Hb 4,12-16
Jesus alia duas realidades que para nós parecem incompatíveis: a autoridade e a misericórdia. A autoridade de Jesus é suprema: Ele é “o sumo sacerdote eminente, que entrou no céu”, a sua palavra é “viva e eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes”. Jesus é a Palavra que “julga os pensamentos e as intenções do coração. E não há criatura que possa ocultar-se diante dela. Tudo está nu e descoberto aos seus olhos, e é à sua Palavra que devemos prestar contas.”
Essa suprema autoridade não torna Jesus duro e impiedoso conosco. Nosso sumo sacerdote é misericordioso. Com efeito, “temos um sumo-sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado”. De fato, Jesus acolheu os pecadores, tomou refeição com eles, com uma intimidade que provocou as críticas dos fariseus e dos doutores da lei. Jesus pôs a sua autoridade a serviço dos pecadores. Ele respondeu aos que o criticavam: “Não são os que tem saúde que precisam do médico, mas os pecadores”. Os fariseus não recorriam à misericórdia de Jesus porque não sentiam essa necessidade; ao contrário, se julgavam justos e desprezavam os outros.
Não tenhamos essa atitude de soberba! Nós conhecemos a autoridade suprema e a imensa misericórdia de nosso sumo sacerdote. “Aproximemo-nos, então, com toda a confiança, do trono da graça, para conseguirmos misericórdia e alcançarmos a graça de um auxílio no momento oportuno”.
Jesus é tão misericordioso que nos deu a sua própria mãe para ser o “Refúgio dos pecadores”, a “Consoladora dos aflitos”, a “Mãe da misericórdia”. Ela nos ajuda, revelando Deus, que resiste aos soberbos e dá a graça aos humildes. Recebamos com alegria, humildade e confiança a misericórdia de Jesus.
ANOS PARES
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
Leitura: 1 Samuel 9,1-4.17;10,1a
Salmo 20(21) R- Ó Senhor, em vossa força o rei se alegra
Evangelho de Marcos 2,13-17
Naquele tempo: 13Jesus saiu de novo para a beira do mar. Toda a multidão ia ao seu encontro e Jesus os ensinava. 14Enquanto passava, Jesus viu Levi, o filho de Alfeu, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: 'Segue-me!' Levi se levantou e o seguiu. 15E aconteceu que, estando à mesa na casa de Levi, muitos cobradores de impostos e pecadores também estavam à mesa com Jesus e seus discípulos. Com efeito, eram muitos os que o seguiam. 16Alguns doutores da Lei, que eram fariseus, viram que Jesus estava comendo com pecadores e cobradores de impostos. Então eles perguntaram aos discípulos: 'Por que ele come com os cobradores de impostos e pecadores?' 17Tendo ouvido, Jesus respondeu-lhes: 'Não são as pessoas sadias que precisam de médico, mas as doentes. Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores.' Palavra da Salvação.
Meu irmão, minha irmã!
Marcos 2,13-17
O evangelho de hoje nos mostra a diferença que há entre Jesus e os fariseu no modo de entender a religião. Os fariseus querem a separação entre os justos e os pecadores. É evidente que há uma diferença entre a santidade e o pecado. O problema dos fariseus está na mentalidade de se considerarem justos e, por isso, separados dos pecadores. O que é condenável nos fariseus não se encontra no plano da moral, mas no comportamento moralista de se julgar justo e de desprezar os outros.
É por isso que Jesus responde: “Não são as pessoas sadias que precisam de médico, mas as doentes. Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores”. Jesus não aprova o pecado e quer a salvação do pecador. Mas a graça de Cristo não pode salvar aquele que pensa bastar-se a si mesmo, aquele que confia na própria justiça. Esse é o mesmo absurdo do doente que não quer ser tratado pelo médico, que esconde para si mesmo e para o médico a sua enfermidade.
Muitas vezes nos comportamos com o Senhor da mesma forma absurda e farisaica: os outros são pecadores, nós não! Os outros não praticam a religião, nós somos praticantes! Nós nos esquecemos de que nós não somos justificados pelos nossos méritos, mas somos justificados gratuitamente por Cristo. Sempre que nos consideramos justos e os outros pecadores, nos excluímos da ação salvadora de Cristo não veio para chamar justos, mas sim pecadores.
1 Samuel 9,1-4.17;10,1a
Nesta leitura ouvimos o episódio da unção de Saul. Saul era o mais belo entre os israelitas e foi o primeiro chefe ungido por Deus. Em grego, Saul foi o primeiro “cristo”. Em hebraico, Saul é o primeiro “messias”. Com Saul começa a se delinear a promessa de Deus de enviar o Cristo, o Messias, o Ungido do Senhor.
Davi também será ungido com óleo. Mesmo que Saul tenha tentado matar, Davi sempre o respeitou exatamente porque era o messias-ungido do Senhor.
A unção de Saul, de Davi e de tantos outros que se sucederam no trono de Israel sempre indicava uma espécie de transformação do homem que Deus tinha eleito. Mas essa unção não tirava magicamente as limitações e as misérias morais dos ungidos. Além disso, a unção era incomunicável. Saul, por exemplo, não podia ungir outros. Também Davi não ungiu Salomão, mesmo que o tenha escolhido para o suceder no trono.
Nós sabemos que todos esses ungidos foram na verdade uma preparação para o verdadeiro ungido, Cristo-Messias, que é Jesus. Unção de Cristo, no entanto, nos é comunicada. Jesus nos comunica a sua dignidade real e por isso somos chamados de cristãos. Agradeçamos a unção de Jesus que é o próprio Espírito Santo.
DOM JULIO ENDI AKAMINE