Hb 10,1-18
Há uma frase muito densa de significado e, por isso, difícil de ser bem entendida e muito mais de ser explicada. “Por esta única oblação, levou à perfeição definitiva os que são por ele santificados” (14). Prestemos atenção ao verbo deste versículo “levou à perfeição definitiva”. Essa expressão foi usada nos versículos anteriores aplicada a Cristo: Cristo. o nosso Sumo Sacerdote, foi levado à perfeição definitiva. Esse verbo “ser levado à perfeição definitiva” é aplicado agora em referência aos cristãos.
Leiamos juntos 2,10: “Deus quis conduzir muitos filhos à glória. Por isso, por meio de sofrimentos, Deus levou à perfeição aquele que iniciou a salvação deles”.
Em 5,9, Paulo, depois de descrever os sofrimentos de Cristo, conclui: “Assim, tornado perfeito, Cristo se tornou causa da salvação eterna para todos os que lhe obedecem. De fato, ele foi por Deus proclamado sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedec”.
O mistério de Cristo é o mistério de um homem que foi levado à perfeição por meio dos sofrimentos. Parece estranho que alguém se aperfeiçoe pelos sofrimentos. Nós nos aperfeiçoamos por meio do estudo, do treino, da exercitação, do trabalho, etc. Mas o sofrimento não parece ser um meio adequado para chegar à perfeição. O sofrimento desumaniza, destrói a pessoa e os seus familiares, rouba a alegria e a felicidade.
Precisamos, porém, entender que “levar à perfeição” na Bíblia tem um sentido sacerdotal. No AT “tornar perfeito” é usado para significar a consagração sacerdotal. O sacerdote do AT é “levado à perfeição”, ou seja, é consagrado a fim de que possa oferecer sacrifícios a Deus.
O que Paulo deseja dizer é isso: Cristo ofereceu o sacrifício de si mesmo, ou seja, sofreu. Por esse sacrifício da cruz, Cristo foi levado à perfeição definitiva: Ele se tornou o sumo sacerdote absolutamente perfeito.
Essa consagração sacerdotal de Cristo pelo sacrifício da cruz vale não somente para ele próprio, mas vale também para nós. Cristo recebe a consagração sacerdotal e, ao mesmo tempo, nos comunica tal consagração. É o que ouvimos no v. 14: “Por esta única oblação, levou à perfeição definitiva os que são por ele santificados”.
Em outras palavras, Cristo com o sacrifício de si mesmo na cruz nos tornou capazes de nos apresentar a Deus em uma ação sacerdotal de oferta. Podemos nos aproximar de Deus com plena confiança, podemos entrar no santuário graças ao sacrifício da cruz.
É isso o que acontece em cada missa: somos consagrados, levado à perfeição definitiva para entrar no santuário, para nos aproximar do trono da graça de Deus.
Somos realmente consagrados a Deus e, por isso, podemos oferecer o sacrifício. Essa consagração, porém, é somente o início e exige que nós progridamos nessa perfeição. “Por esta única oblação, levou à perfeição definitiva os que são por ele santificados”.
Recebemos a santificação todos os dias e a cada missa celebrada. Essa santidade deve crescer em nós, na nossa vida e no nosso cotidiano. Somos o povo sacerdotal, ou seja, não há barreiras ou impedimentos entre nós e o Pai celeste. Essa nossa condição sacerdotal em vez de nos levar ao orgulho, nos faz ainda mais humildes, sabendo que a nossa consagração sacerdotal é dom e deve ser sempre recebida como tal.
A parábola da semente resume todo o ministério de Jesus. A partir desta parábola é possível dar todas as respostas sobre a missão de Jesus. Qual é a missão de Jesus? Por que nem todos o acolhem? Quais são os obstáculos do evangelho? O que fazer para corresponder ao evangelho?
A missão de Jesus é, essencialmente, um anúncio, uma proclamação da boa notícia da vinda do reino. Por sua natureza, a notícia da vinda do reino só é boa quando é acolhida. O reino não é imposto, mas permanece uma proposta humilde, que solicita a nossa liberdade. Como a semente lançada por terra, assim é a palavra de Jesus: pede o acolhimento, pede para ser recebida no fundo do coração.
