gloria para juzgar a vivos y muertos, y su reino no tendrá fin" (Credo de Nicea-Constantinopla).

Esta mirada trascendente de la vida implica una conversión en la vida concreta. Al respecto dice el Papa Francisco en su mensaje para la V Jornada Mundial de los pobres 2021 que se celebra en este domingo: “4. Necesitamos, pues, adherirnos con plena convicción a la invitación del Señor: «Conviértanse y crean en la Buena Noticia» (Mc 1,15). Esta conversión consiste, en primer lugar, en abrir nuestro corazón para reconocer las múltiples expresiones de la pobreza y en manifestar el Reino de Dios mediante un estilo de vida coherente con la fe que profesamos. A menudo los pobres son considerados como personas separadas, como una categoría que requiere un particular servicio caritativo. Seguir a Jesús implica, en este sentido, un cambio de mentalidad, es decir, acoger el reto de compartir y participar. Convertirnos en sus discípulos implica la opción de no acumular tesoros en la tierra, que dan la ilusión de una seguridad en realidad frágil y efímera. Por el contrario, requiere la disponibilidad para liberarse de todo vínculo que impida alcanzar la verdadera felicidad y bienaventuranza, para reconocer lo que es duradero y que no puede ser destruido por nada ni por nadie (cf. Mt 6,19-20).

La enseñanza de Jesús también en este caso va a contracorriente, porque promete lo que sólo los ojos de la fe pueden ver y experimentar con absoluta certeza: «Y todo el que deje casas, hermanos, hermanas, padre, madre, hijos o campos por mi causa, recibirá cien veces más y heredará la vida eterna» (Mt 19,29). Si no se elige convertirse en pobres de las riquezas efímeras, del poder mundano y de la vanagloria, nunca se podrá dar la vida por amor; se vivirá una existencia fragmentaria, llena de buenos propósitos, pero ineficaz para transformar el mundo. Se trata, por tanto, de abrirse con decisión a la gracia de Cristo, que puede hacernos testigos de su caridad sin límites y devolverle credibilidad a nuestra presencia en el mundo”.

En conclusión, este evangelio nos invita a mediar sobre LO QUE PASA, sobre LO QUE NO PASA y también sobre LO QUE NOS PASA.

Si miramos con sabiduría la realidad de nuestra vida veremos que todo lo que nos rodea, todo lo creado, tarde o temprano pasa, está destinada a pasar. Nada de lo creado es eterno. Y también nosotros pasaremos. Entonces, bien podemos preguntarnos: ¿Pero existe algo que no pasa, que sea eterno? Sí, las palabras de Jesús son palabras de vida eterna, no pasarán nunca. Ellas encierran la promesa de la vida eterna que recibirá el que las crea. Sí "les aseguro que el que cree, tiene Vida eterna" (Jn 6,47), por cuanto "la fe es un habitus, es decir, una constante disposición del ánimo, gracias a la cual comienza en nosotros la vida eterna" (Spes Salvi nº 7).

Entonces, al hombre se le presentan estas dos dimensiones de la vida: primeramente todo lo visible, lo terreno, lo que pasa. Pero también, a la luz de la fe, lo invisible, lo divino, lo que no pasa. Según esto, "lo que nos pasa" depende de nuestra decisión personal. Si elegimos aferrarnos absolutamente "a lo que se ve y que pasa", a lo material, pasaremos con este mundo. En cambio, si nos aferramos por la fe "a lo que no se ve y que no pasa", a Jesús y a su Palabra, nos sucederá que no pasaremos pues estaremos anclados en lo eterno. En efecto, la fe "es una opción por la que lo que no se ve, lo que en modo alguno cae dentro de nuestro campo visual, no se considera como irreal, sino como lo auténticamente real, como lo que sostiene y posibilita toda la realidad restante […] La fe es un sujetarse a Dios, en quien tiene el hombre un firme apoyo para toda su vida. La fe se describe, pues, como un agarrarse firmemente, como un permanecer en pie confiadamente sobre el suelo de la Palabra de Dios"[14].

En fin, mientras pasamos por esta vida, la fe nos invita a esperar en lo que no pasará jamás. Y esto nos ayudará mucho a tener un paso firme, confiado, en este mundo nuestro, importante pero no absoluto. Y también nos ayudará a no dejar pasar ninguna oportunidad para hacer el bien, para sumarle puntos a la vida hasta que llegue el momento de pasar, cómo y con Jesús, de este mundo al Padre.

