A leitura de Ezequiel nos mostra Deus amoroso que deseja ver seus filhos unidos. Ele promete trazer de volta os filhos do exílio e reunir os que estão dispersos. Ele agirá como o pastor que recolhe as suas ovelhas. Assim Deus age em conosco. Ele deseja que vivamos como irmãos, unidos no amor e em harmonia de coração. Ele está sempre disposto a nos resgatar do pecado, a nos trazer de volta dos caminhos errados que trilhamos.
É exatamente isso o que temos ouvido ao longo de toda esta quaresma: a proclamação de Deus que nos ama tanto que nos oferece o seu próprio Filho amado para nos trazer de volta do pecado e da morte. “Eu os libertarei de todo o pecado que cometeram em sua infidelidade, e os purificarei. Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus”.
O modo concreto de Deus realizar essa unidade do seu povo está na unidade de todos em Cristo. Ezequiel anuncia um novo Davi que reinará sobre todo o novo povo de Deus: “Meu servo Davi reinará sobre eles, e haverá para todos eles um único pastor”.
A leitura de Ezequiel não deixa dúvidas: Deus deseja a unidade das pessoas, a paz entre elas. A guerra, a discórdia e a divisão contrariam o desígnio de Deus. Toda a história da salvação nos mostra como Deus salva a humanidade reconstruindo a unidade. A salvação de Deus não é possível sem a paz entre os seus filhos. Por isso, seu plano de salvação consiste em nos enviar o seu filho como único pastor do povo da aliança.
Jo 11,45-56
“Jesus iria morrer pela nação. E não só pela nação, mas também para reunir os filhos de Deus dispersos”.
Para reunir os filhos de Deus dispersos há duas políticas. Tem a política de Caifás que se preocupa com o sucesso de Jesus e que quer matá-lo. De fato, Jesus é um perigo para a estabilidade política injusta dos inimigos de Jesus. Se deixamos que ele continue assim, todos vão acreditar nele, e virão os romanos e destruirão o nosso Lugar Santo e a nossa nação.
Os inimigos de Jesus pensam no bem do povo, mas a violência contra uma pessoa inocente será a causa de destruição que eles queriam evitar. O fim é bom, mas o meio é injusto. Os fins nunca justificam os meios. Infelizmente é essa política pragmática que parece imperar em nosso tempo! É pensando no bem do povo, que se cometem as injustiças mais graves. Exemplo disso não faltam. Para aliviar o sofrimento dos doentes e idosos e dos familiares, alguns defendem o direito de abreviar a vida pela eutanásia. Para combater os abortos clandestinos, afirmam que é necessário legalizar o aborto, porque assim eles podem ser feitos com mais segurança. Para superar o sofrimento das pessoas com tendências homossexuais pensa-se em romper a ligação entre a sexualidade e o sexo biológico.
Graças a Deus, há uma outra política! É a política de Deus, aquela que Caifás profere sem ter consciência disso: é melhor um só morrer pelo povo do que perecer a nação inteira!
Deus reúne na unidade enviando o seu Filho para que Ele dê a vida por nós. Estamos dispersos e desunidos! Não só entre nós mesmos, mas também com Deus e conosco mesmos. E Deus nos envia o seu Filho, seu Filho amado, para restabelecer a unidade. Jesus morreu e ressuscitou para isso! Para que sejamos reconciliados com Deus e com os outros. Deus não é o tirano que nos castiga. Deus é o Pai! O outro não é meu inimigo, é meu irmão.
Essa política de Deus consiste em dar a própria vida para restabelecer a unidade, para fazer as pazes entre Deus e o homens, e entre as pessoas. Somente quando somos capazes de dar a vida e não de tirar a vida, será possível a unidade.
Jesus já realizou essa unidade pela sua morte e ressurreição! Possamos também nós experimentar essa unidade que brota da doação da vida.