Primeira Leitura: Atos 9,26-31
Salmo Responsorial: 21(22)-R- Senhor, sois meu louvor em meio à grande assembleia.
Segunda Leitura: 1 João 3,18-24
Evangelho: João 15,1-8
“Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. 2 Todo ramo que não dá fruto em mim, ele corta; e todo ramo que dá fruto, ele limpa, para que dê mais fruto ainda. 3 Vós já estais limpos por causa da palavra que vos falei. 4 Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto se não permanecerdes em mim. 5 Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer. 6 Quem não permanecer em mim será lançado fora, como um ramo, e secará. Tais ramos são apanhados, lançados ao fogo e queimados. 7 Se permanecerdes em mim, e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será dado. 8 Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos.
Meu irmão, minha irmã!
Jo 15,1-8
Você já viu uma videira? Sabe distinguir onde começa a videira e onde os ramos? Assim como a videira é uma só, tronco e ramos, assim também a nossa união com Cristo. Formamos com Ele um só. Não é uma unidade de justaposição. É uma unidade orgânica: o todo está nas partes e as partes estão no todo.
São Paulo falará dessa unidade de Cristo conosco usando uma outra imagem: a imagem da cabeça e dos membros. Assim é a nossa relação com Cristo. Essa unidade orgânica é o que permite os frutos da salvação.
Voltemos à imagem da videira: a uva é fruto da videira ou dos ramos? É da videira e do ramo! O ramo não pode produzir nada separado da videira. O fruto é produzido pelo ramo, na medida em que faz parte da videira. O fruto revela a vitalidade do ramo. Se o ramo se separa da videira, ele seca e não dá fruto.
Assim somos nós cristãos: só temos a vida cristã na medida em que estamos em comunhão com Cristo. A fonte de nossa vida é Jesus. Sem ele a vida não está em nós e por isso não poderemos realizar ações cristãs.
Procurar outra fonte de vida, que não seja Cristo, é se separar da videira e, por isso, perder a vida. Nós não podemos procurar a vida em outras fontes a não ser Cristo. É evidente que ninguém deve ser cristão contra a própria vontade, mas o procurar uma fonte de vida fora de Cristo significa fazer a opção de se separar pouco a pouco da videira.
Por isso devemos evitar a superstição, o horóscopo, as adivinhações, a comunicação com os mortos, a magia, as amarrações ou desamarrações. Todas essas práticas são formas de pecado contra a fé, que nos separam da videira que é Cristo.
O Espírito Santo nos une a Cristo de tal maneira que formamos com Ele a única videira. Essa é a obra maravilhosa do Espírito Santo recebido na Confirmação: somos um só com Cristo. Sem perder a própria identidade, sem ser absorvido, eu me torno, em união com Cristo e com os irmãos, um só. Assim as obras que faço, são minhas, mas também as de Cristo. As obras de Cristo, são dele, mas são feitas minhas.
O Espírito forma em mim a imagem de Cristo: seus sentimentos são os meus; suas palavras são as minhas; seus pensamentos são os meus; seu amor ao Pai, é meu; seu amor por Maria, é meu!
DOM JÚLIO AKAMINE
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo João – 31Depois que Judas saiu do cenáculo, disse Jesus: “Agora foi glorificado o Filho do homem, e Deus foi glorificado nele. 32Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo e o glorificará logo. 33Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco. 34Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. 35Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”. – Palavra da salvação.
O evangelho que lemos está enquadrado pela última ceia e lava-pés. As palavras de Jesus são ditas imediatamente depois da saída de Judas Iscariotes para a traição. As palavras de Jesus são palavras de despedida, instrução e de testamento.
O gênero testamento está bem arraigado na literatura bíblica e profana da época. Um personagem ilustre, antes de morrer, reúne os filhos e pronuncia as últimas palavras, à maneira de testamento espiritual: veja, por exemplo: Jacó (Gn 49), Moisés (Dt 32-33), Samuel (1Sm 12), Davi (2Sm 23; 1Rs 2), Matatias (1Mc 2,49-70), Tobias (Também 14). Não é de se estranhar de que João coloque na boca de Jesus um testamento espiritual.
O testamento não é um ato puramente jurídico. O testamento de Jesus é primeiramente uma despedida, na qual se ajuntam as lembranças (retomada de tudo que foi vivido e compartilhado) e se cruzam os conselhos. A despedida dá um tom cordial às palavras e um preso acrescido para as instruções (seriedade, gravidade, urgência, definitividade).
O testamento é uma explicação. Vai acontecer algo terrível, dificilíssimo de entender, porque é duro de aceitar. Jesus explica antecipadamente o sentido profundo da morte infamante na cruz. Trata-se, na verdade, de chegar à glória plena e definitiva; de glorificar o Pai.
O testamento é, portanto, uma visão transcendente. Na Cruz Jesus é levantado da terra, exaltado na glória e sobe ao céu.
O testamento espiritual consiste no mandamento novo. Ele não é novo pelo conteúdo, mas pela extensão (inclui todos, até os inimigos e os pobres), pelo motivo (para que sejam reconhecido como discípulos, porque ele nos amou primeiro) e pelo exemplo (como Jesus amou).
Não serve qualquer amor: trata-se do amor de Jesus. Universal, fiel, radical, incondicional, gratuito, eterno.