Se a semente da palavra não for acolhida, ela não resistirá aos pássaros esfomeados ou ao calor escaldante do meio dia ou aos espinhos que a sufocam.
A palavra de Jesus, que é Jesus, precisa e merece a nossa terra boa. Somente a nossa melhor terra é adequada para receber a palavra. Uma vez fecundada pela palavra, ela produzirá a abundância do cêntuplo.
DOM JULIO ENDI AKAMINE
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
Leitura: 2 Samuel 7,4-17
Salmo 88(89) RP – Guardarei eternamente para ele a minha graça
Evangelho de Marcos 4,1-20
Naquele tempo: 1Jesus começou a ensinar de novo às margens do mar da Galiléia. Uma multidão muito grande se reuniu em volta dele, de modo que Jesus entrou numa barca e se sentou, enquanto a multidão permanecia junto às margens, na praia. 2Jesus ensinava-lhes muitas coisas em parábolas. E, em seu ensinamento, dizia-lhes: 3'Escutai! O semeador saiu a semear. 4Enquanto semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho; vieram os pássaros e a comeram. 5Outra parte caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; brotou logo, porque a terra não era profunda, 6mas, quando saiu o sol, ela foi queimada; e, como não tinha raiz, secou. 7Outra parte caiu no meio dos espinhos; os espinhos cresceram, a sufocaram, e ela não deu fruto. 8Outra parte caiu em terra boa e deu fruto, que foi crescendo e aumentando, chegando a render trinta, sessenta e até cem por um.' 9E Jesus dizia: 'Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.' 10Quando ficou sozinho, os que estavam com ele, junto com os Doze, perguntaram sobre as parábolas. 11Jesus lhes disse: 'A vós, foi dado o mistério do Reino de Deus; para os que estão fora, tudo acontece em parábolas, 12para que olhem mas não enxerguem, escutem mas não compreendam, para que não se convertam e não sejam perdoados.' 13E lhes disse: 'Vós não compreendeis esta parábola? Então, como compreendereis todas as outras parábolas? 14O semeador semeia a Palavra. 15Os que estão à beira do caminho são aqueles nos quais a Palavra foi semeada; logo que a escutam, chega Satanás e tira a Palavra que neles foi semeada. 16Do mesmo modo, os que receberam a semente em terreno pedregoso, são aqueles que ouvem a Palavra e logo a recebem com alegria, 17mas não têm raiz em si mesmos, são inconstantes; quando chega uma tribulação ou perseguição, por causa da Palavra, logo desistem. 18Outros recebem a semente entre os espinhos: são aqueles que ouvem a Palavra; 19mas quando surgem as preocupações do mundo, a ilusão da riqueza e todos os outros desejos, sufocam a Palavra, e ela não produz fruto. 20Por fim, aqueles que recebem a semente em terreno bom, são os que ouvem a Palavra, a recebem e dão fruto; um dá trinta, outro sessenta e outro cem por um.' Palavra da Salvação.
Meu irmão, minha irmã!
Mc 4,1-20
A parábola da semente resume todo o ministério de Jesus. Partindo dessa parábola é possível dar todas as respostas sobre a missão de Jesus: qual é a missão de Jesus? Por que nem todos o acolhem? Quais são os obstáculos do evangelho? O que fazer para corresponder ao Evangelho?
A missão de Jesus é essencialmente um anúncio, uma proclamação da Boa notícia da vinda do Reino. Por sua natureza a notícia da vinda do Reino só é boa quando é acolhida. O Reino não é imposto, mas permanece uma proposta humilde que solicita a nossa liberdade. É como a semente lançada por terra. Assim a palavra de Jesus pede o acolhimento, pede para ser recebida no fundo do coração. Se a semente da Palavra não for acolhida, ela não resistirá aos pássaros esfomeados, ou ao calor escaldante do meio dia, ou aos espinhos que sufocam. A Palavra de Jesus (que é Jesus) precisa e merece a nossa terra boa. Somente a nossa melhor terra é adequada para receber a Palavra. Uma vez fecundada pela Palavra, ela produzirá a abundância do cêntuplo.
DOM JULIO ENDI AKAMINE