13 Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e ali perguntou aos discípulos: “Quem dizem as pessoas ser o Filho do Homem?” 14 Eles responderam: “Alguns dizem que és João Batista; outros, Elias; outros ainda, Jeremias ou algum dos profetas”. 15 “E vós”, retomou Jesus, “quem dizeis que eu sou?” 16 Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. 17 Jesus então declarou: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18Por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as forças do Inferno não poderão vencê-la. 19 Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”. 20 Em seguida, recomendou aos discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Cristo.
Meu irmão, minha irmã!
Jo 6,60-69
Há uma lei que governa a nossa relação com Deus: o amor de Deus é gratuito e se antecipa às nossas escolhas ou aos nossos méritos (“fui eu que vos escolhi”). Mas, mesmo sendo eleitos sem nosso merecimento, não podemos ficar inertes e passivos frente à escolha de Deus. A escolha de Deus espera e reclama a nossa acolhida. A lei da vida cristã consiste nisso: dom e responsabilidade.
O Evangelho mostra como, para os apóstolos, chegou o momento de dar a resposta ao chamado de Jesus: “vós também quereis ir embora?” Os discípulos não eram obrigados a permanecer com Jesus e, de fato, muitos abandonaram Jesus. Ficaram os Doze que formarão a Igreja, mas eles não podem mais permanecer como antes, sem compromisso. De agora em diante eles devem ter consciência de que escolheram Jesus para a vida ou para a morte: “Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos firmemente que tu és o Santo de Deus”.
A partir dessa escolha, os discípulos sabem que o coração não é mais livre para todos os afetos. Há afetos que não vêm de Deus, mas do maligno, pois são afetos que desviam de Deus, são amores desordenados que dividem o coração. Uma vez que escolhemos Jesus, o nosso coração não pode mais estar dividido por afetos que não nos conduzam a Deus.
Todos os dias encontramos alguém dos que “se afastaram e não mais andam com Jesus” porque julgam sua palavra muito dura. Por exemplo: acham que a exigência da indissolubilidade matrimonial é muito dura e antiquada; acham que o carregar a cruz não deve ser levado assim tão a sério; julgam que a proibição de não poder servir a Deus e ao dinheiro é resquício “de uma moral católica atrasada”; consideram a exigência da fidelidade (quem olhar com cobiça para uma mulher já cometeu adultério com ela) muito exagerada.
Nossa época cobra de nós um cristianismo consciente e responsavelmente assumido. Nós vivemos em tempo diferente do de nossos pais: não é possível mais viver como cristão por uma tradição herdada. Por isso a interpelação de Jesus é feita a nós: “vós quereis também ir embora”?
Vemos mais do que nunca quão urgente é escolher, decidir-se, posicionar-se de um lado ou de outro, antes que seja tarde demais, antes que sejamos nós postos pelo Senhor à sua esquerda!
Nós já escolhemos Deus no batismo. Essa nossa escolha precisa ser sempre de novo reafirmada nos sacramentos e no testemunho da vida.
DOM JÚLIO ENDI AKAMINE
1ª Leitura: Isaías 66,1-21
Salmo Responsorial 116(117) – Proclamai o evangelho a toda criatura!
2ª Leitura: Hebreus 12,5-7.11-13
Evangelho de Lucas 13,22-30
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 22Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo o caminho para Jerusalém. 23Alguém lhe perguntou: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” Jesus respondeu: 24“Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão. 25Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vós, do lado de fora, começareis a bater, dizendo: ‘Senhor, abre-nos a porta!’ Ele responderá: ‘Não sei de onde sois’. 26Então começareis a dizer: ‘Nós comemos e bebemos diante de ti, e tu ensinaste em nossas praças!’ 27Ele, porém, responderá: ‘Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que praticais a injustiça!’ 28Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac e Jacó, junto com todos os profetas, no reino de Deus e vós, porém, sendo lançados fora. 29Virão homens do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no reino de Deus. 30E assim há últimos que serão primeiros e primeiros que serão últimos”. – Palavra da salvação
Meu irmão, minha irmã!
Lc 13,22-30
O Evangelho de hoje nos dá a impressão de severidade. Jesus não responde à pergunta: Senhor, é verdade que são poucos o que se salvam?
Jesus não responde à essa pergunta. Ele não diz se são poucos ou se muitos, mas exorta: “Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita”. Por que Jesus não responde? Por uma preocupação de amor. Quem lhe pergunta se os que se salvam são poucos se coloca em um plano teórico de explicação, e Jesus não quer deixá-lo nessa atitude de quem não se esforça e se contenta em observar de longe. A pergunta: são poucos? manifesta a tentação de quem se sente autossuficiente e vê os outros como pecadores.
Jesus quer pôr os seus ouvintes em movimento para que entrem no amor de Deus. Em vez de ficar perguntando se serão poucos ou muitos que se salvam, é preciso que cada um se esforce em entrar no plano de Deus, em corresponder ao amor de Deus. Se assim fizermos, serão muitos os que se salvam.
Este é o desejo de Jesus. Não lhe interessa passar a informação sobre o número dos que se salvam, mas o de formar para a salvação.
São poucos os que se salvam? Se Jesus tivesse respondido: São muitos! Nós nos sentiríamos tranquilos. “Se são muitos, então não precisamos nos esforçar tanto”! Se Jesus tivesse respondido: são poucos! poderíamos ficar bloqueados: “Se são poucos, eu com certeza não sou um deles”, e assim perderíamos a esperança e a confiança.
Jesus não quer nem uma nem outra atitude. Estas duas atitudes são os pecados da nossa vida cristã: a presunção da salvação e o desespero da salvação. Qual é o remédio? Humildade e confiança em Deus.
Jesus deseja o nosso envolvimento pessoal. “Fazei todo o esforço para entrar”. Esse é a exortação de amor de Jesus.
Jesus usa também de palavras severas para nos advertir. Se ele adverte é porque nos ama e porque não quer que aconteça conosco o que ele ameaça.
A presunção da salvação nos exclui da salvação. Como eu sei que eu vou me salvar? Quais são os sinais de que vou me salvar? O evangelho nos põe diante de uma possibilidade terrível no julgamento final.
DOM JÚLIO ENDI AKAMINE