SÁBADO DA 13ª SEMANA COMUM
Primeira Leitura: Gênesis 27,1-5.15-29
Salmo Responsorial 134(135)R- Louvai o Senhor, porque é bom!
Evangelho: Mateus 9,14-17
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 14os discípulos de João aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?” 15Disse-lhes Jesus: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão. 16Ninguém coloca remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo repuxa a roupa e o rasgão fica maior ainda. 17Também não se coloca vinho novo em odres velhos, senão os odres se arrebentam, o vinho se derrama e os odres se perdem. Mas vinho novo se coloca em odres novos, e assim os dois se conservam”. – Palavra da salvação
Na Bíblia não encontramos somente relatos edificantes em que os personagens são exemplares em sua conduta. De fato, a Bíblia nos revela o desígnio de Deus, sua vontade salvadora e sua misericórdia que se estende de geração em geração. Ao realizar a salvação, Deus não é impedido pelos erros e pecados humanos. Não é que Deus “escreva certo por linhas tortas”. O plano salvador de Deus se realiza na história apesar de todas as suas linhas tortas.
O episódio descrito pela leitura e um exemplo desse desígnio salvador que avança mesmo em meio a muitos erros.
Diferente de Abraão, Jacó não é uma figura muito edificante. Muito diferente da história de Abraão, na história de Jacó a Bíblia descreve o outro lado do povo da aliança. A história da salvação é feita da humanidade real, que tem sombras e luzes.
Isaac é um personagem apagado, que fica meio perdido entre duas grandes personalidades que são Abraão e Jacó. Ele mais parece uma ponte, uma passagem entre Abraão e Jacó, mas ele mesmo aparentemente só tem a função de contribuir para o retrato completo do pai e do seu filho.
Isaac foi tomado de um grande desejo de comer um guisado de caça e, para isso, quer encarregar o seu primogênito Esaú. Jacó se aproveita da cegueira do pai e do guisado preparado pela sua mãe para enganar o pai Isaac e obtém dele a benção. Esaú chega atrasado com seu guisado e não pôde anular a benção que lhe foi roubada e recebe apenas uma pequena bênção.
Nenhuma das pessoas envolvidas nesse relato aparece com traços gloriosos. O resultado desse roubo é a destruição da harmonia familiar, exatamente o contrário do que deveria estar na base da formação do povo de Deus. Nenhum dos irmãos se comporta como Abraão, ou seja, não se predispõe a receber o dom transcendente como graça, mas desejam conquistar a benção divina por sua própria conta, até mesmo por meio do engano e da trapaça.
O relato deixa claro o aspecto trágico desse “pecado original” do roubo da bênção: o primogênito é privado de seus bens; a família é destruída; a mentira e a impiedade dominam os comportamentos; a bênção paterna é compreendida de maneira supersticiosa.
Este relato precisa ser interpretado numa perspectiva de fé. A salvação – e, por isso, também a bênção – é sempre um dom, surpreendente e imerecido. Não pode ser conquistado. O relato desse episódio do roubo da bênção está na Bíblia exatamente para nos ensinar o que não devemos fazer. Nesse sentido, Jacó é portador da bênção divina para todos os povos, não porque dela se apossou, mas porque ela lhe foi concedida apesar de todas as intrigas perpetradas por ele.