Como bien dice el Papa Francisco: “En el pasaje evangélico de este domingo el Señor quiere instruir a sus discípulos sobre los eventos futuros. No se trata principalmente de un discurso sobre el fin del mundo, sino que es una invitación a vivir bien el presente, a estar atentos y siempre preparados para cuando nos pidan cuentas de nuestra vida […] La historia de la humanidad, como la historia personal de cada uno de nosotros, no puede entenderse como una simple sucesión de palabras y hechos que no tienen sentido. Tampoco se puede interpretar a la luz de una visión fatalista, como si todo estuviera ya preestablecido de acuerdo con un destino que resta todo espacio de libertad, impidiendo tomar decisiones que son el resultado de una elección verdadera. En el Evangelio de hoy, más bien, Jesús dice que la historia de los pueblos y de los individuos tiene una meta y una meta que debe alcanzarse: el encuentro definitivo con el Señor. No sabemos el tiempo ni las formas en que sucederá; el Señor ha reiterado que «nadie sabe nada, ni los ángeles en el cielo ni el Hijo» (v. 32). Todo se guarda en el secreto del misterio del Padre. Sin embargo, sabemos un principio fundamental con el que debemos enfrentarnos: «El cielo y la tierra pasarán, dice Jesús, pero mis palabras no pasarán"» (v. 31). El verdadero punto crucial es este. En ese día, cada uno de nosotros tendrá que entender si la Palabra del Hijo de Dios ha iluminado su existencia personal, o si le ha dado la espalda, prefiriendo confiar en sus propias palabras. Será más que nunca el momento en el que nos abandonemos definitivamente al amor del Padre y nos confiemos a su misericordia. Invoquemos la intercesión de la Virgen María, para que la constatación de nuestra temporalidad en la tierra y de nuestros límites no nos haga caer en la angustia, sino que nos llame a la responsabilidad con nosotros mismos, con nuestro prójimo, con el mundo entero”, (Ángelus del 18 de noviembre de 2018).

PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):

La Hora del Padre

Me esperas cada mañana

Enciendes en mí tus deseos

Y comienzo la oración

Para iniciar la jornada

Como si se abriera

un espacio dentro

Se va agrandado mi alma,

Me encuentras…

Y me encuentro:

Desarmado, verdadero,

Tan acompañado,

Solo, en silencio

Suena dulce tu Palabra.

Cálido y cómodo

Todo lo tornas,

Cuando me hablas.

Cierro mis ojos, Padre

E imagino entonces

La mañana que no termina

El momento que tú conoces

Tus dones recibo luego

Para emprender la tarea

Pues la fuerza de tu Espíritu

Me anima y me consuela. Amén



[1] “La función de las visiones aparece clara en este contexto: consolar, confortar y alimentar la esperanza de los oprimidos por la persecución. Es una literatura de resistencia pasiva”, J. Asurmendi, “Daniel y la Apocalíptica”, en J. M. Sánchez Caro (ed.), Historia, Narrativa, Apocalíptica (Verbo Divino; Estella 2000) 492.

[2] Cf. G. Aranda, “El destierro de Babilonia y las raíces de la apocalíptica”; Estudios Bíblicos 56 (1998) 335-355.

[3] El evangelio según san Marcos Vol. II (Sígueme; Salamanca 1993) 234.

[4] R. Aguirre Monasterio – A. Rodríguez Carmona, Evangelios sinópticos y Hechos de los Apóstoles (Verbo Divino; Estella 1994) 159.

[5] Cfr. O. Vena, "La expectativa escatológica en el evangelio de Marcos. Análisis literario y estructural de Marcos 13", Revista Bíblica 54 (1994/2) 85-101.

[6] Cf. O. Vena, Evangelio de Marcos (SBU; Miami, 2008) 299.

[7] "Al decir "no pasará esta generación hasta que todo esto suceda" Marcos no está afirmando necesariamente la inminente llegada del ésjaton. Es lógico pensar que al igual que sus contemporáneos judíos y cristianos él creía estar viviendo en tiempos escatológicos. Pero según él el fin solo sucedería luego de una serie de señales que le precederían", O. Vena, "La expectativa escatológica en el evangelio de Marcos. Análisis literario y estructural de Marcos 13", Revista Bíblica 54 (1994/2) 85-101.

[8] O. Vena, "La expectativa escatológica en el evangelio de Marcos. Análisis literario y estructural de Marcos 13", Revista Bíblica 54 (1994/2) 85-101.

[9] El evangelio según san Marcos Vol. II (Sígueme; Salamanca 1993) 242.

[10] Celebrar a Jesucristo VII (Sal Terrae; Santander 1982) 103.

[11] La luz de la palabra. Comentario a las lecturas dominicales (Encuentro; Madrid 1998) 205.

[12] Evangelio de Marcos (SBU; Miami, 2008) 301.

[13] No por nada cierta corriente teológica propone que la escatología se considere como el último capítulo de una antropología teológica.

[14] J. Ratzinger, Introducción al cristianismo (Sígueme; Salamanca 1982) 32.48-49.